Na terça-feira (1), a agência de classificação de risco norte-americana Moody’s anunciou uma elevação na nota de crédito soberano do Brasil, de Ba2 para Ba1.
Essa mudança posiciona o Brasil a um nível abaixo do grau de investimento, uma classificação crucial que atesta a segurança dos investimentos no País.
Moody’s reafirmou perspectivas positivas
A Moody’s também reafirmou a perspectiva positiva, que já havia sido estabelecida em maio deste ano.
A agência de classificação de risco justifica essa melhora na classificação pela recuperação e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, além de ressaltar reformas econômicas importantes que contribuem para moldar um ambiente mais favorável para negócios.
Agência citou a reforma tributária
Entre as reformas destacadas pela Moody’s, a reforma tributária foi apontada como fundamental para a melhoria do cenário econômico do Brasil.
A agência acredita que a medida e outras mudanças irão fortalecer a economia do Brasil a longo prazo, e, com isso, contribuir para um ambiente de negócios mais robusto.
A Moody’s sublinha ainda o compromisso do governo em manter as metas fiscais e estabilizar a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB), elementos essenciais para sustentar a perspectiva positiva atribuída ao País.
Situação da dívida pública: o que pensa a Moody’s?
Recentemente, a dívida pública bruta do Brasil apresentou uma leve desaceleração, a 78,5% do PIB, ou R$ 8,898 trilhões.
Em contrapartida, a Fitch, outra renomada agência de classificação, expressou preocupações sobre o desempenho fiscal brasileiro, que teria sido inferior ao esperado para 2024.
A Fitch alertou que o descompasso entre a política fiscal e o crescimento do PIB poderia impactar negativamente a sua nota “BB”.
Em resposta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, argumentou que a avaliação da Fitch “não considera dois elementos fundamentais: a reoneração gradual da folha com as compensações exigidas pelo STF e o fim do PERSE em 2025”.
Haddad e Lula participaram de uma série de conversas em NY com agências de avaliação
No início de setembro, durante uma agenda em Nova York (NY), Haddad e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participaram de reuniões com importantes agências de avaliação para discutir a imagem do Brasil no cenário internacional.
Após esses encontros, o ministro afirmou que o país estaria próximo de recuperar o grau de investimento e previu que uma das principais agências de risco poderia elevar a nota do Brasil em um futuro próximo.
Haddad comentou:
“Evidentemente que cabe às agências de risco definir, mas os prognósticos da Fazenda são muito bons.”
A Moody’s, por sua vez, reforçou a importância do crescimento econômico e das reformas implementadas na elevação da nota de crédito.
Brasil a caminho do grau de investimento
Com a elevação da nota de crédito, o Brasil se aproxima do tão desejado grau de investimento, classificação que atesta a confiança dos investidores na capacidade do País de honrar suas dívidas.
A Moody’s observou uma melhoria significativa na saúde financeira do Brasil, impulsionada pelo crescimento econômico e pelas reformas fiscais e econômicas recentes.
O que a Moody’s espera para os próximos anos
No comunicado, a Moody’s expressou expectativa de uma melhora gradual nos resultados primários do governo ao longo dos próximos três anos, apoiada por esforços para aumentar a arrecadação, principalmente entre as classes mais abastadas, e por revisões de despesas.
Apesar de desafios como a elevada dívida pública e os juros altos, a agência ressaltou que o Brasil mantém ativos líquidos significativos.
O país se mantém credor externo desde 2006, com reservas internacionais superiores à dívida externa.
Ademais, a Moody’s observou que o governo brasileiro, na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem se financiado majoritariamente em moeda local.
Comparação de Moody’s com outras agências de classificação de risco
Desde 2017, a Moody’s mantém o Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento, posição superior à de outras agências.
Em julho de 2023, a Fitch elevou sua nota para dois níveis abaixo do grau de investimento.
No final de 2022, a S&P Global adotou uma postura semelhante.
Haddad reiterou que existe uma possibilidade concreta de o Brasil recuperar o grau de investimento antes do final do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e enfatizou a necessidade de um esforço coletivo do governo para alcançar o objetivo.
Desafios e oportunidades futuras, segundo Haddad
O ministro destacou que a recuperação do grau de investimento não era garantida e que existe um trabalho contínuo a ser realizado em relação a receitas e despesas.
Ele afirmou:
“Podemos nos permitir reequilibrar as contas, voltar a baixar a taxa de juros e conseguir o grau de investimento.”
Haddad reconheceu que o processo não seria linear e que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode enfrentar obstáculos ao longo do caminho.
“Às vezes o governo tropeça. Importante considerar que há um caminho a ser trabalhado e, se algo sair um pouco do roteiro previsto, temos toda a liberdade de rever para melhor.”