Os resultados dos bancos tradicionais no primeiro trimestre de 2022 devem variar. Essa foi a avaliação dos analistas Bruno Bandiera e Eduardo Nishio, da Genial Investimentos. Eles ressaltam que Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) devem ser os destaques do setor.
Bandiera e Nishio afirmam que o Itaú possui uma boa dinâmica de receita, que mitiga a elevação das provisões de crédito duvidoso.
Já o Banco do Brasil (BB) deve continuar a ser beneficiado com os resultados da PREVI e baixas provisões. As baixas provisões do BB são resultados de uma carteira de crédito mais conservadora e elevado índice de cobertura, como a Genial Investimentos pontuou em outras ocasiões.
Apesar de ambos apresentarem dinâmicas positivas, o banco preferido da corretora segue sendo o Itaú. A boa dinâmica de receitas favorece o Itaú quando comparado ao BB.
Analistas pontuam que o BB está sendo beneficiado pelo resultado da PREVI, que tende a arrefecer no longo prazo, e possui risco político em meio a ano eleitoral que deve continuar a pautar a agenda nos próximos trimestres.
No primeiro trimestre, a Genial Investimentos espera um resultado da seguradora ainda mais pressionado para o Bradesco (BBDC4) por conta da alta da Selic mais acentuada que as expectativas iniciais, que traz uma dinâmica menos positiva no trimestre.
No entanto, Bandiera e Nishio esperam uma melhora gradativa na seguradora ao longo do ano que contribua para o resultado. Apesar do consumo rápido, o índice de cobertura (colchão de provisão para crédito em atraso) continua alto, que favorece o Bradesco em meio a cenário de elevação da inadimplência.
Itaú (ITUB4 | ITUB3): o preferido da Genial Investimentos
Analistas esperam que o lucro cresça 1,5% t/t e 13,5% a/a.
O Itaú deve ter uma boa performance no NII ao longo do ano, puxada pelo:
(i) crescimento de carteira;
(ii) melhora do mix de crédito, com maior participação de créditos com taxas mais altas;
(iii) reprecificação da carteira, e;
(iv) maior da remuneração do capital de giro para suportar negócio de crédito em função da elevação da Selic.
A carteira de crédito deve crescer menos no 1T, principalmente pela sazonalidade de linhas rotativas e a valorização do Real que impacta as carteiras atreladas ao dólar. No final do ano, o período de festas impulsiona créditos atrelados a consumo, como de cartão de crédito e cheque especial. No início do ano observa-se o oposto, com uma desaceleração t/t.
Ao valuation de 1,48x P/VP 22 e 8,0x P/L 22, a Genial Investimentos reitera a recomendação de COMPRA para o banco, ao preço-alvo de R$ 33,30.
A boa dinâmica de receitas deve impulsionar resultado mesmo com elevação de provisões ao longo do ano. No meio do guidance, o Itaú indica crescimento de lucro de 14,7%.
Banco do Brasil (BBAS3): o mais defensivo dos bancões
O resultado do Banco do Brasil no 1T deve ser novamente positivo.
Analistas esperam um lucro estável (flat) t/t e 20,9% a/a. Assim como nos últimos trimestres, o resultado deve continuar a ser ajudado pela contribuição positiva da PREVI e da baixa provisão para crédito duvidoso.
A carteira do BB se concentra mais em crédito rural e consignado quando comparado aos outros bancos.
A carteira do BB e receitas de serviços deve crescer menos t/t em função da sazonalidade do 1T.
Com a continuidade da alta da Selic em ritmo acelerado, o Banco do Brasil deve sofrer com a elevação do custo de captação (funding).
Em função da elevação do custo de funding, a Genial espera um NII estável (flat) t/t.
Os efeitos da alta da Selic no custo de captação devem reduzir gradativamente ao longo do ano.
Ao valuation baixo de 0,61x P/VP 22 e 3,96x P/L 22, a Genial Investimentos reitera recomendação de COMPRA para BB, ao preço-alvo de R$ 44,00.
A expectativa de melhora de receitas para o ano, carteira com mix mais conservador e bons níveis de provisão contribuem para a recomendação. Do lado negativo, o ambiente eleitoral de 2022 pode pressionar a cotação, dado risco político.
Bradesco (BBDC4 | BBDC3): expectativas mistas
Analistas esperam uma variação de lucro de 2,5% t/t e de 4,0% a/a.
O NII clientes (resultado de empréstimos) deve continuar com um bom avanço a/a, assim como sinalizava o guidance. O guidance indicava um crescimento do NII clientes de 10% no meio da faixa.
Do lado negativo, a margem com o mercado mais fraca, resultado pressionados da seguradora e elevação t/t da PDD devem continuar prejudicando o avanço de lucro.
O Bradesco já sinalizava a expectativa de um NII mercado (resultados de operações de tesouraria) mais fraco no ano.
A seguradora também deve ser impactada pela nova onda de Covid-19 no início do ano, assim como o resultado financeiro deve vir mais fraca pela alta de juros no curto prazo.
Apesar de não ter impactado os seguros de vida com o baixo número de óbitos, a elevação dos atendimentos em pronto atendimento deve elevar a sinistralidade do seguro saúde. Já a PDD (provisão para crédito duvidoso) deve crescer t/t em decorrência da elevação da inadimplência e crescimento da carteira.
Ao valuation de 1,2x P/VP 22 e 7,3x P/L 22, a Genial Investimentos mantém recomendação de COMPRA para Bradesco, ao preço-alvo de R$ 24,20.
Entretanto, na avaliação da Genial Investimentos, os resultados do ano não animam tanto quanto os do Itaú e do BB.
De acordo com sinalização do guidance, analistas projetam um lucro que se expanda em 9,4% a/a no meio da faixa indicativa. Do lado positivo, a melhora dos resultados da seguradora devem voltar a contribuir de forma relevante com o lucro do banco no ano.
A seguradora corresponde a 1/3 do lucro em períodos normalizados.