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Comprar, alugar ou desencanar do carro: o que é mais vantajoso?

Veja como avaliar a melhor opção dentro do seu orçamento e estilo de vida

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Se você tem 50 ou 60 anos, talvez seja bem mais fácil de entender o quanto o carro próprio fazia parte do imaginário popular. Completar 18 anos, tirar carteira de motorista e sair dirigindo era o sonho da maioria, principalmente entre os rapazes. Para aqueles que não tinham tanta grana para comprar ou ganhar o automóvel dos pais na juventude, esse acabava virando um objetivo a ser alcançado, após o casamento, pela família.

Mas a geração millennial e os que vieram depois, os Zs – a turma nascida após a década de 1980 – não têm ligado tanto para isso, impulsionando um estilo de vida menos motorizado. Fora a questão geracional, o cenário econômico tem feito o automóvel pesar demais no bolso do brasileiro.

Por outro lado, opções além do aluguel de carro, como assinaturas e a onda do transporte por aplicativo, têm colocado um ponto de interrogação na cabeça de muita gente. Afinal, é melhor comprar, alugar ou assinar um carro?

A SpaceMoney foi em busca dessa resposta e descobriu que ela não é tão simples assim de ser alcançada. Decidir se vale a pena direcionar recursos para a compra de um veículo, alugar, assinar ou favoritar o app de transporte no celular é uma decisão que exige muita conta e também uma análise do seu próprio estilo de vida e rotina.
 
Há muitos fatores no custo desta ‘viagem’. Mas vamos colocar o pé na estrada ou as rodas, caso assim você escolha.

Brasil é o 5º país mais caro do mundo para se ter um carro

Um estudo divulgado pela plataforma CupomValido.com.br compilou os preços dos veículos da Tabela FIPE e dados da Scrap Car Comparison e revelou que o Brasil é o quinto país mais caro para se ter um carro.
 
O estudo comparou o preço da compra e manutenção de um automóvel, em relação à renda média salarial de cada país. Assim, é possível comparar o poder de compra entre os diversos países.
 
Conforme o levantamento, os brasileiros precisam gastar 441,89% do rendimento médio anual para comprar e manter um carro zero, ficando atrás apenas da Turquia, Argentina, Colômbia e Uruguai .
 

 
O carro é um bem de alto valor. Mas nos últimos tempos, esse valor tem assustado. O encarecimento dos automóveis está relacionado a diversos fatores. O primeiro é a própria pandemia da covid-19, que paralisou a montagem de veículos por alguns meses. Mais recentemente, a indústria sofreu com a escassez de componentes eletrônicos.
 
Estes dois fatores fizeram com que os preços dos veículos aumentassem no mundo todo. Porém, aqui no Brasil houve um fator adicional que contribuiu ainda mais na subida dos preços: a desvalorização do real perante o dólar, fazendo a importação das peças subir muito.

Assinatura de veículos cresce 125%

A chegada do serviço de transporte por aplicativo e a necessidade de muitas pessoas de garantirem renda fizeram com que o aluguel de veículos se transformasse em uma possibilidade mais estendida. No entanto, essa situação acabou abrindo um novo horizonte para a população em geral. Fazer o contrato do veículo por meses não para trabalhar, mas para o dia a dia.

De acordo com a Porto Seguro, foi constatado maior interesse pela busca de modelos alternativos, como assinatura de veículos, quando observados os número de novos assinantes.

“Até o terceiro trimestre de 2021, registramos um crescimento acumulado de 125% no número de novas assinaturas versus o mesmo período de 2020”, disse a empresa.

O Carro Fácil, conforme a Porto Seguro, é um serviço de assinatura de automóveis 0km com planos de 12, 18 e 24 meses. Destinado a quem busca ter um carro, sem se preocupar com a depreciação e venda do veículo.

Neste caso, os clientes contam com benefícios como seguro Auto Porto, carro reserva 24h, documentação, licenciamento e IPVA e manutenção com serviço de leva e traz incluso. 

Quanto à quilometragem, existem opções de franquias com 1.000km, 1.500km, 2.000km e 2.500km mensais, mas são apresentados com o valor total de quilometragem para o fim do período de contrato. 

“Dessa forma o cliente possui uma média mensal para utilização, mas pode gerir esse pacote de acordo com a sua necessidade. O controle pode ser realizado por meio de aplicativo”, explica a empresa.

Onde o carro entra na sua vida?

Mas não é todo mundo que vê isso com bons olhos. A comodidade de ter um veículo para atender aos compromissos, independente de dia, hora ou quilometragem de um pacote, além da ideia de que aquele bem é seu, são os principais motivos de quem defende a posse do bem.

Eliane Tanabe, planejadora financeira pela Associação Planejar, explica que, de forma clássica, investimento é quando o dinheiro rende. E carro tem o valor depreciado ao longo do tempo.

“Normalmente, a gente vende por um preço menor do que aquele pelo qual compramos. Muitos falam e, realmente, é verdade: carro é como um filho porque exige cuidados e despesas”.

Agora nos últimos tempos, Eliane lembra que o jogo virou com um boom na valorização dos carros usados, pelo cenário de escassez e encarecimento do 0km explicado no início desta matéria.

Mas de forma geral, ela explica que o veículo deve ser encarado como investimento só quando ele é ferramenta de trabalho. E, nesse caso, é preciso identificar o quanto de rendimento o carro potencializa e o quanto é preciso separar do lucro para o veículo, pensando em manutenção e troca.

