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Fundos de renda fixa: veja o que são, como funcionam e em que tipos de ativos eles investem

Com o ciclo de alta da taxa Selic e as projeções de que ela alcance 8,50% no fim do ano, modalidade tende a recuperar sua relevância na carteira dos investidores

- Marcello Casal Jr., Agência Brasil
- Marcello Casal Jr., Agência Brasil

De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos de investimento receberam R$ 169,9 bilhões em aportes de investidores de varejo e institucionais no primeiro semestre deste ano.

O destaque positivo de captação ficou com os fundos de renda fixa, que captaram R$ 98,9 bilhões entre janeiro e junho.

Os números exorbitantes, entretanto, não foram suficientes para turbinar a modalidade. Segundo dados da associação, em maio de 2020, 44% das contas eram de fundos de renda fixa, mas esse número caiu para 35% um ano depois devido a estratégias de diversificação por parte dos investidores.

Porém, o cenário pode mudar outra vez. 

Desde janeiro, a taxa básica de juros Selic já subiu de 2% para 6,25% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada nos dias 21 e 22 de setembro.

Com o ciclo de alta e a mais recente projeção do Boletim Focus de que a Selic alcance a marca de 8,50% no fim do ano, a renda fixa tende a recuperar sua relevância na carteira dos investidores, comentou José Ramos Rocha Neto, executivo da entidade. “Se esse cenário persistir, a tendência é que a renda fixa volte a ter participação maior nas carteiras e a renda variável não tenha o mesmo destaque do primeiro semestre”, diz. 

Confira como funcionam os fundos de investimento de renda fixa e quais são os tipos de ativos que a modalidade investe. 

Em quais ativos os fundos de renda fixa investem?

Fundos de renda fixa são carteiras de investimentos composta por diversos ativos que podem ser pré (quando você sabe, no momento da aquisição, qual será o retorno lá no futuro) ou pós-fixados (quando o rendimento é atrelado a algum índice econômico, como a Selic ou inflação — IPCA).

Entre eles estão as debêntures, títulos públicos federais, como o Tesouro Direto, e emitidos por instituições bancárias como Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

Debêntures – As Debêntures são títulos de crédito emitidos por empresas e negociados no mercado de capitais. Esses títulos são como empréstimos que você faz para empresas que, depois, devolvem seu dinheiro com juros. 

Não contam, entretanto, com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), embora forneçam outras proteções aos investidores, que podem ser acionadas para assegurar os pagamentos caso haja problemas. São isentos do Imposto de Renda.

CDBs – São oferecidos por bancos para captar recursos e têm rendimentos superiores à poupança. Entretanto, o quanto eles irão render dependerá de alguns fatores, como a instituição financeira que oferece o certificado, o prazo de vencimento, o montante mínimo e outros.

O rendimento pode ser feito por três tipos diferentes: o prefixado, determinado por uma taxa fixa no momento do investimento; o pós-fixado, atrelado à variação de um índice, normalmente o CDI (Certificado de Depósito Interbancário); e o híbrido, que mescla as duas formas.

LCIs e LCAs – Além de garantirem retornos acima da poupança, as Letras de Crédito Imobiliárias e do Agronegócio também têm uma característica que faz brilhar os olhos dos investidores: ambos são isentos de Imposto de Renda.

Assim como o CDB, ao comprar esse ativo, você “empresta” dinheiro para uma instituição financeira para receber os juros dessa aplicação. Entretanto, se diferenciam pelo tipo de lastro.

O primeiro se atrela à carteira de empréstimos relacionados ao setor imobiliário. Já o segundo, será usado pelos participantes do agronegócio.

Todos são controlados por um gestor, responsável por tanto inserir quanto retirar aplicações da carteira.

Além dos títulos acima, é comum também que os fundos de renda fixa invistam também em cotas de outros fundos ou até em ativos mais voláteis do mercado financeiro, como derivativos, com o objetivo de trazer mais rentabilidade para a carteira, mas sempre gerenciando o risco de acordo com a estratégia do fundo.

Como funcionam?

Investidores compram parcelas do fundo – cotas – e o gestor monta a carteira de ativos financeiros que tem o potencial de trazer os melhores resultados e cabe a ele ajustar a composição desta aplicação periodicamente.

Mensalmente, são divulgadas informações como a performance do fundo, o percentual dos ativos e as mudanças realizadas.

Tipos de fundos de renda fixa

Fundos Referenciados – Nessa modalidade, o gestor aloca o patrimônio do fundo para que ele tenha retorno igual a uma taxa de referência, chamada de benchmark.

Uma taxa comum de ser utilizada como referência é a DI (depósito interbancário, taxa de juros praticada em empréstimo entre instituições financeiras, como bancos).

Em fundos referenciados, normalmente 80% ou mais do patrimônio é investido em títulos de baixo risco e alta liquidez, como os emitidos pelo Tesouro Nacional ou Banco Central.

Fundos de Crédito – Essa categoria de fundos de renda fixa assume um pouco mais de riscos em busca de maiores ganhos.

A carteira tem, ao menos, 50% de ativos em títulos privados, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e debêntures, atrelados ao CDI ou a variação de algum índice inflacionário.

Os gestores podem, portanto, comprar títulos do Tesouro e combinar com a aquisição de LCIs, LCAs ou derivativos para complemento da rentabilidade buscada.

Simples – Apresentam mais possibilidades de investimento que os referenciados, já que não se atêm a um determinado indicador. Assim, gestores podem aproveitar movimentos do mercado para buscar mais rentabilidade. 

Quanto à segurança do investimento, os fundos simples devem manter no mínimo 95% do seu patrimônio em títulos federais ou de emissão de instituições financeiras de risco de crédito, no mínimo, equivalente ao risco dos títulos públicos.

Dívida externa – Mantêm, no mínimo, 80% de seu patrimônio líquido em títulos representativos da dívida externa de responsabilidade da União.

Não podem manter ou aplicar recursos no país, com exceção de algumas hipóteses previstas na regulamentação, como a aplicação dos recursos remanescentes na realização de operações com derivativos para proteção da carteira.

Isso possibilita que os outros 20% dos recursos sejam alocados em outros títulos de crédito.

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