Febre preocupante

Febraban sugere a Haddad suspensão do uso do Pix em apostas para evitar endividamento

Presidente da entidade fez declarações durante uma entrevista concedida após reunião com o ministro da Fazenda

Febraban sugere a Haddad suspensão do uso do Pix em apostas para evitar endividamento

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, defendeu, nesta quarta-feira (2), a suspensão ou limitação temporária do uso do Pix para pagamentos em apostas on-line.

Ele expressou preocupação com o crescimento das transferências destinadas a casas de apostas, que pode impactar a inadimplência das famílias brasileiras.

Sidney fez essas declarações durante uma entrevista concedida após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

De acordo com o presidente da Febraban, o encontro foi de caráter exploratório e não resultou em decisões imediatas.

“Há um processo de diagnóstico do mercado e do uso de dinheiro, principalmente entre os beneficiários do Bolsa Família”, afirmou Sidney. O executivo reforçou que sua proposta compõe uma análise mais ampla sobre o impacto das apostas on-line na saúde financeira das famílias brasileiras.

Prevenção ao superendividamento

Sidney deixou claro que a Febraban não propõe políticas públicas diretamente, mas foca em medidas de prevenção ao superendividamento.

Ele destacou que a entidade tem acompanhado a evolução do mercado de apostas no Brasil e defendeu que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) implemente um “freio de arrumação” enquanto a regulamentação desse setor não for concluída.

“Esse freio passa por algumas medidas emergenciais e temporárias. Nós temos defendido que os meios instantâneos de pagamento, como o Pix, possam temporariamente ficar suspensos para o pagamento de apostas”, explicou Sidney.

Além disso, ele sugeriu a criação de uma força-tarefa que envolva o governo e o setor privado para estudar os impactos das apostas on-line no Brasil, uma vez que considera necessário um “diagnóstico preciso” para entender a real dimensão do problema.

Limite no uso do Pix

Caso a suspensão temporária do Pix não seja implementada, Sidney sugeriu outra alternativa: a imposição de limites de pagamento por transação.

“Um dos caminhos, em vez de proibir o uso dos meios instantâneos, impor limites. Mas o foco em evitar a deterioração do nível de endividamento das famílias”, declarou o presidente da Febraban.

Sidney também destacou que a proliferação de apostas on-line ocorreu de maneira exponencial e sem controle estatal, o que exige uma “reflexão” para se absorver os dados e tomar as medidas necessárias.

O impacto das apostas no orçamento familiar

De acordo com Isaac Sidney, o Banco Central tem fornecido dados preocupantes sobre o uso do orçamento das famílias para pagamentos em apostas.

Ele afirmou que já há um nível elevado de comprometimento da renda das famílias de baixa renda, e que o Estado, o poder público e o setor privado precisam agir para evitar que o problema se agrave.

“O Pix representa mais de 90% dos pagamentos às casas de apostas, fundamental que se estude esse impacto para evitar um aumento ainda maior na inadimplência”, pontuou.

Cenário do crédito e mercado de trabalho

O presidente da Febraban também falou sobre o atual cenário econômico do Brasil. Segundo ele, o país vive o melhor momento do mercado de crédito desde a pandemia de COVID-19, com os níveis de inadimplência estabilizados.

Em agosto de 2024, o estoque de crédito atingiu R$ 6,10 trilhões, um aumento de 10,10% em 12 meses.

A inadimplência foi de 3,2%, um índice que se manteve estável nos últimos meses.

Ele destacou ainda que o mercado de trabalho também apresenta um cenário positivo, com a taxa de desemprego em 6,6% no trimestre encerrado em agosto de 2024, o menor patamar desde o início da série histórica, em 2012.

Sidney finalizou e disse que o Brasil deve aproveitar esse momento favorável tanto no crédito quanto no emprego para evitar novas frentes de endividamento.

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