Como as taxas de juros influenciam no fluxo de capitais
01 agosto 2019 - 22h06Por Laís Martins
No final de julho de 2019, o Fomc (Federal Open Market Committee), nos EUA, e o Copom (Comitê de Política Monetária), no Brasil, anunciaram mudanças nas taxas de juros como proposta de mudança em suas políticas monetárias. Naquele país, houve corte de 0,25% na taxa básica de juros e, por aqui, o Banco Central do Brasil (Bacen) reduziu a Selic em 0,50%. Assim, cotada a 6,0%.Logo depois, em setembro do mesmo ano, o Federal Reserve (Fed) anunciou novos cortes. A taxa básica que passou para um intervalo de 2,00%-2,25% com os cortes, foi reduzida, mais uma vez, em 0,25%, passando para a faixa de 1,75%-2,00%. Mais tarde, no dia 30 de outubro, o Fed cortou mais 0,25 p.p da taxa de juros. O intervalo ficou estabelecido em 1,5% e 1,75%.Ainda em outubro, no Brasil No final da tarde, o Copom reduziu a Selic de 5,5% para 5% ao ano – a menor desde 1999, quando começou o regime de metas de inflação.No mês seguinte, novas reuniões ocorreram nos dois órgãos. Contudo, nos EUA as taxas de juros se mantiveram inalteradas.Com tantas mudanças no cenário dos juros, surgiu a dúvida:
Por que houve tanta expectativa do mercado em torno dessas mudanças?
O sócio da Ipê Investimentos Sérgio Brito apontou que as taxas básicas de juros das principais economias do mundo podem influenciar o fluxo de capital no mercado financeiro e também permitem que empresas se desenvolvam nos países.“Quando há redução nas taxas básicas de juros, alguns mercados ficam mais atrativos em relação a outros e, assim, surge o fluxo de capitais. Quando os juros caem, o crédito também fica mais barato, ou seja, as empresas começam a tomar mais empréstimos por um menor valor, entregam mais dividendos, se desenvolvem e atraem mais capital”, explicou.Na visão do sócio da Ipê, o investidor de longo prazo deve acompanhar o fluxo de capital ao mercado de ações. Segundo ele, esse tipo de investidor acredita na valorização das empresas e na geração de caixa em uma margem grande de anos e, “por isso, em um cenário com o corte de juros no Brasil, o investidor de longo prazo deve aumentar a exposição e aplicar na renda variável para obter melhores resultados em sua carteira”, aconselha.Quando há corte em dois países fortes economicamente, como ocorreu em julho entre Brasil e Estados Unidos, Brito acredita que um dos países ainda permanece mais atrativo que o outro. “Na minha experiência, vejo que, com o corte em dois países, aquele que tiver um corte maior vai atrair o capital estrangeiro. Entretanto, com menor intensidade do que o esperado. Com o corte da Selic, por exemplo, o mercado brasileiro teve maior movimentação. Isso porque os investimentos de renda fixa passaram a render menos que os investimentos de renda variável. E, como sabemos, o que o investidor procura é a rentabilidade alta”, finalizou.