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Colapso de Terra (LUNA), juros nos EUA e regulação no Brasil: qual o futuro das criptomoedas?

O aumento dos juros nos EUA e a perda de paridade do TerraUSD com o dólar, que fez Terra (LUNA) derreter, preocupam investidores em todo o mundo

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Às 16:28 desta quarta-feira (25), o mercado global de criptomoedas registrava uma capitalização total acima de US$ 1,2 trilhão (US$ 1,269,572,384,873). Apenas nas últimas 24 horas, um total de 19.577 criptomoedas movimentou mais de US$ 75 bilhões (US$ 71,106,885,159).

Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) representavam 44,8% e 18,8% desse gigante mercado no instante, respectivamente.

Entretanto, dois eventos têm alimentado desconfianças sobre a solidez desse mercado. Investidores em todo o mundo estão mais cautelosos diante do aumento da taxa básica de juros nos EUA para o intervalo entre 0,75% a 1%, enquanto observam os movimentos mais recentes para reestruturar o ecossistema Terra (LUNA), colapsado após a stablecoin TerraUSD (UST) perder paridade com o dólar

Juros

A relação entre a alta dos juros na maior economia mundial e o desempenho do mercado das criptomoedas se justifica por algumas razões. E ocorre mesmo sem a regularização dos ativos ser finalizada pelos legisladores norte-americanos. 

Eduardo Grübler, analista de renda variável e criptoativos da Warren Investimentos, explica que as moedas digitais não estão livres do impacto das oscilações dos juros porque o sistema financeiro tradicional e as criptomoedas, para funcionar como funcionam, estão interligados.

“Todos os mercados são baseados em lei de preço único, para que não haja arbitragens entre eles. Os juros afetam as criptomoedas porque os agentes do mercado financeiro costumam utilizar sempre uma alavancagem”, diz.

Ele prossegue: “Existe alguém que empresta a você uma quantidade de dinheiro. E esse indivíduo cobra um juro por isso. O juro significa o custo do dinheiro emprestado. Então, um juro maior implica em um custo maior para se alavancar”. 

“Uma vez maior para o custo se alavancar, de repente, eu não consigo manter a mesma posição que eu queria. E isso influencia as expectativas de qualquer outro segmento do sistema financeiro”, complementa Grübler.

O colapso de Terra (LUNA)

Terra (LUNA) ocupava o posto de 12ª maior criptomoeda do mercado por capitalização até que, no dia 9 de maio, a stablecoin UST (TerraUSD) perdeu vínculo com o dólar. Essas paridades de US$ 1 geralmente são lastreadas por letras do Tesouro, dinheiro e outras dívidas em dólar que são facilmente vendidas durante períodos de estresse do mercado. Mas o caso de UST era diferente. Ela se trata de uma stablecoin algorítmica, ou seja, depende da engenharia financeira para manter sua paridade.

“Muita gente esperava que isso acontecesse. Foi algo amplamente discutido”, diz Grübler. A votação sobre a proposta de governança para a recuperação de Terra (LUNA) foi encerrada na noite de quarta-feira, no horário local do continente asiático.

65,5% dos eleitores escolheram a proposta do CEO da Terraform Labs, Do Kwon, de criar uma nova blockchain.

O “Terra Ecosystem Revival Plan 2” de Kwon abandona a stablecoin algorítmica TerraUSD (UST) na nova blockchain, que vai ter o nome de Terra (LUNA), enquanto a antiga rede e criptomoeda serão chamadas de Terra Classic e LUNA Classic (LUNC). 

Novos tokens LUNA serão lançados para os interessados e detentores de TerraUSD (UST) e LUNC, com a taxa de distribuição oscilante, de acordo com a quantidade de tokens foram mantidos pelos investidores. 

“O sistema [antigo] funciona quando a gente está razoavelmente em equilíbrio”, pontua o analista. Ele exemplifica:

“Quando o UST está muito abaixo, cerca de US$ 0,98 e eu troco US$ 1 de LUNA, eu tenho que receber US$ 1 de UST. O próprio sistema vai criar novos LUNAS e ir a mercado para vender esses LUNAS e receber US$ 1. Se eu faço isso de forma relativamente agressiva, existem muitos LUNAS para entrar no mercado, o que faz o preço cair ainda mais. Se o preço cai mais, diversos outros agentes vão começar a tentar trocar LUNA por UST porque ele estaria abaixo da paridade. O que se chama de ‘espiral da morte’”, diz.

Regulamentação no Brasil

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o deputado federal Expedito Ferreira Neto (PSD-RO), relator do PL 4.401/2021, que regulamenta as criptomoedas no Brasil, disse que o texto já está pronto para ser votado na próxima semana pela Câmara dos Deputados. Neto afirmou que a matéria não foi alterada em muitos pontos pelo Senado no mês de abril.

Na última terça-feira (17), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), assinou um despacho em que coloca sob regime de urgência a tramitação do documento.

Grübler diz entender que a regulação seria uma questão de tempo, visto que a capitalização de mercado das criptomoedas tem sido bastante relevante. “O Brasil está especificamente avançado comparado a outros países. Nós podemos tomar como exemplo os diversos produtos linkados aqui de ativos disponíveis pela B3 (B3SA3) com o restante do mundo”, pontua.

O analista acredita que a definição de crimes de pirâmide financeira se destaca como o principal benefício proposto pelo marco regulatório.

“No fim das contas, o texto protege o pequeno investidor também – o que a gente vê como algo positivo. Isso reforça o Brasil como um país que introduz os criptoativos na economia comum”, finaliza.

Com informações complementares de Forkast, Investing.com Brasil e Valor.

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