O dólar já acumula alta de 15% em 2024 e esse salto ficou ainda mais evidente na última segunda-feira (1º), quando a moeda encerrou em alta de mais de 1%, a R$ 5,65. Nesta terça-feira (2), o dólar registrava alta 0,11%, a R$ 5,657, por volta de 10h46 (horário de Brasília).
O câmbio foi pressionado principalmente pelas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Segundo o chefe do Executivo, a autarquia não atende aos interesses do povo.
“Você não pode ter um Banco Central que não está alinhado com o desejo da nação. Nós não precisamos ter política de juros altos nesse momento. A taxa Selic está exagerada”, afirmou em entrevista à Rádio Princesa, de Feira de Santana, na Bahia.
No entanto, nesta terça, o presidente voltou a falar sobre a moeda, afirmando que o movimento faz parte de uma especulação. “É um absurdo. Veja, obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real neste País”, disse em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador, Bahia.
Lula ainda declarou que voltará a Brasília para uma reunião nesta quarta-feira (03) “porque não é normal o que está acontecendo”.
Bruce Barbosa, da Nord Research, afirmou que o dólar está neste patamar porque a dívida pública é alta e o governo gasta mais do que arrecada. “Da mesma forma que cobraria muito mais para emprestar para um devedor que não honra suas dívidas, o mercado puxa o dólar e os juros para cima”, escreveu.
No entanto, Barbosa explica que o gatilho para a alta da recente da moeda foi a mudança realizada pelo governo nas metas de gastos do Orçamento no final de maio. A alta do dólar reflete um medo do mercado financeiro em relação ao cenário fiscal do país.
“De acordo com os cálculos dos economistas, considerando o quanto importamos e exportamos, os nossos juros e a nossa economia, o dólar deveria estar em torno de R$ 4,50“, diz Bruce.
O movimento está sendo motivado pela falta de resposta do governo ao mercado sobre o controle dos gastos públicos. O analista também pontua que, além do problema fiscal, há o risco de que o Banco Central seja pressionado pelo governo a reduzir os juros “na marra”.
“Os juros podem cair se tivermos o controle dos gastos e a inflação na meta. Se cairmos os juros com descontrole fiscal e inflação alta demais, o dólar sobe”, explica.