Economia

IPCA: inflação em novembro reforça plano de voo do Copom e analistas veem Selic terminal a 9,5%

No ano, a inflação oficial acumula alta de 4,04% e, nos últimos doze meses, de 4,68%, abaixo dos 4,82% observados nos doze meses imediatamente anteriores

- Agência Brasil
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A inflação do mês de novembro foi de 0,28%, uma variação 0,04 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de outubro (0,24%).

Esse resultado foi influenciado pela alta dos preços do grupo de alimentos e bebidas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano, a inflação oficial acumula alta de 4,04% e, nos últimos doze meses, de 4,68%, abaixo dos 4,82% observados nos doze meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2022, a variação havia sido de 0,41%. 

João Savignon, head de pesquisa de macroeconomia da Kínitro Capital, afirma que os dados reforçam a dinâmica recente da inflação no país e a avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de que o cenário doméstico evolui conforme o esperado, o que reforça o seu plano de voo.

Com o dado divulgado, a Guide Investimentos revisou sua projeção para 4,54% (anteriormente em 4,66%). Preliminarmente, os analistas Fernando Siqueira, Rafael Pacheco e Victor Beyruti Guglielmi preveem para dezembro uma variação de 0,49%.

Eles afirmaram que a queda dos preços de industriais como efeito da Black Friday e dos preços de combustíveis lideraram as baixas no índice.

Para Paulo Silva, economista da Efí Bank, “cresce a expectativa de que a inflação feche o ano dentro do intervalo da meta”. Na avaliação dele, o fato seria “um sinal extremamente importante”, capaz de dar “a segurança necessária para que o Banco Central dê continuidade à queda de juros no decorrer do próximo ano”.

Na avaliação da Órama Investimentos, a leitura da inflação de novembro foi benigna. “O resultado foi positivo e, apesar da alta dos serviços, entendemos que mostra a continuidade da segunda fase do processo de desinflação, conforme esperado”, apontou a economista Eduarda Schmidt.

A analista destacou o comportamento do grupo de Alimentação e Bebidas, que possui grande peso dentro da cesta. “Precisamos ficar atentos como a mudança de comportamento dos preços pode alterar o resultado do índice, principalmente com a incerteza do impacto do El-Niño em 2024”, completou.

De acordo com Schmidt, a leitura contribui com a manutenção do cenário de cortes de 0,50 p.p. da Selic nas próximas reuniões, com o ano encerrado a 11,75% e a taxa básica de juros terminal em 9,5%, no terceiro trimestre de 2024. 

“Para dezembro, esperamos um IPCA de 0,40%, com o ano em 4,5%”, disse.

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, chamou a atenção para o grupo de Transportes. Dentre os subitens, a passagem área cresceu 19,12% e apresentou o maior impacto individual sobre o índice, 0,14 p.p.

Por outro lado, os combustíveis registraram queda de 1,58%, com redução os preços do etanol (-1,86%), gasolina (-1,69%), enquanto o gás veicular (0,05%) e o óleo diesel (0,87%) subiram.

“Quando observamos a composição, a pressão altista veio de itens mais voláteis, enquanto as medidas mais importantes como a média dos núcleos, serviços subjacentes e bens industriais seguem em trajetória baixista – no acumulado dos doze meses. E, o índice de difusão, voltou a cair na variação mensal”, avaliou. 

Para 2023, a projeção de Suno Research para o IPCA foi calculada em 4,56%. E, para o ano que vem, espera-seque a inflação termine em 3,90%.

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