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ATA DO COPOM: desancoragem de expectativas de inflação, mercado de trabalho pressionado e atividade econômica aquecida justificam alta da Selic em 0,25 p.p.

Todos os membros concordaram que o ciclo de aperto monetário deve ser iniciado de forma cautelosa

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Diante da resiliência da atividade econômica, das pressões no mercado de trabalho e das expectativas inflacionárias desancoradas, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) determinou que uma política monetária mais restritiva seria necessária. As informações constam na ata do COPOM divulgada na manhã desta terça-feira, 24 de setembro.

Em razão disso, o colegiado optou por um ajuste gradual na taxa de juros, com elevação de 0,25 p.p., a 10,75% ao ano (a.a.), consideradas as incertezas e a necessidade de monitorar os dados.

Todos os membros concordaram que o ciclo de aperto monetário deve ser iniciado de forma cautelosa, o que permite que os mecanismos de transmissão da política monetária comecem a atuar.

A transparência em sua abordagem tem sido uma prioridade, com um comprometimento firme em buscar a convergência da inflação às metas estabelecidas.

Esta decisão foi vista como compatível com a estratégia de convergência da inflação em direção à meta, além de ajudar a suavizar flutuações na atividade econômica e promover o pleno emprego.

O movimento levou o COPOM a reavaliar o hiato da produção, agora considerado positivo.

Pressões salariais e expectativas de inflação, segundo a ata do COPOM

O mercado de trabalho tem demonstrado um dinamismo notável, com ganhos reais de salários nos últimos meses.

Contudo, a falta de aumento significativo na produtividade levanta preocupações sobre pressões inflacionárias.

Membros do COPOM observaram que, embora não haja evidências claras de que as pressões salariais impacta os preços, um crescimento persistente nos salários pode eventualmente afetar a inflação.

Respostas em relação às políticas econômicas

O colegiado destacou o papel limitado das políticas fiscais em um contexto de alta dívida pública e a necessidade de cautela nas políticas monetárias, que se tornam reativas em um ambiente incerto.

A sustentabilidade fiscal e a confiança nas políticas são vistas como essenciais para a ancoragem das expectativas de inflação.

Desafios externos

Embora o cenário externo tenha se tornado menos severo em relação à reunião anterior, a incerteza persiste.

O Comitê reconhece que a economia dos EUA está em uma fase de transição, o que dificulta a extração de tendências claras nas variáveis de emprego e atividade.

Este cenário gera incertezas sobre a desaceleração, a desinflação e, consequentemente, sobre a postura futura do Federal Reserve (FED).

Dirigentes observam que a falta de sincronia nas políticas monetárias entre diferentes países exige uma abordagem cautelosa, especialmente para os países emergentes.

A desaceleração da economia chinesa e a volatilidade nos preços das commodities também foram fatores discutidos.

O que diz a ata do COPOM em relação a projeções para câmbio, inflação e juros

No cenário de referência, a trajetória da taxa de juros foi baseada na pesquisa Focus, com a taxa de câmbio inicial em R$5,60 por dólar.

Projeções indicam que o preço do petróleo vai seguir uma curva crescente após os próximos seis meses.

O COPOM adota a hipótese de bandeira tarifária “amarela” para os anos de 2024 e 2025.

Recentemente, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e as medidas de inflação subjacente estão acima da meta estabelecida.

As expectativas para a inflação em 2024 e 2025, conforme indicado pela pesquisa Focus, estão em torno de 4,4% e 4,0%, respectivamente.

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