Nesta quarta-feira (11), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne para a última vez em 2024, com a expectativa de anunciar sua decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic.
O mercado financeiro aguarda uma definição, com prognósticos de uma aceleração na alta da taxa básica.
A reunião marca ainda o fim do mandato de Roberto Campos Neto (RCN) na presidência do Banco Central, com o comando transferido em janeiro para o presidente eleito Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do órgão, nomeado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Expectativas de aceleração da alta da Selic: mercado dividido entre 0,75 p.p. e 1,00 p.p.
Com a Selic atualmente em 11,25% ao ano, o mercado financeiro se divide sobre qual vai ser o movimento do Copom nesta última reunião do ano.
De acordo com o boletim Focus, divulgado na segunda-feira (9), a mediana das previsões aponta para um aumento de 0,75 ponto percentual, o que elevaria a taxa para 12% ao ano.
Caso a alta se confirme, seria a terceira vez consecutiva que o Banco Central acelera o ritmo de aumento da taxa de juros.
A aceleração do ciclo de alta da Selic foi iniciada em setembro, quando o Copom aumentou os juros em 0,25 ponto percentual, e levou a taxa a 10,75%.
Em novembro, o Comitê fez um ajuste maior de 0,5 ponto, e chegou ao atual patamar de 11,25%.
A decisão desta quarta-feira (11) revela uma grande importância não apenas por ser a última sob a liderança de Campos Neto, mas também pelo cenário econômico instável, que inclui pressões inflacionárias e volatilidade no câmbio.
Pressões inflacionárias e compromisso fiscal influenciam o momento
A aceleração da alta da taxa básica de juros Selic tem sido apontada por analistas como uma resposta às incertezas fiscais e à desvalorização do câmbio, que afetaram o mercado financeiro nas últimas semanas.
A recente aprovação de um pacote fiscal de corte de gastos pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em novembro gerou reações adversas no mercado financeiro, com críticas sobre a falta de medidas mais robustas para estabilizar a dívida pública.
O mercado interpretou a proposta fiscal como insuficiente para estabilizar a dívida pública, e a isenção de Imposto de Renda (IR) para rendimentos abaixo de R$ 5 mil foi vista como uma medida contraditória em relação à necessidade de austeridade fiscal.
O dólar fechou em R$ 6,04 na terça-feira (10), após atingir um recorde no dia anterior, com o mercado financeiro com reações negativas à combinação de incertezas fiscais e instabilidade no cenário internacional.
Entre os economistas, existe uma linha de pensamento que defende uma alta de 1 ponto percentual nesta reunião. Essa opção poderia contribuir para estabilizar os preços dos ativos financeiros e reforçar o compromisso do Banco Central com o controle da inflação.
Outro fator que tem gerado especulações no mercado diz respeito à possibilidade de uma divisão dentro do Comitê.
A última vez que o colegiado enfrentou um racha nas suas decisões foi em maio deste ano, quando a especulação sobre a influência do governo no Banco Central (BC) gerou preocupações sobre a autonomia da autarquia.
O que esperar do COPOM em 2025?
À medida que a reunião se aproxima, as expectativas para os próximos passos do Banco Central estão mais concentradas na política fiscal e nos efeitos de longo prazo da atual postura monetária.
O COPOM já indicou em reuniões anteriores que estaria atento aos desdobramentos fiscais, e mantém a expectativa de que seus dirigentes continuam a acompanhar de perto a evolução das contas públicas.
Em suas últimas reuniões, o BC tem enfatizado a necessidade de uma política fiscal “crível” para garantir a estabilidade das expectativas de inflação.