A relação saudável e inteligente com o dinheiro é uma construção que deve começar desde cedo. Ensinar as crianças sobre a gestão dos recursos financeiros pode ser divertido e, de quebra, garantir investimentos para a compra de um mimo, um intercâmbio ou até para uma reserva destinada ao início da vida adulta. Por isso, que tal, neste Dia das Crianças, presentear os pequenos com um cofrinho ou uma carteira de investimentos?
Na casa de Kalinin Fernandes de Souza Filho, assessor de investimentos da Blue 3, o papo sobre educação financeira começou cedo. Ele é pai de Isabela, de 9 anos, e de Henrique, 4. Quando Isabela tinha apenas 3, a família decidiu guardar em um copinho as moedinhas que a menina ganhava das avós.
Logo, um cofrinho substituiu o copo e um combinado foi feito: ela guardaria as moedas e, próximo ao Dia das Crianças, os pais dobrariam o valor poupado. Com o dinheiro, Isabela poderia comprar seu próprio presente.
"No começo, a gente tinha que falar para ela o valor que havia juntado e mostrar qual brinquedo era possível comprar. À medida que a Isabela foi crescendo, ela começou a participar mais. Em um determinado momento, ela mesma já contava o dinheiro e pesquisava os valores dos brinquedos".
Souza Filho conta que, eventualmente, a menina até negociava um adiantamento para comprar algo que havia gostado, mas ultrapassava o valor que tinha.
Nada de gastar por gastar
O cofrinho e, depois, a mesada são formas práticas e eficientes de a criança aprender a poupar e a fazer as próprias escolhas, avalia Souza Filho. "E não importa se, no começo, ela faz escolhas erradas, isso faz parte do processo de aprendizagem. Cabe aos pais a orientação".
Porém, Souza Filho alerta que o ensinar a poupar – e até a investir – deve estar dentro de um contexto maior. É importante, antes de tudo, os pais conversarem sobre a boa gestão dos recursos.
"A criança precisa entender o quanto se tem, quais as fontes dos recursos e também que ela está fazendo uma troca ao deixar de utilizar uma parte do dinheiro no presente para ter mais dinheiro para gastar no futuro. Deixar de comprar uma besteirinha hoje, para comprar algo melhor amanhã. E, aí, ela aprende que gastar por gastar não é legal".
Hoje, Isabela já tem conta em uma corretora e, todos os meses, os pais colocam um valor para ela investir. "Acompanho com ela a evolução dos investimentos, explicando algumas coisas de mercado. Começou de forma lúdica e ela tomou gosto e foi buscando mais informações", explica o assessor de investimentos da Blue3.
Criança pode ter conta de investimento?
A resposta é sim! Abrir uma conta de investimentos para crianças é possível e também mais simples do que parece. "É cada vez mais fácil abrir contas de investimento para menores de idade. A maioria das instituições permite que um menor tenha uma conta em seu nome", explica Thiago Godoy, Head de Educação Financeira da Xpeed School.
Segundo Godoy, os pais podem abrir a conta no nome da criança ou mesmo uma conta conjunta entre o responsável e o menor. "Mas se a iniciativa partir do jovem, é preciso da autorização dos pais. É basicamente o mesmo procedimento para a abertura da conta de um adulto", detalha.
Na opinião de Godoy, uma conta de investimentos abre um leque de oportunidades de incentivar uma relação saudável dos pequenos com o dinheiro. Além de viabilizar sonhos e desejos.
"Há caminhos interessantes. O primeiro é os pais criarem uma conta para a criança logo que ela nasce e irem desenvolvendo os investimentos para, em um segundo momento, usarem essa conta como uma ferramenta de educação financeira, principalmente, quando a criança já começar a entender de Matemática".
Lições
Godoy afirma que a criança pode aplicar no dia a dia os conceitos que ela aprende na escola, juntamente com senso de responsabilidade. A prática irá ajudar a desenvolver habilidades importantes para a gestão com o dinheiro como, por exemplo, a visão de longo prazo.
"A criança vai desenvolvendo a paciência de esperar aquele investimento ir aumentando. E, depois, pode comemorar os esforços que ela faz para juntar o dinheirinho para comprar um brinquedo ou fazer uma viagem no fim do ano".
Para incentivar e manter as crianças motivadas, Godoy aconselha definir prazos específicos e mais curtos, dando oportunidade de os pequenos sentirem o gostinho da vitória ao poupar.
"É importante usar tudo isso como ferramenta e olhar a participação da criança no processo. Eles devem participar ativamente, à medida que vão crescendo e se aprimorando nos conceitos da Matemática. E é muito bacana essa construção".
Confira dicas para ajudar seu filho a investir
Para quem pretende abrir uma conta de investimento para as crianças, o assessor de investimentos da Blue3 Kalinin Fernandes de Souza Filho, e o Head de Educação Financeira da Xpeed School, Thiago Godoy, dão algumas dicas.
O primeiro passo é escolher a instituição. Hoje, a maioria faz o processo de forma simples, pedindo para o cadastro documentos dos menores e dos responsáveis.
Depois da abertura da conta, é importante definir com as crianças os objetivos. Lembre-se que é possível estabelecer metas de longo prazo, mas ter objetivos mais curtos ajuda a manter os pequenos motivados com as conquistas.
Assim, pode ser uma boa escolher investimentos de renda fixa e liquidez maior, como um CDB de curto prazo e o próprio Tesouro Selic. Títulos como o IPCA+ ou CDBs de longo prazo são opções para objetivos que possam demandar mais tempo.
Investimento precisa ser acompanhado. Por isso, estabeleça uma agenda para verificar sua conta. Esse, aliás, pode ser um momento em família para discutir com as crianças valores e sonhos.