Retrospectiva

Economia: o que afetou Brasil, China, EUA e Europa em agosto

O aumento das taxas de juros nos EUA, que estão no maior nível em duas décadas, provocou preocupação quanto a uma possível desaceleração econômica na maior economia do Planeta

Economia: o que afetou Brasil, China, EUA e Europa em agosto

Agosto foi um mês de destaque para o Ibovespa, o principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3.

O índice acumulou uma alta de 6,54% durante o mês, e encerrou o período aos 136.004 pontos.

Esse resultado representa o melhor desempenho do índice desde o mês de novembro de 2023 e marca o maior aumento em nove meses, além de ter sido o melhor mês de agosto para o Ibovespa desde 2017.

O dólar disparou…

Em contraste com o desempenho do Ibovespa, o dólar registrou uma leve queda de 0,38% em agosto, e fechou o mês cotado a R$ 5,6325.

Esse movimento foi considerado atípico, uma vez que o dólar e o Ibovespa costumam mostrar rentabilidades inversamente proporcionais.

Normalmente, uma alta no dólar reflete uma busca dos investidores por segurança, o que leva à saída de capitais dos mercados emergentes e a uma desvalorização das ações.

A moeda norte-americana apresentou uma volatilidade significativa durante o mês.

A moeda alcançou a máxima do ano, cotada a R$ 5,74, antes de recuar para R$ 5,60.

O comportamento do dólar está vinculado às expectativas sobre as taxas de juros nos Estados Unidos.

No início de agosto, o mercado global ficou apreensivo com a possibilidade de recessão nos EUA, após o relatório Payroll mostrar uma criação de empregos bem abaixo do esperado.

Em julho, foram geradas 114 mil vagas, contra uma previsão de 175.000.

A novela dos juros nos EUA

O aumento das taxas de juros nos EUA, que estão no maior nível em duas décadas, provocou preocupação quanto a uma possível desaceleração econômica.

No entanto, novos dados posteriores aliviaram o pânico inicial.

Em 23 de agosto, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (FED), anunciou no Simpósio de Jackson Hole que era o momento de mudar a política monetária, e sugeriu que o início dos cortes nas taxas de juros estava próximo.

A próxima reunião do FED está agendada para o dia 20 de setembro, e o mercado global aguarda com expectativa essa decisão.

Espera-se que a redução das taxas de juros nos EUA incentive os investidores a buscar ativos mais arriscados, e beneficiar assim as bolsas de valores.

Entretanto, existem incertezas quanto à magnitude dos possíveis cortes nas taxas, com especulações que variam entre uma redução de 0,25 a 0,50 ponto percentual.

Dados recentes e preliminares mostraram uma alta de 3% no PIB dos EUA no segundo trimestre de 2024, superior às expectativas, e um número menor de pedidos de seguro-desemprego, o que indica um mercado de trabalho local robusto.

Contas Públicas no Brasil: Puxa daqui, puxa de lá

No cenário brasileiro, a situação das contas públicas continua a ser uma preocupação significativa.

Em julho, o setor público consolidado registrou um déficit de R$ 21,30 bilhões, muito acima da expectativa de R$ 5 bilhões, informou o Banco Central (BC) no dia 30 de agosto.

O déficit foi composto por:

  • R$ 8,6 bilhões do governo central
  • R$ 11,1 bilhões dos governos regionais
  • R$ 1,7 bilhão de empresas estatais

A dívida pública bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) subiu de 77,8% para 78,5%.

Expectativas para o futuro do Brasil

O cenário atual do dólar elevado e a alta inflação são reflexos da instabilidade econômica e das preocupações fiscais.

Espera-se que o Banco Central possa considerar um aumento nas taxas de juros para conter a inflação, como reconhecido por Gabriel Galípolo, indicado para a presidência do Banco Central (BC).

O Comitê de Política Monetária (COPOM) já sinalizou que não hesitaria em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta, se necessário.

E quanto à China?

A economia chinesa enfrenta um cenário desafiador, principalmente devido às recentes tensões comerciais.

A China, que durante anos se apoiou em um crescimento impulsionado pela demanda externa, agora lida com uma imposição de tarifas sobre produtos chineses por várias economias e a possibilidade de uma nova rodada de tarifas caso Donald Trump retorne à Casa Branca.

No enfrentamento, o governo chinês tem adotado medidas de estímulo que se concentram mais na oferta do que na demanda.

Desde o início da pandemia, a China experimentou um aumento substancial na produção, mas isso não se traduziu em um aumento correspondente na riqueza nacional.

O país ampliou suas exportações significativamente, mas enfrenta um problema persistente: a enorme poupança doméstica que não encontra alternativas de investimento adequadas.

As decisões políticas e econômicas da China serão determinantes para moldar as tendências futuras e influenciar a economia global.

Por fim, uma passagem pela Europa

Ao fim de agosto, Isabel Schnabel, membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu (BCE), destacou que a desinflação na Zona do Euro avançou rapidamente, com a inflação geral caindo de 10,6% em outubro de 2022 para 2,6% em julho de 2024.

Dados recentes indicam uma nova queda da inflação em agosto, em reflexo a um ajuste nas pressões inflacionárias de energia, alimentos e bens, bem como o impacto da política monetária restritiva.

Para garantir a estabilidade de preços, a política monetária deve continuar focada em reduzir a inflação a 2%, mesmo diante de incertezas e mudanças rápidas no ambiente econômico, afirmou Schnabel.

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