Economia

Ata do COPOM: “Banco Central vai pegar pesado com a inflação”, diz analista

Autoridade monetária observa desancoragem das expectativas dos investidores e à piora do cenário internacional, aponta Flávio Conde

Banco Central
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Nesta terça-feira, 25 de junho, o Banco Central (BC) divulgou a ata da última reunião de seu Comitê de Política Monetária (COPOM), realizada na semana passada. Na ocasião, o colegiado decidiu manter a taxa básica de juros Selic em 10,50% ao ano (a.a.).

Para Flávio Conde, analista da Levante Investimentos, o texto não deixou dúvidas: “o Banco Central (BC) vai pegar pesado com a inflação devido à desancoragem das expectativas dos investidores e à piora do cenário internacional”.

No cenário doméstico, o texto indica a incerteza com a tragédia no Rio Grande do Sul e a surpresa com o aquecimento da atividade econômica, principalmente no setor de serviços: “o cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador”, resume a ata.

Conde destaca ainda que o texto discutiu um tema controverso entre os economistas: a taxa de juros neutra na economia – nem contracionista nem expansionista. O analista destacou que os dirigentes foram cautelosos ao afirmar que “a taxa neutra está sujeita a grande incerteza na estimação”.

Ou seja, só se percebe que a taxa de juros está no nível “neutro” a posteriori, pela observação do comportamento da atividade econômica, destacou Conde.

Por essa razão, os membros reforçaram que a taxa não era uma variável que deve ser atualizada em frequência alta e que tampouco deveria ter movimentos abruptos, salvo em casos excepcionais. No entanto, o cenário trouxe excepcionalidades.

Por isso, “o Comitê elevou marginalmente a hipótese de taxa de juros real neutra em seus modelos para 4,75 por cento”.

Conde diz que a medida não surpreende “absolutamente ninguém”, e cita que a explicação foi “o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal (…)”, que, de acordo, com os dirigentes, “têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária”.

O analista conclui que o COPOM “não deixou dúvidas de que os cenários doméstico e internacional estão mais adversos para a manutenção da inflação dentro das metas e que, nesse cenário, os juros deverão permanecer elevados durante bastante tempo”.

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