No âmbito das mudanças na Lei das Estatais aprovadas pela Câmara dos Deputados na primeira quinzena de dezembro, a equipe de Equity Research do Inter (INBR32), representada pelos analistas Rafaela Vitoria e Rafael Winalda, publicou uma série de avaliações sobre companhias estatais brasileiras.
O próximo governo federal demonstra, por exemplo, interesse em mudar a atual política de preços da Petrobras (PETR3)(PETR4), o que, no entendimento de Vitoria e Winalda, apresenta uma serie de riscos.
Eles relembram que o Brasil possui autossuficiência em termos de produção de óleo bruto, mas permanece deficitário em termos de derivados, principalmente diesel, uma vez que a capacidade das refinarias não supre toda a demanda. A solução, então, seria a exposição ao preço internacional.
Todavia, com as diversas pressões no preço da commodity, o consumidor brasileiro sente o repasse, mas, para os analistas, uma mudança da política pode acarretar em acúmulos de prejuízos a Petrobras, aumento do seu endividamento e entre outros. Com todas as incertezas, o Inter escolheu manter uma
recomendação neutra em todas as estatais neste momento, não somente Petrobras.
Analistas prosseguem e dizem que o Banco do Brasil (BBAS3), por sua vez, apesar de possuir uma governança corporativa robusta com um modelo de decisão colegiada, que envolvem representantes das unidades do banco e apoio de comitês executivos na definição das estratégias e aprovação de negócios, possui como seu principal acionista o Governo Federal, que, por meio do conselho de administração ainda consegue ter forte influência na diretoria e, consequentemente, nos rumos estratégicos.
O uso do crédito para ampliar os interesses e incentivos do governo, desalinhado à garantir solidez e rentabilidade no longo prazo, pode ser um fator a se atentar para os próximos anos, o que pode afetar o nível de spread e qualidade de crédito.
Apesar de que, no BB, “por ser um banco listado e pertencente ao novo mercado da B3 com boas práticas de governança e transparência, Vitoria e Winalda acham um caminho não improvável, porém, difícil, enquanto existem instituições como Caixa Econômica Federal (CEF) e BNDES com menor nível de transparência e dispositivos de governança, que são amplamente utilizados nas políticas públicas da União”.
Com relação às estatais estaduais e municipais, mantêm certo pessimismo com a gestão e performance das mesmas. No entanto, o Inter (INBR32) salienta que pode ter teses individuais sobrepostas a este cenário, como possíveis privatizações, Sabesp (SBSP3), Copasa (CSMG3) e Cemig (CMIG4), por exemplo.
Em São Paulo, o drive foi a vitória de Tarcísio Freitas (Republicanos) para o governo do Estado, que tem postura mais inclinada a privatização. Minas Gerais, por sua vez, segue a mesma linha, mas com a reeleição de Romeu Zema (Novo).
Salvo estes possíveis casos, analistas do Inter mantiveram recomendação neutra com certo receio ao futuro da performance destas ações. Muitos são os exemplos de interferência que estas companhias tiveram no passado, ou ainda tem, o que ainda acarreta uma performance abaixo dos pares.
Veja as recomendações: