Recomendações

Nubank (NUBR33) cai 60% desde o IPO. O que esperar do balanço do 3º tri?

Analistas citam risco de inadimplência e episódios de instabilidade do aplicativo como fatores que podem prejudicar os resultados em curto prazo

-
-

Às 10:50 desta segunda-feira (14), os BDRs (sigla para Brazilian Depositary Receipt) do Nubank (NUBR33) eram negociados ao preço de R$ 4,00, em um avanço de 1,27% sobre o fechamento dos papéis na véspera.

A alta era suficiente para arrefecer a variação negativa acumulada pelo Nubank desde o seu IPO, em dezembro de 2021. No mesmo instante, os BDRs caíam 60,16% desde que abriu seu capital.

Hoje, a companhia reporta seus números financeiros referentes ao terceiro trimestre deste ano. De janeiro até aqui, acumula queda de 56,99%.

BTG

Em relatório recém-publicado, o BTG Pactual (BPAC11) reiterou sua recomendação neutra para os papéis do roxinho, ao preço-alvo de R$ 3,20.

Num encontro com analistas, David Vélez, fundador e CEO da fintech, afirmou acreditar que as empresas de tecnologia (como o Nu) serão as “vencedoras” em serviços bancários e financeiros (como as empresas de tecnologia foram em vários setores).

Ainda na ocasião, o executivo disse que a missão do Nu era reinventar serviços com muito mais qualidade e custos muito mais baixos. Neste ambiente competitivo acirrado, ser o fornecedor de menor custo revela-se como a chave para o sucesso de longo prazo.

Na conversa, Vélez reiterou seus quatro pilares de vantagem de custo:

(i) CAC: Nu cresce de forma viral via boca a boca, com base em seu alto NPS;

(ii) CTS: embora tenha 70 milhões de clientes, o Nu tem cerca de 10% do quadro de funcionários de incumbentes;

(iii) CoR: como usa muita IA e ciência de dados, do ponto de vista de subscrição, vê muitas oportunidades para oferecer mais crédito a custos muito mais baixos; e

(iv) CoF: Nu tem muito mais financiamento do que precisa (4x), e precisou “rejeitar” vários clientes nos primeiros dias para evitar seleção adversa negativa.

Analistas reforçaram, ao fim do relatório, que quanto mais seguem e estudam Nubank, mais gostam da tese. E disseram ainda que reuniões como a feita com Vélez definitivamente fazem a diferença. Eles afirmam que o valuation foi um grande problema no início do ano, mas melhorou após a correção do mercado.

Os NPLs também estão em alta, o que pode criar preocupações extras e pressionar um pouco mais a ação, dizem. Ainda veem um valuation esticado, pois não consideram ser fácil reportar receitas suficientes no segmento de baixa renda para justificar um valor de mercado de aproximadamente US$ 20
bilhões.

Credit Suisse

Ao iniciar a cobertura das ações do banco digital negociadas em Nova York (NYSE:NU), o Credit Suisse imprimiu sua recomendação outperform, com preço-alvo de US$ 6,50 para os papéis.

Analistas acreditam que o Nubank esteja próximo de seu ponto de virada, a iniciar em 2023. Para o ano que vem, projetam um lucro de R$ 437 milhões. Os ganhos, entretanto, devem saltar a R$ 2,57 bilhões em 2026, com um ROE de 30%.

Itaú BBA

O Itaú BBA projeta que o Nubank registre um prejuízo de R$ 176 milhões em linha final no terceiro trimestre deste ano.

“Os investidores provavelmente ficarão desapontados com a alta contínua em NPLs no terceiro trimestre de 2022 (tanto em 15 e 90 dias e acima de 90 dias), apesar do recente tom esperançoso adotado pela administração”, avaliou o banco, em relatório.

Analistas citaram ainda episódios de instabilidade do aplicativo. “Notamos diversos dias de interrupções nos sistemas desde o início do quarto trimestre de 2022, o que deve machucar as estimativas para o fim de ano e o NPS”, pontuaram.

JP Morgan

Por sua vez, o JP Morgan foi no mesmo sentido que o Itaú BBA e cortou sua recomendação de neutra para venda (underweight). De acordo com os analistas, o banco deve ser afetado por um cenário arriscado de alta inadimplência no período.

Como exemplo, citam o Banco do Brasil (BBAS3), que detém menor taxa nesse indicador entre as grandes instituições, e mesmo assim sofreu com um aumento recorde de aproximadamente 230 pontos-base nos NPLs.

Para evitar que os números se deteriorem, o JP sugere que o banco deveria desacelerar o crescimento. Além disso, analistas suspenderam o preço-alvo no material que divulgaram na semana passada. Eles citam apenas que uma cotação justa das ações gira em torno de US$ 4,00 e US$ 5,00.

Sair da versão mobile