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Black Friday ou "black fraude"? Confira dicas para economizar e não cair em golpes

Desde ferramentas de monitoramento e planejamentos financeiros; conheça alguns cuidados para não cair em fraudes

Black Friday ou "black fraude"? Confira dicas para economizar e não cair em golpes

Conhecida como Black Friday, a última sexta-feira do mês de novembro solidificou-se como o dia do ano em que sai mais barato fazer compras. Um levantamento realizado pela Neotrust e Compre&Confie, empresas de relatórios e análises com cobertura no mercado digital brasileiro, informou que mais de 13 milhões de pedidos de compras foram efetuados entre os dias 26 a 30 de novembro de 2020. Na ocasião, apesar do evento ocorrer em simultâneo com a segunda onda do coronavírus, o faturamento da semana da Black Friday foi de R$ 7,72 bilhões. Esse montante equivale a um aumento de 27,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em 2019, de acordo com a Compre&Confie, foram movimentados mais de R$ 6 bilhões em compras. No entanto, o cenário da Black Friday para 2021 não parece ser dos melhores.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas devem cair em 6,5% em comparação a 2020. Com a inflação acumulada nos últimos 12 meses a 10,7%, a expectativa de lucros na Black Friday é de R$ 3,93 bilhões.

Nesse ínterim, conforme dados da CNC, eletrônicos e móveis lideram as expectativas de receita, podendo chegar ao montante de R$ 1,1 bilhão. Os eletrodomésticos devem render mais de R$ 900 milhões. A expectativa de lucros elevados estão nos supermercados e vestuários, que devem gerar lucros de, aproximadamente, R$ 780 milhões e R$ 693 milhões, respectivamente.

Comprar sem pesar na consciência

Ao depararmos com tantas promoções, temos a sensação de que precisamos adquirir algum produto. No entanto, nem todos têm a tranquilidade financeira para gastar e não sentir as contas apertando no final do mês.

Rejane Tamoto, planejadora financeira da Planejar, aponta que o planejamento de gastos é indispensável para a Black Friday. Contudo, esse mapeamento deve ser feito muito antes da chegada da última sexta-feira do mês de novembro. Evitar a impulsividade é uma ótima dica para não cair em furadas.

“O ideal é fazer o planejamento para a Black Friday bem antes, com dois meses de antecedência. [O consumidor] Tem que fazer esse monitoramento antes de olhar todos os preços, ver se tudo o que você precisa realmente vai ter desconto lá no dia”, disse Rejane.

Muitas pessoas aproveitam a oportunidade da Black Friday para adiantar os presentes de natal. Questionada se vale a pena aproveitar esse dia de descontos para antecipar as compras natalinas, Rejane, da Planejar, disse que sim. Todavia, esses gastos devem estar incluídos no planejamento mensal, nada de agir por impulso.

“Vale a pena. Com uma lista bem definida com os preços de quanto você quer gastar em cada presente, pode ser uma oportunidade na Black Friday. Depois de ter feito a lição de casa, com planilha, orçamento estabelecido.”

Já Bruna Allemann, educadora financeira da Acordo Certo, sugere para que os consumidores fiquem atentos à fatura do cartão de crédito. Caso optem pelo pagamento dos produtos no cartão, todo cuidado é necessário para não gerar dívidas difíceis de pagar. “Se entenda definitivamente com seu cartão, pois as chances de virar uma bola de neve são grandes.”

Em busca do consumo

Para expandir o poder de compra, muitas pessoas optam por decisões visando os prazeres instantâneos ao invés de pensar na saúde financeira a longo prazo. Há diversos atalhos para conseguir desfrutar alguns descontos da Black Friday. No entanto, vale a pena burlar nosso planejamento financeiro para isso?

Em busca de adquirir algum produto com bom desconto e garantir presentes para todo mundo no natal, compensaria buscar algum empréstimo financeiro? De acordo com Bruna Alleman, da Acordo Certo, fuja dessa ideia. “Definitivamente não. Se você não tem dinheiro, não compre. Essa não é a última e única oportunidade que terá para adquirir algum item”, afirma.

Instituído pela lei número 4.090 pelo presidente João Goulart, em 1962, o 13° surgiu, a princípio, como uma gratificação de natal ao trabalhador. O final do ano vai chegando e a despesa tende a aumentar contas do início do mês, presentes para a família, festas de final de ano Sem contar com as obrigações no começo de janeiro.

A mão chega a coçar para beliscar um pedacinho do 13° para aproveitar algum desconto, não é mesmo? Segundo Rejane Tamoto, da Planejar, o consumidor até pode beliscar um pouquinho dessa gratificação. Contudo, a planejadora financeira ressalta algumas observações. 

Essas aquisições devem ser feitas desde que não prejudiquem seu orçamento. Nessa parte, o planejamento financeiro é indispensável. Se estiver endividado, corra da Black Friday e utilize esse dinheiro extra para salvar sua vida financeira. 

