Educação Financeira

O que são dividendos e como recebê-los?

Aprenda, de um jeito fácil, como funcionam ativos que distribuem renda

O que são dividendos
Saiba como os dividendos podem gerar renda passiva e construir um patrimônio sólido através de investimentos em ações, FIIs e outros ativos financeiros | Pexels

Todos os investidores compartilham um objetivo comum: ver seus investimentos gerando retornos positivos. E não há sensação melhor do que ver esses lucros chegando de forma regular na sua conta. É aqui que entram os dividendos, uma das formas mais tradicionais de remuneração aos investidores.

Eles representam uma parcela dos lucros que as empresas distribuem diretamente aos seus acionistas, funcionando como uma recompensa pela confiança depositada no negócio.

Imagine ser dono de uma pequena parte de grandes empresas e receber periodicamente sua participação nos lucros – essa é a essência dos dividendos, uma forma de renda passiva que pode ajudar a construir um patrimônio sólido ao longo do tempo.

O que são dividendos e como eles funcionam

Os dividendos são uma forma de distribuição dos lucros de empresas ou fundos imobiliários aos seus acionistas ou cotistas. Quando você investe em ações ou cotas de FIIs, você se torna efetivamente um sócio do negócio, tendo direito a uma parcela dos resultados.

A distribuição pode ocorrer em diferentes periodicidades – mensal, trimestral ou anual, dependendo da política de cada empresa. Vale ressaltar, que nem todas as empresas optam por pagar rendimentos, já que algumas preferem reinvestir seus lucros para crescimento do próprio negócio.

Para avaliar os dividendos, existem dois indicadores principais: o dividend yield e o payout ratio. O primeiro é um indicador percentual que mostra quanto uma empresa paga de dividendos em relação ao preço de suas ações. Por exemplo, se uma ação vale R$ 100 e paga R$ 10 em dividendos anuais, seu dividend yield é de 10%.

Já o segundo conceito, por sua vez, indica qual percentual do lucro líquido é destinado ao pagamento de dividendos. Se uma empresa lucra R$ 1 milhão e distribui R$ 500 mil em dividendos, seu payout ratio é de 50%. Este indicador é importante para avaliar se a distribuição é sustentável no longo prazo.

Como receber dividendos

Para começar a receber dividendos, o primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora de valores. Em seguida, você precisa escolher e comprar ativos que pagam dividendos.

É fundamental entender que existe uma data específica, chamada “data com“, em que você precisa ter o ativo em sua carteira para ter direito aos dividendos. Após essa data, as ações passam a ser negociadas “ex-dividendos”, ou seja, quem comprar nesse momento não receberá o próximo pagamento.

Os dividendos são depositados diretamente na sua conta na corretora, e você pode acompanhar os pagamentos através do extrato. Algumas corretoras oferecem relatórios detalhados sobre os dividendos recebidos, o que facilita o controle e o planejamento financeiro.

O processo para receber dividendos mensais é simples: basta montar uma carteira diversificada com ativos que fazem pagamentos em diferentes momentos do mês. Assim, você consegue criar um fluxo constante de rendimentos.

Pontos positivos e negativos

Entre os benefícios de investir em ativos que pagam dividendos está a previsibilidade da renda. Empresas com histórico consistente de pagamentos oferecem mais segurança aos investidores que buscam rendimentos regulares.

Outro ponto positivo é a proteção contra a inflação, já que empresas sólidas tendem a aumentar seus dividendos ao longo do tempo. Além disso, no Brasil, os dividendos são isentos de imposto de renda, o que os torna ainda mais atrativos.

Um dos maiores benefícios dos dividendos é a geração de renda passiva, que permite que você receba dinheiro regularmente sem precisar vender seus ativos.

Por outro lado, empresas que pagam muitos dividendos podem ter menos recursos para investir em seu crescimento, que pode limitar a valorização das ações no longo prazo.

Existe também o risco de a empresa reduzir ou suspender o pagamento de dividendos em momentos de crise, ou necessidade de capital. Por isso, é importante não depender exclusivamente desse ativo e diversificar os investimentos.

