O dólar é uma das moedas mais importantes do mundo, servindo como referência para transações comerciais, investimentos e reservas internacionais. No Brasil, sua cotação é acompanhada de perto por governos, empresas e cidadãos, já que oscilações no valor da moeda americana impactam diretamente a economia, desde o preço de produtos importados até o custo de viagens ao exterior.
Nos últimos meses, tem sido comum ver o dólar sendo negociado próximo ou dentro da casa dos R$ 6, um patamar que gera preocupação e dúvidas sobre os motivos por trás dessa valorização.
Mas o que, de fato, faz o dólar subir ou cair em relação ao real?
A resposta não é simples, já que envolve uma complexa rede de fatores econômicos, políticos e até psicológicos, tanto no Brasil quanto no exterior.
Por isso, para compreender o que influencia a cotação do dólar, confira as linhas a seguir:
Política fiscal e confiança do mercado
A gestão fiscal do governo é um dos principais termômetros da saúde econômica de um país.
Quando há sinais de descontrole nos gastos públicos ou falta de compromisso com reformas necessárias, o mercado se torna desconfiado. Essa desconfiança afasta investidores estrangeiros, o que aumenta a demanda por dólar e, consequentemente, eleva seu preço.
Um exemplo clássico são pacotes de ajuste fiscal que não atendem às expectativas do mercado, criando incertezas sobre o futuro econômico.
Esse caso tem sido visto no Brasil. Em 2024, o governo federal anunciou um pacote fiscal para contenção de até R$ 70 bilhões de gastos, mas a medida não agradou o mercado e tempos depois a moeda superou a casa dos R$ 6.
Taxa de juros e inflação
Outros pontos de influência sobre a cotação do dólar são os juros e a inflação.
No Brasil, o Banco Central (BC) desempenha um papel crucial na definição da taxa Selic, que influencia diretamente os investimentos estrangeiros.
Taxas de juros mais altas tornam o Brasil mais atrativo para investidores internacionais, fortalecendo o real.
Por outro lado, taxas reduzidas podem levar à fuga de capitais. A inflação, por sua vez, corrói o poder de compra da moeda local, desvalorizando o real frente ao dólar.
Fatores externos
Decisões monetárias nos Estados Unidos
O banco central americano, Federal Reserve, também tem sua parcela de influência.
Quando o Fed decide aumentar as taxas de juros nos Estados Unidos, o dólar se fortalece globalmente, já que investidores buscam retornos mais seguros e atraentes nos títulos do Tesouro americano.
Decisões de política monetária em Washington ecoam diretamente nas economias emergentes, como a do Brasil.
Tensões geopolíticas e aversão ao Risco
Crises internacionais, guerras comerciais e eleições em grandes economias geram incertezas no mercado financeiro global.
Nesses momentos, o dólar se consolida como um porto seguro, aumentando sua demanda. Por exemplo, tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China podem impactar as economias emergentes, elevando a cotação do dólar em relação ao real.
Preços de commodities
O Brasil é um grande exportador de commodities, como soja, minério de ferro e petróleo.
Quando os preços desses produtos sobem no mercado internacional, o país recebe mais dólares por suas exportações, o que pode fortalecer o real. O oposto acontece quando os preços caem, reduzindo a entrada de dólares no país.
A combinação de fatores
Esses elementos não atuam isoladamente. Uma inflação elevada no Brasil, combinada com um aumento de juros nos Estados Unidos, pode criar uma tempestade perfeita para a alta do dólar.
Por outro lado, sinais de controle fiscal e crescimento econômico doméstico podem atrair investimentos, reduzindo a pressão sobre a moeda americana.