A instabilidade dos produtos do Facebook (incluindo WhatsApp e Instagram) no começo de outubro trouxe efeitos negativos imediatos: um mergulho das ações da companhia na Nasdaq, a bolsa americana que concentra empresas de tecnologia.
A partir do momento em que as plataformas começaram a passar por instabilidade, as ações entraram em rápida queda. Ao longo do dia, o “mergulho” foi de 5%, passando de R$ 65,95 para R$ 62,84 por ação (valor em reais, baseados nas cotações das BDRs comercializadas pela B3 no Brasil).
Horas depois, com a volta ao normal dos sistemas, os papéis começaram novamente a subir. No dia seguinte à queda mundial, voltaram ao patamar de R$ 65, apenas poucos centavos abaixo do preço do início da semana.
Para especuladores e “day traders“, a queda momentânea foi uma chance de utilizar a estratégia “buy the dip”, muito utilizada no mundo dos investimentos. Porém, isso não significa que é uma unânime entre os investidores ou fácil de executar. De forma simples, a ideia passa por comprar um ativo depois de uma queda no preço, de olho em uma venda lucrativa quando ele estiver em alta. Mas, atenção, é preciso cuidado.
Compre no mergulho
Literalmente, buy the dip significa “compre o mergulho”. É comprar na baixa, aproveitando a queda do preço para adquirir algum ativo, como no caso do Facebook. A ação é ancorada na certeza de que depois da tempestade vem a bonança e o período de desvalorização de um ativo é sempre seguido por outro de valorização.
Alguns investidores consideram a estratégia buy the dips como a compra de um ativo que tem queda no preço dentro de um contexto de alta de curto prazo. Já para outros, a compra pode ser realizada mesmo sem essa tendência, mas com a crença de que o preço subirá no futuro.
Um exemplo é a “tese de abertura”, que tem ganhado notoriedade no mercado financeiro. Segundo analistas de mercado, diversos setores da economia ainda não se recuperaram da queda nos negócios ocasionada pela COVID-19 e, por isso, o valor das suas ações seguiria “descontado”, isto é, abaixo do que elas efetivamente valem.
Um desses setores é o varejista. Veja, neste artigo do economista Bruno Komura, da equipe de análise da Ouro Preto Investimentos, como essa época de crise setorial pode ser uma oportunidade para um “buy the dip”.
Na lógica, funciona. Mas há riscos
Comprar as quedas ou mergulhos parece ter uma lógica bem lucrativa: comprar por menos e vender por mais. O mercado, no entanto, não é tão previsível assim. De fato, a estratégia pode ser lucrativa em tendências de alta de longo prazo, mas pode representar prejuízo diante de períodos em que baixa se estende além do previsto.
A queda de um ativo acontece por diversos fatores que exigem estudo do cenário. Nem sempre é fácil entender quando uma queda representa oportunidade ou quando ela é um sinal de que os preços vão continuar despencando.
Assim, comprar a queda tem riscos e recompensas que precisam de análise constante e, de preferência, de profissionais que consigam fazer uma leitura completa do cenário e definir medidas de controle de risco bem detalhadas.