Com o provisionamento de 100% da dívida tóxica de Americanas (AMER3) de R$ 4,8 bilhões (R$ 2,7 bilhões líquidos de impostos) no quarto trimestre de 2022, o lucro do Bradesco (BBDC4) despencou para R$ 1,6 bilhão (ROE de apenas 4,1%), queda substancial de 69,5% trimestre a trimestre e 75,9% ano a ano.
A Genial Investimentos afirmou que já esperava um desempenho fraco, com um aumento substancial de provisões para crédito e resultado de tesouraria ainda negativo sobre o desempenho das receitas do banco.
Excluído o impacto da varejista, o lucro seria de R$ 4,26 bilhões, com um ROE ainda fraco de 10,9%, em linha com as estimativas assinadas pelos analistas Eduardo Nishio e Wagner Biondo.
Não bastasse, o guidance anunciado para 2023 enfraquece qualquer esperança de uma recuperação rápida de rentabilidade no curto prazo, diz a Genial Investimentos.
Biondo e Nishio acreditam que eventualmente o ROE volte ao patamar de 18% somente em algum trimestre de 2024. No meio do faixa indicativa do guidance, estimam a um lucro de apenas R$ 20,4 bilhões e ROE ainda anêmico de 12,7% para 2023, praticamente igual a 2022.
Desse modo, apesar do valuation historicamente descontado de 0,91x P/VP 22 e 6,86x P/L 23E (meio do guidance), sem muitos motivos para nos animarmos no curto prazo, a Genial Investimentos reiterou sua recomendação para manter os papéis, ao preço-alvo de R$ 15,60.
Na avaliação, os principais pontos de atenção são:
- – i) provisão de 100% da dívida tóxica da Americanas;
- – ii) continuação do aumento da inadimplência, que deve atingir o pico no segundo trimestre deste ano;
- – iii) margem com o mercado em melhoria trimestre a trimestre, mas ainda longe do lado negativo;
- – iv) seguros com resultado robusto, fruto de melhora operacional e do financeiro;
- – v) benefício fiscal do JCP ajuda o resultado.