Os mercados emergentes desempenham um papel crucial no crescimento econômico global, oferecendo oportunidades significativas de investimento e apresentando desafios consideráveis. Dentro disto, o Brasil pode se destacar.
Nos últimos anos, esses mercados têm enfrentado volatilidade devido a fatores internos e externos, incluindo incertezas políticas, flutuações de commodities e mudanças nas políticas monetárias das principais economias.
Este artigo explora cenários com enfoque nos ativos domésticos, além de trazer perspectivas futuras.
A aversão aos mercados emergentes tem se refletido na retirada de fundos. Gestores de ativos estão reavaliando suas posições, buscando minimizar riscos em meio à instabilidade política e econômica. Fundos focados em mercados emergentes, como os da Índia, África do Sul e México, enfrentaram grandes saques nas últimas semanas.
Essa tendência de retirada é exacerbada pelas expectativas de mudanças nas políticas monetárias das principais economias, como os Estados Unidos. A incerteza sobre os movimentos futuros do Federal Reserve (Fed) dos EUA, especialmente em relação a possíveis cortes nas taxas de juros, tem aumentado a volatilidade nos mercados emergentes.
Os dados econômicos dos EUA, como a taxa de desemprego e as vagas de emprego disponíveis, desempenham um papel crucial na determinação do fluxo de capitais para os mercados emergentes. Recentemente, dados fracos do mercado de trabalho dos EUA reforçaram a possibilidade de cortes nas taxas de juros pelo Fed.
Historicamente, taxas de juros mais baixas nos EUA levam a um aumento no fluxo de capitais para os mercados emergentes, em busca de rendimentos mais altos. No entanto, a recente desaceleração econômica nos EUA não tem impulsionado os mercados emergentes como esperado, devido à aversão ao risco e à incerteza global.
Situação econômica no Brasil
O Brasil tem enfrentado uma série de desafios econômicos e políticos. A percepção de políticas populistas e a falta de comprometimento com a estabilidade fiscal têm afastado investidores, resultando em saques significativos e desempenho fraco da bolsa de valores. No acumulado de 2024, o índice Ibovespa cai 17% em dólar.
A política fiscal brasileira, marcada por um aumento nas transferências de renda, impulsionou temporariamente o consumo das famílias, mas não conseguiu fomentar investimentos sustentáveis. A falta de clareza sobre o futuro das políticas econômicas e fiscais mantém os investidores cautelosos, contribuindo para a volatilidade do mercado.
No entanto, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país foi impulsionado principalmente pelo consumo das famílias, apoiado por transferências de renda do governo.
No entanto, os investimentos privados têm diminuído, refletindo a falta de confiança no ambiente econômico atual. A combinação de consumo elevado e investimentos baixos não é sustentável a longo prazo, ressaltando a necessidade de reformas estruturais para promover um crescimento econômico equilibrado.
A inflação é uma preocupação significativa no Brasil, afetando tanto consumidores quanto investidores. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o indicador oficial da inflação no Brasil. Em abril de 2024, o IPCA registrou uma taxa anual de 5,9%, acima da meta de inflação do Banco Central de 3,5%, mas dentro do intervalo de tolerância de 1,5 pontos percentuais.
O desempenho da Bolsa de Valores do Brasil, representada pelo índice Ibovespa, tem sido um reflexo direto da instabilidade econômica e política do país. Em 2024, o Ibovespa enfrentou uma série de desafios, incluindo a percepção de políticas populistas, alta inflação e incertezas fiscais. Desde o início do ano, o índice caiu aproximadamente 17% em termos de dólar, refletindo a aversão dos investidores aos ativos brasileiros.
Princípio de Cachinhos Dourados
Em economia, o princípio de Cachinhos Dourados refere-se a um estado de crescimento econômico moderado e baixa inflação, o que permite uma política monetária favorável ao mercado. Este cenário é desejável porque combina crescimento sustentável com estabilidade de preços, minimizando a necessidade de políticas monetárias agressivas que podem desestabilizar os mercados.
Atualmente, o cenário brasileiro é bem diferente disto. A inflação está acima da meta, e o crescimento econômico, embora positivo, enfrenta incertezas significativas. No entanto, o crescimento de 2,5% nos últimos 12 meses mostra um desempenho econômico relativamente robusto em meio a desafios internos e externos.
O que fazer?
A história mostra que períodos prolongados de queda na Bolsa de Valores do Brasil são frequentemente seguidos por recuperações.
Com base nas sete ocasiões anteriores em que o Ibovespa enfrentou cinco meses consecutivos de queda, a perspectiva de recuperação nos próximos 12 a 18 meses é considerável. Isso sugere que a bolsa brasileira pode estar atualmente subvalorizada, oferecendo uma oportunidade potencial para investidores de longo prazo.
Para investidores, é crucial monitorar as políticas internas e a reação dos mercados globais. A estabilidade política e as reformas econômicas são essenciais para restaurar a confiança dos investidores e promover um crescimento sustentável. Embora os mercados emergentes ofereçam oportunidades significativas, os riscos associados exigem uma abordagem cuidadosa e bem informada.