Exemplos de ativos que distribuem dividendos

As ações são os ativos mais conhecidos quando se fala em dividendos. Empresas como a Vale (VALE3), Cemig (CMIG3), Itaú (ITUB3/ITUB4) e a Petrobras (PETR4/PETR3), por exemplo, costumam ser boas pagadoras de dividendos.

Já os fundos imobiliários (FIIs) também são populares entre os investidores que buscam renda. Por lei, eles precisam distribuir pelo menos 95% de seus lucros aos cotistas. Alguns que pagam dividendos são: BTHF11, HCTR11, HGLH11 e o MXRF11.

BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de empresas estrangeiras como a Nvidia (NVDC34), Vodafone (V1OD34) e HSBC (H1SB34), distribuem dividendos, embora neste caso haja incidência de imposto de renda.

Existem ainda os ETFs (Exchange Traded Funds), que reúnem em um único investimento várias empresas que podem pagar proventos, como WEB311, GENB11 e o QETH11, por exemplo.

Alguns fundos de investimento também podem ter como estratégia o investimento em ativos que pagam dividendos.

Tributação

No Brasil, os dividendos são isentos de imposto de renda para pessoa física. Esta é uma vantagem significativa em comparação com outros investimentos.

No entanto, ao declarar dividendos no Imposto de Renda, é necessário informá-los na ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”.

Para facilitar a declaração, mantenha um controle detalhado dos dividendos recebidos ao longo do ano. As corretoras fornecem informes de rendimentos que ajudam neste processo.

No caso de dividendos de BDRs ou ações internacionais, pode haver tributação tanto no país de origem quanto no Brasil.

Dividendos sintéticos

Os dividendos sintéticos são uma alternativa aos proventos tradicionais, onde ao invés de receber pagamentos em dinheiro, o investidor recebe ações adicionais da mesma empresa. Esta estratégia funciona como um reinvestimento automático dos lucros, permitindo ao acionista aumentar gradualmente sua participação na companhia.

Uma característica importante dos dividendos sintéticos é que eles podem ser criados através de estratégias com opções, permitindo que investidores recebam um fluxo de rendimentos mesmo de empresas que não pagam proventos tradicionalmente. Isso é feito através da venda coberta de opções de compra, onde o investidor recebe um prêmio que simula o pagamento de dividendos.

Embora os dividendos sintéticos possam ser atrativos para investidores focados no longo prazo e no crescimento do patrimônio, eles apresentam riscos e limitações específicas. Entre eles estão a possível diluição da participação acionária, menor liquidez em comparação com dividendos em dinheiro e potenciais implicações fiscais que precisam ser consideradas cuidadosamente pelo investidor.

Estratégia da bola de neve

No começo, os rendimentos poderão parecer modestos, no entanto, com a estratégia da bola de neve, é possível aumentar seus rendimentos ao longo do tempo. Esta estratégia consiste em reinvestir sistematicamente todos os dividendos recebidos, comprando mais ações ou cotas de fundos imobiliários.

À medida que você reinveste, seu patrimônio cresce de duas formas: pelos dividendos recebidos e pela quantidade crescente de ativos em sua carteira. Cada novo ativo adquirido com os proventos reinvestidos passa a gerar seus próprios rendimentos, criando um ciclo virtuoso de crescimento.

Esta abordagem é interessante no longo prazo, já que ela aproveita o efeito dos juros compostos. Quanto mais tempo você mantiver esta disciplina de reinvestimento, maior será o potencial de multiplicação do seu patrimônio e, consequentemente, da sua renda passiva futura. É como uma bola de neve que, ao rolar montanha abaixo, vai ficando cada vez maior.

A chave para o sucesso desta estratégia (e da grande maioria) é a consistência junto com a paciência. Ao reinvestir regularmente seus dividendos, você acelera o crescimento do seu patrimônio e aumenta sua renda passiva futura.

Sair da versão mobile