O presidente Donald Trump revelou, na última segunda-feira (20), planos de impor tarifas de até 25% sobre produtos originados do México e do Canadá.
A medida, prevista para entrar em vigor no dia 1º de fevereiro, foi anunciada durante uma conversa com jornalistas no Salão Oval da Casa Branca.
Justificativas de Trump para as tarifas
Trump reiterou sua acusação de que os dois países vizinhos têm permitido a entrada de drogas e de imigrantes sem documentos nos Estados Unidos. “Pensamos em 25% sobre o México e o Canadá, porque eles permitem a entrada de um grande número de pessoas”, afirmou o presidente.
Ele destacou a possibilidade de ampliar as tarifas para outras importações estrangeiras em uma ação futura.
A medida ameaça o fluxo comercial entre os países signatários do Acordo EUA-México-Canadá (USMCA), sucessor do NAFTA, que regula transações bilionárias anuais entre as nações.
México e Canadá reagem às ameaças comerciais
México e Canadá responderam rapidamente à possibilidade de tarifas, e prometem retaliar produtos americanos caso a medida seja implementada.
O primeiro-ministro canadense adotou uma postura direta, buscou uma reunião com Donald Trump para argumentar que o número de migrantes que cruzam a fronteira norte seria pequeno e que o Canadá colabora com os Estados Unidos no combate ao tráfico de drogas.
O Canadá também preparou uma lista de produtos norte-americanos que poderiam ser taxados, ao total de 150 bilhões de dólares canadenses (cerca de US$ 105 bilhões): “Estamos comprometidos em trabalhar com os EUA para enfrentar desafios como o fentanil e garantir uma imigração ordenada”.
No México, o governo da presidente Claudia Sheinbaum tomou medidas para evitar as tarifas, como ações contra o tráfico de drogas e a tentativa de reduzir as importações chinesas.
Impacto econômico das tarifas sobre os setores automotivo e energético
Especialistas alertaram à Bloomberg Línea que as tarifas planejadas por Donald Trump poderiam gerar consequências graves para a economia norte-americana, especialmente no setor automotivo.
De acordo com a Wolfe Research, a imposição de tarifas adicionais poderia impactar cerca de US$ 97,0 bilhões em autopeças e 4 milhões de veículos importados do Canadá e do México, além de elevar o preço médio de carros novos nos EUA em até US$ 3.000.
A Stellantis, por exemplo, importa 40,00% dos veículos que vende nos Estados Unidos (EUA), enquanto a General Motors e a Ford Motor trazem aproximadamente 30,00% e 25,00%, respectivamente, de suas unidades de outros países.
Mercados reagem às declarações de Trump
As declarações de Donald Trump movimentaram os mercados financeiros. O dólar americano registrou alta de 0,70% em relação a outras moedas, enquanto o dólar canadense e o peso mexicano caíram 1,40% cada.
Em contrapartida, os mercados chineses mostraram ligeira recuperação, já que Trump não mencionou tarifas contra a China em suas declarações.
Tarifas universais ainda são possibilidade
Além das tarifas específicas para México e Canadá, Trump sugeriu que considera implementar uma tarifa universal sobre todas as importações estrangeiras nos EUA.
“Você colocaria uma tarifa universal sobre qualquer pessoa que faça negócios nos Estados Unidos, porque eles entram e roubam nossa riqueza”, declarou.
Planos de contenção nas fronteiras norte-americanas entre Canadá, EUA e México
O governo canadense já anunciou investimentos de US$ 1 bilhão em medidas adicionais para reforçar a segurança na fronteira, que incluiria o uso de helicópteros e drones.
O México, por sua vez, realizou uma apreensão recorde de fentanil e reforçou seu compromisso com a fiscalização aduaneira.
Retaliações comerciais e o futuro do USMCA com Donald Trump
As tensões entre os três países colocam em xeque o USMCA, que movimenta cerca de US$ 1,8 trilhão em comércio anual de bens e serviços.
O acordo deve passar por revisão em 2026, mas especialistas temem que as políticas protecionistas de Donald Trump possam prejudicar a estabilidade do pacto.
Dominic LeBlanc, ministro das finanças do Canadá, destacou: “Nada disso deveria ser surpreendente. Aprendemos que o presidente Trump pode ser imprevisível em alguns momentos”.