Ansiedade em todo o mundo

O que esperar das ações dos EUA após o primeiro corte de juros após 4 anos e meio?

Apesar de uma leve redução nas expectativas de crescimento dos lucros para 2024, a expectativa de flexibilização por parte do Federal Reserve manteve o índice S&P 500 próximo de seu recorde histórico

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Com a inflação anualizada próxima à meta de 2,00% (índice de preços ao consumidor – IPC em 2,50%), tanto investidores quanto o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve (FED) estão agora mais atentos às questões de emprego.

Isso decorre de relatórios recentes que indicam um mercado de trabalho mais fraco do que o esperado.

A mudança no foco do FOMC levou a uma melhoria no desempenho de setores que haviam se saído abaixo da média no ano, como o setor de consumo discricionário e o setor imobiliário, que foram os que registraram melhor desempenho nos últimos trinta dias.

Atualmente, o mercado precifica um crescimento econômico real em torno de 2,60% a 2,70%.

Apesar de uma leve redução nas expectativas de crescimento dos lucros para 2024 (-0,2% desde o final da temporada de resultados do segundo trimestre de 2024), a expectativa de flexibilização por parte do Federal Reserve manteve o índice S&P 500 próximo de seu recorde histórico.

Histórico de retornos positivos após cortes nas taxas de juros

Historicamente, após os primeiros cortes nas taxas de juros, o S&P 500 apresentou retornos positivos: +2,70% em três meses, +6,50% em seis meses e +6,00% em doze meses.

Os setores de tecnologia e o índice Nasdaq têm mostrado retornos particularmente fortes durante períodos de estímulo monetário, como observado em 1998 e 2020.

Cortes nas taxas tendem a beneficiar áreas que enfrentam custos de capital mais baixos, e favorecem empresas em crescimento predominantes nesses setores, assinala o BTG Pactual.

Além disso, setores cíclicos, como bens de consumo discricionários, também costumam se beneficiar desses cortes, e refletem em retornos mais altos em anos anteriores.

Por outro lado, setores defensivos, como o de serviços básicos, historicamente têm mostrado retornos mais fracos durante períodos de queda nas taxas de juros, conforme observado em 1998, 2001 e 2007.

Apesar das tendências históricas, o banco afirmou, em relatório, não haver uma tendência clara, e diz ser aconselhável cautela ao tomar decisões baseadas apenas em mudanças no ciclo monetário.

O setor de saúde, por exemplo, tem apresentado um bom desempenho mesmo como um setor defensivo.

Juros: expectativas de flexibilização monetária já foi precificada no mercado

A expectativa de uma substancial flexibilização monetária já está amplamente precificada no mercado, o que pode afetar a validade dos padrões históricos.

A equipe macroeconômica do BTG Pactual prevê que o Federal Reserve (FED) vai realizar seu primeiro corte de 25 pontos base na reunião do FOMC de 18 de setembro, com a possibilidade de mais dois cortes até o final de 2024 e cinco cortes adicionais em 2025.

Em contraste, o mercado futuro atribui uma probabilidade de 49,20% para um corte de 50 pontos-base na próxima reunião e precifica uma flexibilização acumulada de 115 pontos-base em 2024 e mais 134 pontos-base em 2025.

Cortes tão extensos antecipados antes do início da flexibilização são raros, o que levanta dúvidas sobre a aplicabilidade dos padrões anteriores ao mercado atual.

O que vai ser o principal fator para o desempenho das ações?

Dado que o valuation atual não pode ser considerado barato, a expansão dos múltiplos foi considerada improvável pelo BTG Pactual.

Assim, de acordo com o banco, o crescimento econômico vai ser o principal fator para o desempenho das ações.

Recentemente, a correlação entre ações e yields dos títulos voltou a ser positiva.

“Se o mercado antecipar menos flexibilização do FED devido a uma economia resiliente, as ações podem subir mesmo com yields de títulos mais altos”, afirmou o banco, em relatório.

Por outro lado, se uma piora nos dados econômicos levar a uma expectativa de maior flexibilização do Fed, as ações podem enfrentar dificuldades, mesmo com a queda dos yields dos títulos.

Com o crescimento econômico resiliente, espera-se que os yields dos títulos se estabilizem entre 3,8% e 4,0% à medida que o ciclo de cortes do Fed avança.

“Este cenário, que já foi incorporado em nosso preço-alvo para o S&P 500, sugere um espaço limitado para a expansão do valuation, com o crescimento dos lucros como o principal impulsionador para o índice”, alega o BTG Pactual.

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