Panorama internacional

Economia: o que afetou Brasil, China, EUA e Europa em setembro?

Brasil observou uma elevação em sua taxa de juros, em reflexo a complexidade do cenário econômico global, enquanto EUA e Europa anunciaram reduções

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O mês de setembro trouxe mudanças significativas na economia, sobretudo nas políticas monetárias, de dois dos principais blocos econômicos do mundo.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), do Banco Central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (FED), deu início a um esperado ciclo de queda de juros, enquanto na Zona do Euro, o Banco Central Europeu (BCE) continuou sua trajetória de distensão monetária.

Ao mesmo tempo, o Brasil observou uma elevação em sua taxa de juros, em reflexo a complexidade do cenário econômico global.

O início da queda dos juros nos Estados Unidos

Em que contexto o FED decidiu pelos cortes e quais são os sinais para a economia?

O FOMC iniciou, na segunda metade de setembro, um processo aguardado de queda nos juros.

Após anos de políticas monetárias restritivas, os membros do Comitê decidiram que os ganhos registrados na luta contra a inflação permitiram espaço suficiente para essa mudança de direção.

Embora a inflação ainda não tenha sido completamente controlada, o ambiente econômico atual mostrou sinais de que uma abordagem mais flexível poderia ser benéfica.

A decisão reflete uma preocupação com o possível enfraquecimento da economia, que poderia levar a uma recessão desnecessária se não fossem tomadas medidas adequadas.

Fatores considerados pelo FOMC

Os fatores que levaram à decisão incluem:

  • Ganhos inflacionários: Apesar de não serem suficientes para declarar a vitória total sobre a inflação, os avanços foram notáveis o suficiente para justificar uma mudança.
  • Conjuntura: A preocupação com uma desaceleração econômica excessiva foi central na decisão de iniciar a redução das taxas de juros.

E o Banco Central Europeu (BCE) foi no mesmo sentido…

Por que as autoridades europeias decidiram pelo ciclo de distensão monetária?

Enquanto os Estados Unidos implementam cortes nas taxas, o Banco Central Europeu (BCE) também seguiu adiante com um novo corte de 0,25 p.p. em suas taxas de juros.

Esta decisão se alinha à política de distensão monetária iniciada no meio do ano, em reflexo à necessidade de revitalizar uma economia que enfrenta desafios significativos.

Desafios para a economia da Zona do Euro

Na Zona do Euro, a situação se tornou mais complexa, contudo.

O BCE enfrenta o dilema de atender à sua meta de longo prazo de inflação de 2% enquanto tenta reaquecer a economia.

Os dados recentes mostram que a demanda agregada continua em níveis historicamente baixos, o que torna o cenário ainda mais desafiador.

Na realidade da economia do Brasil, coube aumentar a Selic

Decisão do COPOM

Enquanto os Bancos Centrais dos EUA e da Europa decidiram distensionar suas políticas monetárias, o Brasil, por outro lado, iniciou um novo ciclo de aumento da taxa de juros.

O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) decidiu elevar a Selic em 50 pontos-base (0,50 p.p.), uma medida que contrasta com as tendências globais.

Justificativas para a elevação da Selic

A elevação da taxa foi justificada por diversos fatores:

  • Expectativas de inflação: As expectativas de inflação de médio prazo dos agentes financeiros estão desancoradas em relação à meta de 3% estabelecida para o primeiro trimestre de 2026. Essa situação exigiu uma resposta contundente do Banco Central (BC).
  • Hiato do Produto: O hiato do produto, que mede a diferença entre o PIB potencial e o efetivo, continua a indicar uma economia aquecida. Essa condição gera pressões inflacionárias que o Banco Central (BC) busca controlar com uma política monetária mais restritiva.

A política contracionista em ação

A decisão de elevar a Selic reflete a intensificação da política contracionista do Banco Central.

A instituição está determinada a afastar as pressões inflacionárias e assegurar que a economia não ultrapasse seus limites sustentáveis.

Comparativo entre os cenários monetários de Brasil, EUA e Europa

Divergência nas políticas monetárias

As ações do BCE, do Copom e do FOMC ilustram uma divergência notável nas políticas monetárias adotadas por diferentes economias.

Enquanto os EUA e a Europa buscam flexibilizar suas políticas para estimular o crescimento, o Brasil segue uma direção oposta para combater a inflação.

Impacto global das decisões

Essas decisões têm implicações globais e afetam os mercados financeiros e as expectativas de investidores.

A redução de juros nos EUA e a distensão na Europa podem aumentar o apetite por risco e influenciar os fluxos de capitais para mercados emergentes.

Por outro lado, a elevação da Selic no Brasil pode tornar os investimentos mais atraentes para os investidores locais, mas pode também dificultar o crescimento econômico.

Expectativas futuras

De olho no internacional: Perspectivas para os EUA

O FOMC continua a monitorar de perto a inflação e os dados econômicos para determinar a velocidade e a extensão das futuras reduções de juros, com o objetivo de encontrar um equilíbrio que evite uma recessão, ao mesmo tempo que se assegure que a inflação não retorne a níveis preocupantes.

De olho no internacional: Projeções para a economia da Zona do Euro

O BCE vai precisar agir de forma cautelosa.

A pressão para atender à meta de inflação de 2% enquanto se fomenta o crescimento econômico vai criar um ambiente desafiador.

As próximas reuniões do BCE serão cruciais para definir a direção da política monetária na região.

O futuro da economia do Brasil

No Brasil, a trajetória da taxa básica de juros Selic depende do comportamento da inflação e da economia em geral.

O COPOM se atenta aos sinais de arrefecimento da pressão inflacionária e à recuperação econômica para ajustar sua política monetária conforme necessário.

A combinação de crescimento econômico sustentado e inflação controlada seria o ideal para o País.

E lá pela China, o que houve com a economia?

O Banco Central da China (PBoC) anunciou uma redução nas taxas de política monetária e uma injeção significativa de liquidez no sistema financeiro, em um esforço para revitalizar uma economia que enfrenta desafios crescentes.

A autoridade monetária cortou a taxa de recompra reversa de 14 dias em 10 pontos-base, para 1,85%.

Além disso, injetou 74,5 bilhões de yuans (aproximadamente US$ 10,6 bilhões) de liquidez através dessa ferramenta de política monetária.

Essa decisão segue o corte anterior na taxa de recompra reversa de 7 dias, que ocorreu em julho.

A autoridade monetária injetou 160,10 bilhões de yuans por meio de acordos de recompra reversa de 7 dias, e reiterou a taxa de juros inalterada em 1,70%.

Essa manobra visa garantir que o sistema financeiro permaneça estável e que haja dinheiro suficiente em circulação na economia, especialmente em um período crítico.

Apesar das expectativas de cortes nas taxas, o banco central havia mantido suas taxas de empréstimo de referência na semana anterior, uma decisão inesperada que ocorreu após a redução das taxas pelo Federal Reserve (FED).

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