Pacote esvaziado

Governo discute medidas anti-inflação, mas recua em propostas polêmicas após reunião com empresários do setor

Em reunião que durou mais de três horas, ministros e representantes de associações empresariais debateram possíveis iniciativas para reduzir a pressão inflacionária sobre a economia e os consumidores brasileiros

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue em busca de soluções para conter a inflação, mas algumas medidas que eram analisadas foram retiradas da pauta após resistência do setor empresarial, de acordo com uma reportagem do jornal Valor Econômico.

Na última quinta-feira (6), em reunião que durou mais de três horas, ministros e representantes de associações empresariais debateram possíveis iniciativas para reduzir a pressão inflacionária sobre a economia e os consumidores brasileiros.

Entretanto, algumas propostas consideradas polêmicas pelo mercado acabaram descartadas ou adiadas para avaliações mais profundas.

Medidas propostas partiram apenas do governo

Apesar da ampla discussão entre as partes envolvidas, todas as medidas anunciadas pelo governo surgiram exclusivamente da esfera federal, sem a participação direta das associações empresariais na sua formulação.

Durante a reunião, representantes do setor produtivo tentaram trazer para o debate questões estruturais, como produtividade e eficiência das companhias brasileiras, mas esses temas não avançaram.

De acordo com ministros, esses pontos ainda estão “em andamento” e deverão ser abordados em futuras rodadas de discussão.

Governo recua em proposta de selo para empresas que mantivessem preços equilibrados

Uma das iniciativas que estava em estudo, mas que acabou retirada da lista de medidas a serem implementadas de imediato, envolvia a criação de um selo para identificar empresas consideradas parceirasdo governo no combate à inflação.

Essas empresas manteriam preços equilibrados em produtos da cesta básica e, em troca, receberiam um destaque em campanhas institucionais.

No entanto, apurações do jornal Valor Econômico indicam que houve forte rejeição à ideia por parte das entidades empresariais.

A principal preocupação estava no impacto para a imagem do próprio governo e no potencial conflito com os varejistas.

Pela proposta original, redes de supermercados e lojas também incentivariam a publicidade de marcas que conseguissem vender mercadorias a preços mais baixos, o que poderia gerar descontentamento entre fabricantes e distribuidores que não conseguissem aderir às condições exigidas.

Setor empresarial alertou governo sobre riscos

Os representantes empresariais alertaram os ministros sobre os riscos dessa iniciativa de combate à inflação.

Diante das críticas, o governo optou por aprofundar mais os estudos antes de tomar qualquer decisão definitiva. “O acertado foi de aprofundar mais nesses assuntos antes de bater o martelo, mas como não estão descartados, a ideia era não abri-los ainda”, declarou uma fonte presente na reunião, em condição de anonimato.

Estavam presentes no encontro os ministros Rui Costa (Casa Civil)(PT-BA), Carlos Fávaro (Agricultura)(PSD-MT) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário)(PT-SP), além de secretários do Ministério da Fazenda e de outros órgãos governamentais.

As informações são do jornal Valor Econômico.

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