A prévia da inflação ficou em 0,36% em março, 0,42 ponto percentual (p.p.) menor que a de fevereiro, quando variou 0,78%, apontou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado foi, em grande parte, influenciado pelo grupo de Alimentação e Bebidas, com alta de 0,910% e impacto de 0,190 p.p. no índice geral.
Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 4,14%, abaixo dos 4,490% observados nos doze meses imediatamente anteriores. Em março de 2023, o IPCA-15 foi de 0,690%.
Na pesquisa, Tatiana Pinheiro, economista-chefe de Brasil da Galapagos Capital, observou uma desaceleração mais lenta das inflações de alimentação e de combustíveis. Contudo, a executiva apontou uma abertura “bastante benigna”, com o indice de Difusão em 54,50%, de volta para o intervalo de 50%-55% que indica uma rodagem da inflação ao redor de 3%.
Pinheiro ainda destacou uma inflação de serviços estáveis, ao redor de 5%, e uma queda de médias de medidas de núcleo em queda a 0,23% mês a mês, de volta a uma média observada no segundo semestre do ano passado.
“Acreditamos que esta abertura da inflação contribuem para dirimir as dúvidas do COPOM com relação a dinâmica de inflação à frente, explicitadas na ata da decisão de março como uma das fontes de incerteza que justificaram a mudança na sinalização prospectiva da condução de política monetária”, declarou a economista.
Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, contudo, aponta que os números vieram 0,06% acima do consenso de mercado. O executivo afirma que a abertura continua ruim.
“Na média de três meses anualizada, os serviços subjacentes aceleraram para 5,8%; nos industriais, praticamente zerou e, nos alimentos, o indicador acelerou para 5,4%”, acrescentou.
Borsoi prossegue e diz que, apesar da melhora da média dos núcleos na margem, a média de três meses também piorou, a 3,6%, máxima em cinco meses.
Com a mensagem da ata do COPOM hoje, “tudo em aberto ainda”, declarou o economista. Para ele, não se pode descartar um corte de 0,50% em junho, mas esse seria “mais um argumento na direção que o Banco Central (BC) tenha que reduzir o pace de corte de IPCA”.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, em linha, observa que alguns sinais de alertas estão sobre os preços de serviços, que seguem pressionados.
“Apesar da desaceleração na variação mensal, os preços de serviços subjacentes e intensivos em mão de obra aceleraram nos últimos doze meses e na média móvel de três meses anualizada e ajustada sazonalmente”, afirmou o executivo.
Um ponto positivo para Sung foi que a ata ressaltou uma perspectiva no curto prazo pelo arrefecimento das projeções para os preços dos alimentos e bens industriais, que “deve seguir em uma trajetória benigna”.
“Para a política monetária, esse dado não deve alterar o plano de voo já anunciado pelo Banco Central”, declarou o economista.
A plataforma aguarda cortes de 0,5 p.p. nas próximas reuniões, pelo menos para maio e junho. “Os próximos dados serão importantes para calibrar melhor o cenário à frente”, completou.
João Savignon, head de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, avalia que o IPCA-15 se mostrou misto.
“Tivemos surpresa negativa com o dado cheio e os serviços subjacentes, em reflexo a um qualitativo relativamente ruim para a condução da política monetária, mas surpresas positivas na média dos núcleos, difusão, tanto do índice cheio quanto de serviços, e em bens industriais”, destacou.
Para o IPCA fechado de março, Savignon antecipa que Kínitro Capital deve revisar para cima a nossa projeção de 0,170%, em vista parte da surpresa desta terça-feira, que se concentrou em itens cujas variações se repetem no índice cheio.
Para o ano, a projeção segue com o IPCA de 3,70%.
“Diante desse cenário inflacionário, entendemos que o BC tem condições de seguir com cortes de -50bps em maio e junho, e desacelerar o ritmo no segundo semestre do ano”, completou.