Mercado de trabalho

Caged aponta mercado aquecido, mas ritmo de criação de novas vagas deve desacelerar

Relatórios da XP e BTG Pactual apontam que cenário econômico irá frear criação de novas vagas em 2022

- Marcello Casal Jr/Agência Brasil
- Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Divulgados nesta segunda-feira (31) pelo Caged, os dados de emprego estão sendo digeridos no país. Apesar dos dados positivos em relação à criação de novas vagas, especialistas apontam que o contexto econômico trará uma desaceleração neste ritmo durante 2022.

O BTG Pactual pontuou em relatório que, de forma geral, o resultado ainda mostra um mercado de trabalho aquecido, mas que começa a apresentar uma diminuição de ritmo na margem. Além disso, com a queda da confiança para o mês de janeiro, o banco entende que os resultados devem apresentar maior desaceleração no início de 2022.

Em dezembro, houve redução de 266 mil empregos líquidos, abaixo das expectativas do banco e do consenso de mercado que apontavam para redução de 154 mil e 174 mil, respectivamente. No mês de dezembro, os dados costumam apresentar queda devido à sazonalidade. Em dezembro de 2018 e dezembro de 2019, por exemplo, o saldo de emprego foi de -334 mil e -307 mil, respectivamente.

Dessa forma, o saldo líquido de -266 mil em dezembro de 2021 ainda sugere uma dinâmica melhor do que a apresentada no pré-pandemia, avalia o documento. 

Com a geração de 2,73 milhões de empregos formais, o ritmo é bastante forte quando comparado com outros momentos pós-crise. Apesar disso, em 2022, os fundamentos da economia sugerem uma desaceleração para a atividade econômica, diz o BTG Pactual.

"De fato, as concessões de crédito já começaram a apresentar queda e os dados de confiança vieram com redução expressiva em janeiro. Por fim, a trajetória de aumento da taxa de juros irá continuar pressionando negativamente a demanda agregada, trazendo desafios adicionais para o mercado de trabalho", diz a análise.

As demissões devem continuar sendo pressionadas nos próximos meses. De fato, entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 é esperada uma redução de 1,28 milhão de vínculos de trabalho em garantia provisória associados ao programa do governo federal para manutenção do emprego (BEm), com os últimos vínculos se encerrando em abril deste ano.

BEm e projeções

Em relatório, o economista da XP, Rodolfo Margato, também ressalta os impactos do BEm no mercado de trabalho e fala em desaceleração. 

"Acreditamos que o emprego formal continuará a subir ao longo de 2022, ainda que a um ritmo mais moderado. A dissipação dos benefícios do programa BEm e o arrefecimento contínuo das admissões devido ao enfraquecimento da demanda doméstica são as principais razões por trás desse cenário", explica o economista.

Assim, o documento fala na criação líquida de 950 mil empregos formais em 2022 (média ao redor de 100 mil no primeiro semestre e 60 mil no segundo semestre). Conforme a previsão, o PIB total ficará estável (0%) em 2022, após crescer 4,4% em 2021, segundo nossas projeções.