Por Jessica Bahia Melo, da Investing.com – A continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia, sinais de inflação e lockdowns na China e temores de uma recessão induzida pelo Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, motivaram a queda nas ações nos EUA.
Fatores levaram, inclusive, o índice de tecnologia Nasdaq ao território de bear market (quando a queda em um período fica igual ou acima de 20%) em 2022, com a queda acumulada no ano em 21,25% no fechamento do pregão na sexta-feira (29).
Mas, as quedas não ocorrem somente em Wall Street.
A volatilidade dos mercados continua e, segundo relatório do UBS, o sentimento negativo foi exacerbado pelo Índice de Custo de Emprego dos EUA, que mostram que os salários aumentaram 1,4% em relação ao trimestre anterior, acima das expectativas de consenso e um recorde na série histórica com essa metodologia.
Isso levou a uma alta nos rendimentos dos títulos do tesouro norte-americano de 2 e 10 anos, que aumentaram cerca de 10 pontos base na sexta-feira, para os respectivos aumentos mensais de 39bps e 59bps (pontos-base).
“Com a reunião do Federal Reserve esta semana para decidir sobre seu próximo passo sobre as taxas de juros, aumentaram as preocupações de que o banco central pode optar para um movimento de 75bps – mais agressivo -, em vez dos 50bps amplamente esperados aumentar. Os mercados futuros de fundos do Fed agora estão precificando em mais de 280bps de aperto este ano, levantando preocupações sobre a capacidade da economia de resistir a este ritmo de aperto sem cair em recessão. As preocupações com o crescimento foram agravadas pelas lutas contínuas da China para conter a covid-19 – outras restrições foram anunciadas para Pequim neste fim de semana – bem como o impacto das restrições no fluxo de petróleo russo e gás na economia europeia”, detalha o documento.
O que o UBS espera?
De acordo com o UBS, a questão central para os investidores seria se o Fed pode fazer com que inflação e o crescimento estejam na sua tendência sem provocar uma recessão.
“Nosso caso-base é que a inflação caia dos níveis atuais, mas permaneça acima intervalos pré-pandemia. Esperamos que o crescimento em 2022 seja mais lento do que no ano passado, mas não cair em recessão. Nossa opinião é que a estratégia correta é posicionar-se para a inflação – um fato claro e presente – em vez de recessão, que ainda é apenas uma possibilidade futura”, detalha o documento.
Como investir nesse cenário?
O relatório do UBS reforça que, com o cenário-base, os mercados terminarão o ano acima dos níveis atuais, mas pondera que uma gestão ativa do portfólio é importante, privilegiando setores que devem superar a inflação.
- Invista em valor
A primeira recomendação do UBS é aumentar a exposição em investimentos em valor, incluindo energia, visto que os setores orientados para crescimento estão pressionados.
- Gerenciar inflação e juros
O UBS reforça que rendimentos crescentes estão surgindo na renda fixa e também vê oportunidades de bons rendimentos em ESG. No entanto, mantenha preferência por áreas de crédito privado.
- Construir hedges no portfólio
Para reduzir a volatilidade e o risco, o UBS orienta que as commodities costumam apresentar bom desempenho histórico durante os regimes de inflação, e o dólar norte-americano pode continuar a atuar como hedge no curto prazo. O UBS recomenda aumentar exposição a setores de ações defensivos, como saúde e farmacêutico.
- Atente-se ao seu plano
O aumento da incerteza pode levar os investidores a tomarem decisões de forma emocional e prejudicar o sucesso financeiro.
“Uma vez que você tenha confiança de que pode encontrar necessidades de gastos de curto prazo, você está mais bem equipado para evitar reagir à volatilidade do mercado e vender os ativos em sua estratégia de Longevidade, que estão posicionados para o crescimento de longo prazo. Os mercados em baixa são notoriamente imprevisíveis, assim como os ralis de recuperação subsequentes”, lembra o UBS.