Por Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com – O Ibovespa opera com descontos exagerados, afirma o Banco Inter (SA:BIDI11). Essas duas primeiras semanas do ano foram voláteis, com o cenário internacional favorecendo o índice, enquanto o nacional pesava nos ânimos.
Ainda assim, o Inter considera que o risco brasileiro já está precificado, o que traz um otimismo cauteloso para o índice. A expectativa do banco é que o Ibovespa chegue a 125 mil pontos no fim do ano, patamar abaixo da máxima de 2021 de 130.776 pontos.
O mau humor que domina o mercado brasileiro desde meados do ano passado refletiu no índice na primeira semana de 2022, que acumulou uma queda de 2%, enquanto as bolsas internacionais renovaram recordes.
Porém, com o reconhecimento do Federal Reserve sobre a gravidade das pressões inflacionárias e a sinalização de um aumento de juros ainda neste semestre, o Ibovespa conseguiu reverter o movimento e recuperar a queda inicial.
O Inter aponta que há um correlação positiva entre o retorno da primeira semana e o desempenho do índice ao longo do ano. Ou seja, com base em dados compilados desde 1997, em 20% das vezes, o Ibovespa teve um resultado anual negativo após uma primeira semana de queda. Na média, o retorno da primeira semana foi de -3,15%, enquanto no ano, a queda média foi de 20%.
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Porém, em 12% das vezes, o Ibovespa ignorou a tendência de queda da semana inicial e fechou em campo positivo. Nesses casos, o retorno médio das semanas foi de -5,6%, enquanto a rentabilidade anual foi superior a 35%. Por outro lado, em quase 20% das vezes, o índice iniciou a semana em alta, mas encerrou o ano negativo.
2022: um ano eleitoral atípico
Aprofundando os dados para anos eleitorais, o Ibovespa teve queda na primeira semana do ano em apenas dois dos seis anos de disputas presidenciais: em 1998 e 2014, anos de reeleição de Fernando Henrique Cardoso e Dilma Rousseff, respectivamente. Em ambos os anos o índice local também teve desempenho negativo.
Mesmo com esses dados históricos, o Inter destaca que 2022 foi iniciado sob a influência da pandemia do coronavírus, algo que até então nunca foi vivenciado em ano eleitoral. Também há um cenário de juros mais baixos em escala global e efeitos adversos de alta de preços de insumos que levaram a pressões inflacionárias em todo o mundo.
Com isso, 2022 inicia um ciclo contracionista, com elevação de juros e, em teoria, migração de recursos para ativos de renda fixa e mercados mais desenvolvidos.