Agora, nada disso significa que ter carro é errado. Aliás, Eliane garante que nesta história, não há certo ou errado. É preciso análise e conta.

“É preciso pensar o carro no orçamento da família, no contexto da família. Uma pessoa que trabalha em home office, tem carro quitado, tem um custo mensal de R$ 600, 700 com veículo. Agora, encher o tanque quatro vezes ao mês e pagar financiamento já sobe para R$ 1.700 e R$ 1.800”, calcula. 

“Veja, para uma família em que os membros trabalham boa parte da semana em home office e que usam o carro para passeio de fim de semana, é possível avaliar: não seria possível pensar em locação? Planejar passeio, compras e outras saídas e alugar o carro para esses dias?” 

Em outro cenário, Eliane pensa em alguém que mora próximo ao trabalho, tem acesso fácil a diversos serviços, mas eventualmente vai para a praia, por exemplo. “Não seria possível avaliar um app de carona?”

Agora, se você usa bastante o carro, trabalha distante de onde mora, é melhor avaliar a compra ou o sistema de assinatura que cobre IPVA, seguro. Mas é preciso verificar as condições. 

“Pensar em comprar, alugar ou não ter carro é avaliar o local em que você mora, o metrô, a malha cicloviária, se é bem atendido por transporte  público… Você mora perto do trabalho e de locais de lazer? Como você encara as conveniências e comodidades trazidas por um carro? Você já explorou as opções de alternativas ao automóvel, o que achou?", orienta Eliane

Fora isso, Eliane afirma que é preciso calcular o quanto do seu orçamento pode ficar disponível para direcionar aos gastos com veículo, pensando que é preciso separar um montante para Educação, Saúde, Alimentação e Comunicação.

Cuidados

Segundo Thiago Martello, fundador da Martello Educação Financeira, muitas vezes, o carro representa mais do que um meio de locomoção, é também status, sucesso, independência, estilo de vida, um sonho. 

“Existe um certo apego emocional e quando falamos de sonhos, isso acaba não tendo preço. Nosso resultado financeiro é consequência do nosso comportamento e é justamente aí que moram os perigos. Para realizar um sonho costumamos negligenciar todos os sinais de que não devemos tomar aquela decisão e acabamos nos justificando de todas as formas. Isso pode não ser a melhor decisão financeira e logo se transformar em pesadelo”, alerta Martello.

Ele explica que atualmente o mercado trouxe uma nova oportunidade que é o modelo de serviço de assinatura de carros. Na opção de assinatura, o cliente paga uma mensalidade fixa para utilizar um automóvel novo, a longo prazo, com contratos que podem durar anos. Já o aluguel geralmente funciona com períodos mais curtos e, na maioria das vezes, oferece carros usados. 

“Ambos têm se popularizado e caído no gosto do consumidor por muitas facilidades que oferecem, como controle e realização de manutenção, IPVA, licenciamento e seguro inclusos no valor mensal, sendo que as únicas preocupações do cliente são abastecer e usar, o que já seria feito se o carro fosse dele. Em contrapartida, o preço dos automóveis tem aumentado consideravelmente, bem como o tempo de espera para recebê-lo pois muitas vezes as concessionárias não possuem estoque do modelo escolhido”.
 
Com base em tudo isso, não é uma regra que uma das três opções (comprar, alugar ou assinar um automóvel) seja sempre a melhor. No entanto, em termos gerais, o modelo de assinatura, principalmente com contratos com prazos mais longos, é mais vantajoso financeiramente. Porém é preciso fazer um estudo detalhado, levando em conta todos os fatores acima, para tomar a melhor decisão para aquele momento de vida.
 
Mas para quem está em dúvida, Martello elencou os principais pontos a serem observados na hora de assinar ou comprar. 
 
Para assinatura ou aluguel:
 
 – Qual a duração do contrato?
 
– Quais serviços e recursos inclusos?
 
– Qual tipo de apólice de seguro e coberturas? Quanto custa essa apólice?
 
– Quais multas contratuais envolvidas?
 
– Quais limites de utilização (como quilometragem e território por exemplo)?
 
– Vai atender ao que preciso? A minha rotina de utilização está totalmente dentro do pacote que está sendo oferecido?
 
– Se eu extrapolar esses limites, quais custos adicionais?
 
– Por quanto tempo pretendo utilizar o veículo?

 
Para compra:
 
 – Vou pagar à vista ou financiado?
 
– Se for financiar, terá entrada? Qual o saldo residual?
 
– Qual a taxa de juros desse financiamento?
 
– Qual a taxa de juros do mercado, caso decida aplicar o meu dinheiro?
 
– Qual o valor do IPVA, licenciamento, seguro e manutenção?
 
– Qual a desvalorização média desse carro (marca e modelo) no mercado, ao longo dos anos?

Tudo isso serve para a pessoa entender o comportamento do dinheiro ao longo do tempo e assim avaliar o que realmente faz sentido, do ponto de vista financeiro e de acordo com a própria necessidade. 
 
“Para finalizar, um ponto importante a ser considerado é que gastos com combustível, estacionamento, lavagem, multas e pedágio, por exemplo, devem ser considerados independentemente do carro ser alugado ou próprio e isso é extremamente relevante que seja considerado para saber se o custo total do bem, seja comprado, alugado ou com assinatura, cabe no orçamento mensal”.
 

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