Cultura e Entretenimento

"Emilia Pérez" estreia no Brasil em meio a polêmicas e crises internas

Musical francês lidera indicações ao Oscar 2025, mas enfrenta críticas severas

Emilia Pérez estreia no Brasil
Diante polêmicas, Emilia Pérez chega aos cinemas brasileiros | Divulgação

Nesta quinta-feira (6), “Emilia Pérez” estrei no Brasil, carregando um dos maiores contrastes da história recente do cinema.

O musical francês dirigido por Jacques Audiard conquistou o Festival de Cannes e recebeu 13 indicações ao Oscar 2025, mas, desde então, viu sua trajetória ser marcada por polêmicas, acusações e uma crise interna que culminou no afastamento de sua protagonista, Karla Sofía Gascón.

O auge: Cannes e Globo de Ouro

Em primeiro lugar, a primeira exibição de “Emilia Pérez” no Festival de Cannes, em maio de 2024, foi recebida com aplausos e entusiasmo.

A crítica elogiou a atuação do elenco, especialmente a de Gascón, que interpreta uma traficante mexicana trans em processo de redesignação de gênero.

O longa saiu do evento com dois prêmios importantes: o do júri e o de melhor atuação feminina, concedido coletivamente a Gascón, Zoe Saldaña, Selena Gomez e Adriana Paz.

A consagração parecia garantida. O filme ganhou ainda mais força no Globo de Ouro 2025, tornando-se o maior vencedor da premiação, incluindo as categorias de Melhor Comédia ou Musical e Melhor Filme em Língua Não Inglesa.

Esse sucesso fez com que a Netflix adquirisse os direitos de distribuição nos Estados Unidos e no Reino Unido, impulsionando a campanha para o Oscar.

Críticas crescentes a ”Emilia Pérez” e rivalidade brasileira

Em segundo lugar, se inicialmente “Emilia Pérez” parecia imbatível, o Globo de Ouro também marcou o início das críticas massivas. No México, espectadores e especialistas apontaram problemas na abordagem da transição de gênero e na representação do país.

A ausência de atores mexicanos no elenco, erros em traduções e estereótipos reforçados foram algumas das reclamações que rapidamente ganharam repercussão nas redes sociais.

Além disso, o Brasil passou a ver o filme como o principal rival de “Ainda Estou Aqui” na categoria de Melhor Filme Internacional, elevando o debate. As torcidas intensificaram o embate, e as polêmicas envolvendo Gascón contaminaram a recepção ao longa.

A presença de Gascón e Audiard no Brasil parecia uma tentativa de reverter a imagem negativa.

Em novas declarações, Gascón sugeriu que pessoas ligadas ao meio artístico de Torres estariam criticando “Emilia Pérez” e sua atuação.

A fala gerou enorme repercussão, chegando a Hollywood e levantando dúvidas sobre a continuidade de sua campanha para o Oscar. O desgaste foi imediato e minou parte da simpatia que ela havia conquistado.

O escândalo dos tweets e o afastamento

Quando a crise parecia contornável, uma nova revelação jogou Gascón ainda mais no centro da controvérsia.

Tuítes antigos da atriz contendo declarações racistas e xenofóbicas contra muçulmanos e até contra George Floyd vieram a tona. As postagens rapidamente viralizaram, e analistas do entretenimento passaram a considerar sua derrota no Oscar como certa.

O impacto foi tão grande que a Netflix optou por se afastar da atriz, deixando de cobrir suas despesas para eventos de divulgação.

Gascón tentou se retratar, mas suas desculpas foram mal recebidas. Entre justificativas evasivas e tentativas de se posicionar como vítima, a atriz apenas piorou sua situação.

O ápice da crise veio nesta quarta-feira (5), quando o diretor Jacques Audiard rompeu publicamente com Gascón.

Por fim, em entrevista ao Deadline, ele afirmou que não queria mais contato com a atriz, que ela estava “prejudicando a equipe” e que suas declarações passadas eram “odiosas”.

Sair da versão mobile