Diversidade

Contratação de negros aumenta, mas falta representatividade em cargos de liderança

Segundo Mariana Dias, CEO e cofundadora da Gupy, mais da metade dos negros e pardos atua como operador, enquanto entre os brancos essa porcentagem é de 34,84%

- Getty Images
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Para além do mês da Consciência Negra, celebrado em novembro, a questão racial é um tema que precisa de atenção diária no Brasil. Levantamento da Gupy, de 1 de julho a 15 de novembro deste ano, ajuda a entender o porquê. Apesar dos dados mostrarem um aumento de 17,9% e de 13,9% na contratação de negros e pardos, respectivamente, há poucos deles em cargos de liderança, comparado a contratações de pessoas brancas.
 
Segundo Mariana Dias, CEO e cofundadora da Gupy, mais da metade dos negros e pardos atua como operador, enquanto entre os brancos essa porcentagem é de 34,84%.  

“As mulheres negras são maioria nesse tipo de cargo (operador, 57,59% e auxiliar, 62,36%), e são a minoria em cargos de liderança (diretor, coordenador, supervisor) – com exceção do cargo de gerente, no qual elas representam 60%”, detalha.

***Os dados levantados são de pessoas que informaram seus dados de diversidade na Gupy, não representando então 100% da base de usuários contratados via Gupy no período

Escolaridade

Mariana afirma que o grau de escolaridade acaba influenciando nesse índice. Números da base de dados da própria Gupy apontam que há uma alta concentração de negros (45,30%, sendo 54,60% mulheres) e pardos (48,77%)  no nível médio de formação, se comparado a pessoas brancas (29,23%).
 
“Mas esse cenário está evoluindo para melhor. A quantidade de pardos com ensino superior chega a 26,63%, e de negros a 30,07% se aproximando dos 38,98% brancos com esse tipo de formação”.
 

Outro fator que se impõe como uma barreira é o segundo idioma. Quando se trata do domínio do inglês, por exemplo, pessoas pardas (29,78%) e negras (33,17%) ainda ficam muito atrás de pessoas brancas (52,82%) na fluência da língua.
 
“Hoje, noto que as empresas estão mais preocupadas em promover de fato a diversidade em suas equipes, saindo apenas do discurso, e partindo para a ação na importante missão de tornar o mercado menos desigual”, avalia Mariana.
 
Segundo ela, muitas organizações também estão revendo os requisitos das vagas publicadas, para não afastar profissionais com potencial, mas que no momento não têm formação superior completa, ou não dominam um segundo idioma, por exemplo”.
 
O avanço do diálogo sobre inclusão e de programas que incentivem a contratação de profissionais diversos vem rendendo resultados positivos que o levantamento da Gupy revelou. 
 
Pessoas negras e pardas representam 54,68% das contratações, segundo dados levantados pela Gupy entre 1 de julho e 15 de novembro de 2021. Dos 50 mil candidatos contratados no período, 45,32% são brancos, 39,34% pardos e 15,34% negros.
 
Em um comparativo entre agosto/setembro e outubro/novembro deste ano, a admissão de negros aumentou 17,97%, e a de pardos 13,93%. 
 
“É claro que essa porcentagem pode melhorar, até porque a maioria da população brasileira, 56,1%, é negra. Mas com esse aumento, já notamos um avanço positivo rumo à redução da desigualdade no mercado de trabalho”, afirma Mariana.

Ferramentas

Para ajudar as empresas, entre outras ações, a Gupy conta também com uma inteligência artificial, a Gaia, que revisa currículos sem olhar características como etnia, gênero e orientação sexual, e também sem levar em consideração em qual universidade a pessoa estudou, por exemplo, ou qualquer outro fator que poderia gerar qualquer viés inconsciente no recrutador.
 

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