A inflação no Brasil deve estourar o teto da meta em 2024, de acordo com o relatório trimestral divulgado pelo Banco Central (BC) desta quinta-feira (19).
A instituição projeta 100% de probabilidade de o índice ultrapassar os 4,5% estabelecidos como limite superior da meta.
No levantamento anterior, realizado em setembro, essa chance era de 36%
FOCUS – economistas elevam projeções para inflação e dólar em 2024. Veja mais aqui.
Inflação oficial em 2023
Embora a meta tenha sido cumprida em 2023, o cenário para 2024 é mais desafiador. Nos últimos anos, a meta foi descumprida apenas em 2021 e 2022.
Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, o acumulado dos últimos 12 meses até novembro chegou a 4,87%, já acima do teto deste ano.
O avanço foi impulsionado, principalmente, pelo aumento de preços no setor de alimentação e bebidas, com alta de 1,55% no último mês.
Em todo o ano de 2023, o IPCA acumulou 4,29%, mas, de acordo com o relatório Focus, do próprio BC, a projeção é de um aumento adicional de 0,58% em dezembro, ultrapassando os 4,5%.
Fatores que pressionam a inflação
O Banco Central apontou diversos elementos que contribuíram para a pressão inflacionária e elevaram a probabilidade de descumprimento da meta no próximo ano. Entre os fatores estão:
- Depreciação cambial: a valorização do dólar impactou diretamente os preços de produtos importados;
- Crescimento econômico acelerado e inércia inflacionária e
- Fatores climáticos e agrícolas: o ciclo do boi e condições adversas no setor agropecuário também afetaram os custos.
Projeções para os próximos anos
No mesmo relatório, o BC revisou suas estimativas para 2025 e 2026, indicando um risco crescente de descumprimento das metas futuras.
As projeções para a probabilidade de a inflação ultrapassar o teto são:
- 2025: 50% (em setembro, era 28%);
- 2026: 26% (anteriormente, 19%).
A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (entre 1,5% e 4,5%).
O que acontece se a meta for descumprida?
Mas, se a inflação não retornar ao intervalo de tolerância estipulado, o Banco Central é obrigado a enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando as razões para o descumprimento.
Além disso, autoridade monetária também precisa detalhar as medidas adotadas para controlar a inflação e os prazos previstos para retorno à meta.
Atualmente, a principal ferramenta do BC para conter a alta nos preços é a taxa Selic, que está em 12,25% ao ano. Porém, em 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou dois novos aumentos nos juros.