“Acho que vale a pena, desde que de forma planejada. Se a pessoa tem dívidas, separa uma parte do 13° para a vida financeira, [nesse caso] não vai ser bom entrar na Black Friday. Se ela não tem [dívidas], separa uma parte do 13° e faz as compras. Claro, tendo feito a lição de casa. Tendo feito ali fluxo de caixa, o orçamento dá pra acomodar esse dinheiro extra em vários projetos, em várias necessidades da pessoa. Inclusive na Black Friday.”

Cuidados para não cair na “black fraude”

Com diversos anúncios de falsos descontos, muitos consumidores caem em golpes e acabam gastando muito mais em determinado produto. Diante desse cenário de descontos enganosos, alguns chamam esse dia de “black fraude”. De acordo com a expectativa de vendas da CNC, os eletrônicos são os produtos que mais devem render lucros na Black Friday. As vendas devem superar o montante de R$ 1 bilhão.

No entanto, tenha cuidado ao deparar com as “loucuras dos gerentes” nas ofertas. Conforme tabela do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), produtos em eletrônicos em promoção podem chegar a 72% em tributos. 

Videogames (72,18%), smartphones (68,76%), tablets (59,32%) e televisões (44,94%) são algumas mercadorias que estão com as taxas lá em cima na Black Friday. Segundo a JáCotei, a variação média dos produtos mais procurados na internet subiu em 4,49% no último mês. 

De acordo com Mariana Rinaldi, especialista em relações institucionais da Proteste, a pressa é inimiga da razão e do planejamento financeiro também. A especialista ressalta os cuidados que os consumidores devem ter ao se deparar com as promoções.

“No Brasil, o que o que a gente percebe é que o comércio vai fazendo um aumento gradual dos preços. É muito importante as pessoas não terem pressa para comprar, não cederem a esse centro de urgência”, afirma.

Para não cair em ofertas enganosas, existem ferramentas que identificam algumas promoções que se enquadram na “black fraude”. Mariana ressalta que, para tomar cuidado com falsas promessas de promoção, existem ferramentas que podem contribuir para que o consumidor não caia em falsas promoções: “Existem muitos sites que podem comparar [os preços], que nos ajudam a ter essa essa visão mais real do preço dos produtos. Toda cautela é muito necessária. […] É muito importante fazer essa comparação”. 

O Zoom é a opção principal para quem quer comparar os preços dos produtos nos últimos meses e ainda receber parte do dinheiro de volta através de cashback. O aplicativo também tem a função de recomendar produtos com os menores preços e com maiores descontos.

Também como opção para fugir da “black fraude”, o Compare TechTudo também é outro aplicativo atrativo para o monitoramento de preços. Com enfoque nos eletrônicos, a plataforma indica ao consumidor os produtos com os melhores valores.

Para os compradores mais desconfiados dos super descontos, o Buscapé indica os preços de cada produto nos últimos seis meses. Esse aplicativo pode responder ao consumidor se o produto realmente está no desconto da Black Friday ou se é mais uma pegadinha da “black fraude”.

O golpe “tá” aí!

As promoções podem deixar o consumidor empolgado e fazer com que alguns cuidados necessários antes de efetuar as compras fiquem de lado. A Kaspersky, empresa de segurança virtual, divulgou que houve um crescimento de 208% em páginas que simulam pagamentos.

De acordo com a pesquisa “Black Friday 2021: como fazer compras sem cair em armações”, o phishing, como são conhecidas essas páginas de simulações, quase triplicou entre setembro a outubro deste ano: o número saltou de 627.560 para 1.935.905.

A empresa de segurança virtual ainda informou que foram detectados mais de 220 mil e-mails de possíveis fraudes que continham a palavra “Black Friday”. Mariana Rinaldi, da Proteste, ressalta que a desconfiança é a principal aliada para os consumidores não caírem nesses golpes. Clicar em links que não sejam das lojas oficiais que fazem a promoção? Nem pensar!

“O consumidor precisa ter muito cuidado, sempre procurar desconfiar desses preços mirabolantes. Se você encontrar um produto com desconto muito absurdo, muito superior ao que é comum, a recomendação é nunca clicar nesse anúncio, principalmente em redes sociais, e-mails ou links que recebemos por SMS”, diz Mariana.

Origem da Black Friday

A Black Friday é um evento tradicional nos Estados Unidos que acontece toda sexta-feira após o dia de Ação de Graças. Com descontos progressivos que chegam até 90%, o dia de promoções encaixou, de fato, na cultura norte-americana. 

O sucesso do dia das vendas saiu dos Estados Unidos e chegou em diversos países. O dia das super promoções chegou ao Brasil em 2010. Na ocasião, os descontos foram liberados a partir da madrugada da sexta-feira do dia 26 de novembro. No entanto, havia algumas peculiaridades impostas pela época.

Para ter acesso às promoções, os clientes tinham que se cadastrar no site Bom Desconto para receber os links das lojas que aderiram ao evento da Black Friday. Naquele momento, os consumidores poderiam receber as ofertas através de e-mails, SMS e pelo Twitter das lojas Americanas, Compra Fácil, Shoptime, Walmart, entre outras. 

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