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A Grande Revolta dos Sardinhas de 2021

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Por Geoffrey Smith, da Investing.com – Este é um momento histórico nas bolsas de valores. Como tal, os historiadores reconhecerão o que está acontecendo agora melhor do que aqueles treinados nas disciplinas baseadas na matemática, que são normalmente as mais exigidas para o sucesso nos mercados financeiros.

As vitórias conquistadas por exuberantes investidores de varejo contra os fundos de hedge de venda a descoberto são identificáveis com uma série de revoltas e revoluções ao longo dos tempos. Todos elas têm como ponto de virada os momentos marcantes quando os oprimidos e desfavorecidos repentinamente tomam consciência do poder que têm quando se unem e se organizam.

Os vencedores desta semana na GameStop (NYSE:GME) e na AMC Entertainment (NYSE:AMC) também foram vistos invadindo a Bastilha em 1789, despejando chá no porto de Boston em 1773 e perseguindo monarcas europeus de seus palácios em 1848.

Este é um momento social e cultural, tanto quanto financeiro. Veja este exemplo, um dos inúmeros, da conta do Twitter WallStreetBets Intern: “Um lembrete para todos comprados em #WSB $GME $AMC $BB (sic.) Nem um único executivo de Wall Street foi punido pela crise financeira de 2008. F***-se eles.”

Ou este de outra conta do Twitter com o apelido Stonk Daddy da AOC* (a revolta não é nada senão bipartidária):

“Nunca vi uma oportunidade melhor para f** as pessoas que odeio com tanta paixão. Cada protesto, cada ação direta em que participei. Empalidece em comparação (sic.)”

É obviamente um desejo de vingança acima de tudo. As queixas podem ser específicas, como aquelas daqueles que estiveram no lado errado das práticas agressivas de vendedores a descoberto, operadores de alta frequência ou apenas corretoras da Main Street. Ou podem ser gerais, dirigidos contra o estabelecimento de Wall Street (que, sem surpresa, inclui uma Comissão de Valores Mobiliários que está apenas acordando para a multidão do lado de fora).

"COMAM. OS. RICOS." “F** os engravatados”. E assim por diante. Este é um momento movido pela raiva.

Sabemos pela história o que acontece a seguir. Na maioria das vezes, a multidão, intoxicada por seu próprio sucesso, comete excessos que endurecem a determinação de seus oponentes, que quase sempre têm melhores recursos e – quando a guarda está baixas – igualmente desesperados. A casta dominante recupera a coragem, a solidariedade dos rebeldes cede sob pressão e o status quo é restaurado por uma repressão cruel. A narrativa é a mesma desde a Antiguidade (a Revolta Judaica de 70 d.C.), passando pela Idade Média (Paris 1358, Londres 1389), pela era do Império Britânico (Escócia 1746, Volga em 1775, Prússia 1849, Índia 1857) e até a era moderna. A lista é literalmente interminável.

Mesmo os levantes mais bem-sucedidos geralmente azedam quando os vencedores se voltam uns contra os outros. A unidade da multidão – a fonte de sua força – é estritamente limitada no tempo. Alguma resposta à pergunta “quando eu vendo GME / AMC / BB?” produzirá perdedores, que desviarão sua raiva do estabelecimento para os que venderam e traidores.

Nada disso é para imacular as origens e as realidades por trás das queixas que orientam este momento. Não é nosso trabalho encobrir as desigualdades criadas pelo último ciclo de expansão e queda, ou a injustiça implícita na estrutura de mercado de hoje. É apenas para dizer que momentos como este geralmente terminam com cabeças em lanças ou corpos amarrados a canhões. Certifique-se de que o seu não seja um deles.

*Nota do editor: AOC é a inicial da representante democrata Alexandria Ocasio-Cortez

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