quinta, 28 de março de 2024
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Dia das crianças: como investir pensando nos filhos?

11 outubro 2020 - 18h00Por Carolina Unzelte

42% vão comprar presentes para seus filhos neste Dia das Crianças, segundo levantamento da Social Miner, empresa de dados de comportamento do consumidor online. E qual é o melhor presente para essa data? A maioria responde brinquedos ou passeios, mas pensar numa carteira de investimentos para seus filhos pode render comemorações para muitos anos. 

Mas, antes disso, é preciso organizar a vida financeira familiar como um todo. Os planos de longo prazo, como o pagamento da faculdade ou o carro de presente aos 18 anos, podem ser ameaçados se o dinheiro para a escola faltar ou a reserva de emergência falhar. “As despesas correntes devem estar claras e resolvidas”, diz Carlos Eduardo Pinheiro Côrrea, head de produtos da Speed Invest. “Depois disso, aí é hora de montar a reserva e pensar num horizonte maior”. 

Para os gastos mensais, como alimentação e educação das crianças, o ideal é procurar uma aplicação de liquidez diária. Agora, opções como Tesouro Direto e outras de renda fixa rendem pouco, com as mínimas da Selic, mas têm um papel importante para o cotidiano. “Para isso, é bacana compor a carteira de renda fixa com taxas mais interessantes, atreladas à inflação”, recomenda Daniel Herrera, da Toro Investimentos. 

Tempo para crescer

 “Fazer planos baseados em filhos dá uma noção de tempo mais tangível”, conta Sandra Blanco, estrategista-chefe da Órama. Aliado nos investimentos, o passar dos anos para multiplicação do patrimônio também pode coincidir com o crescimento das crianças. Se você ainda é pai de bebê, saiba que não é cedo demais para começar a pensar no intercâmbio no final da adolescência.

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Opções para o longo prazo são muitas, o que pede uma carteira diversificada e balanceada e que esteja de acordo com o perfil de risco da família, afirma Mario Kepler, da Portofino Investimentos. “Nesse caso, podemos usar o tempo e a volatilidade a nosso favor”, explica. “Equilibrando tempo e risco para investir em ações, investimentos alternativos, fundos imobiliários e mais”. 

 “Aí também entram seus planos pessoais”, lembra Márcia Guerra, gerente de investimentos da cooperativa Sicredi Vale do Piquiri Abcd PR/SP. “A ideia do casal de trocar de carro, por exemplo, tem de ser posta na ponta do lápis”.

Um dos produtos financeiros queridinhos para poupar e aplicar para as crianças é o fundo de previdência. Antes vilão, por ser associado com altas taxas de carregamento, há produtos no mercado hoje que atendem bem às necessidades de pais e filhos, indica Sandra Blanco.

“Ele tem o mecanismo que o brasileiro prefere, o débito em conta, que ajuda na nossa disciplina”, diz. Além disso, a previdência pode ser uma boa opção para o longo prazo, considerando o regime tributário regressivo: a partir de 10 anos de aplicação, os impostos são de 10% sobre os lucros. 

Investir com foco no longo prazo ainda dá a oportunidade de revisar objetivos (afinal, e se a meta agora é pagar um curso para ainda no ensino médio?) e melhores ferramentas para atingi-los. Para Márcia Guerra, isso deve ser feito a cada três meses: “e não deixe para o gerente ou outro encarregado olhar, faça você mesmo”, recomenda. Assim, a família pode não apenas aproveitar distorções e encontrar boas janelas de entrada, mas adequar a carteira a novas realidades.

A melhor herança

Menores de idade podem ter sua própria conta em corretora, por exemplo, e irem assumindo aos poucos o portfólio montado pelos pais. O ponto de atenção nessa escolha fica por conta tributação, como explica Côrrea, da Speed Invest. “Caso o filho não seja mais dependente no Imposto de renda, toda vez que que o pai for transferir os recursos para isso, há a tributação de doação”. 

Por outro lado, uma conta com o nome da criança, enquanto dependente, pode ser uma maneira de introduzir a educação financeira e o gerenciamento de dinheiro com os pequenos. “E isso é importante para que seu filho não torre sua previdência lá na frente”, alerta Márcia Guerra. “Usar a mesada associada a tarefas de casa, por exemplo, pode evitar que o jovem, já mais velho, pegue os investimentos e use-os de forma leviana”: 

No final, esse é o melhor investimento que pode ser feito para os filhos, acredita Sandra Blanco. “Pode ser que você ensine e, mesmo assim, a organização financeira não seja algo da pessoa”, diz. “Mas os exemplos e conversas são sementes que sempre vão estar presentes na postura com o dinheiro”.