Em avaliação

Lula e Haddad consideram novos cortes para acalmar investidores, diz Bloomberg

Três autoridades, em condição de anonimato, destacaram que as novas medidas precisam ser suficientemente abrangentes para conter os receios sobre o crescimento da dívida pública, que atualmente atinge quase 10,0% do Produto Interno Bruto (PIB)

Lula e Haddad
Haddad cumprimenta Lula em sua cerimônia de posse como ministro da Fazenda - Foto: Ricardo Stuckert/PR

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia um novo pacote de cortes de gastos após o primeiro conjunto de medidas para redução de despesas não ter alcançado o objetivo de tranquilizar os investidores, informou a agência Bloomberg.

A iniciativa reflete uma tentativa de reforçar o compromisso da administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a responsabilidade fiscal, uma questão que tem gerado preocupação crescente no mercado financeiro.

De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo vai adotar medidas adicionais para controlar os gastos públicos.

Não descansaremos enquanto a situação fiscal não se resolver, declarou Haddad, em entrevista à GloboNews.

Fontes próximas ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmaram à Bloomberg que um segundo plano de redução de despesas já está em desenvolvimento.

Três autoridades, em condição de anonimato, destacaram que as novas medidas precisam ser suficientemente abrangentes para conter os receios sobre o crescimento da dívida pública, que atualmente atinge quase 10,0% do Produto Interno Bruto (PIB).

Após desvalorização cambial, mercado financeiro impõe prazo e pressiona por novos ajustes

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende implementar as mudanças ainda no primeiro semestre de 2025, como forma de aliviar as pressões sobre a economia.

A alta recente do dólar e o aumento das taxas de juros, considerados insustentáveis pelo Ministério da Fazenda, foram gatilhos importantes para intensificar os esforços.

Entretanto, a equipe econômica enfrenta desafios internos para convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e membros do Partido dos Trabalhadores sobre a necessidade de medidas mais rigorosas.

Apesar disso, fontes afirmam que o presidente da República entende a urgência de retomar a confiança dos investidores, especialmente após o real ter registrado uma desvalorização de 21,00% frente ao dólar no ano passado – o pior desempenho entre as principais moedas globais.

De acordo com Paresh Upadhyaya, diretor de estratégia de renda fixa e câmbio da Amundi US, “[…] a recente desvalorização cambial finalmente chamou a atenção do governo, e agora eles precisam adotar medidas que estabilizem a situação fiscal”.

Resultados insuficientes do pacote anterior

O pacote de corte de gastos apresentado anteriormente, que previa economizar R$ 70 bilhões, foi diluído no Congresso Nacional e considerado insuficiente para estabilizar a dívida pública.

Estimativas do Ministério da Fazenda indicam que a dívida bruta do Brasil, que chegou a 77,70% do PIB em novembro, deve alcançar 81,80% em 2027.

Haddad reconhece a insatisfação do mercado com os resultados fiscais atuais, mas acredita que os esforços em andamento poderão surpreender positivamente.

A dívida do Brasil está a caminho de se estabilizar e começar a cair em breve”, afirmou o ministro.

Desafios de Lula e Haddad para atender ao mercado financeiro

As expectativas do mercado são desafiadoras: os investidores esperam um superávit primário entre 2,5% e 3,00% do PIB para estabilizar a dívida.

Contudo, as projeções atuais do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicam um déficit primário de 0,4% do PIB em 2024, o que torna essas metas inviáveis no curto prazo.

Como alternativa, o governo pode propor mudanças estruturais que entrem em vigor gradualmente e adiar parte dos ajustes para além de 2026 – ano em que o presidente planeja buscar o quarto mandato.

Ashish Chugh, gestor de recursos da Loomis, Sayles & Co., alertou para os riscos de inação: “O governo precisa fazer uma reviravolta e passar por um ajuste fiscal que mostre aos investidores que eles levam a questão fiscal a sério. Caso contrário, os investidores provavelmente esperarão até as próximas eleições antes de terem uma opinião positiva sobre o Brasil”.

As informações são da agência Bloomberg.

Sair da versão mobile