A Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou nesta segunda-feira (10) que solicitou acesso aos dados de Braskem (BRKM5) para iniciar a devida diligência na petroquímica para o potencial exercício de seus direitos de tag-along.
Segundo a estatal, trata-se apenas de um passo necessário previsto no acordo de acionistas, e nenhuma decisão foi tomada sobre a participação da Petrobras no processo de venda da Braskem.
Na visão do BTG Pactual, embora seja importante destacar o comentário da Petrobras de que sua equipe de gestão e conselho de administração ainda não decidiu se exercerá seu direito de preferência na venda da gigante petroquímica, as ações da Braskem devem reagir negativamente ao anúncio.
"Como escrevemos anteriormente, o potencial exercício de direitos de tag along pela Petrobras limita o upside de curto prazo para os acionistas minoritários da Braskem", destaca.
Os analistas do BTG têm recomendação de compra na ação, com preço-alvo de R$ 36,00.
O acordo de acionistas entre a Petrobras e a Novonor (controladora da Braskem) estabelece direitos de tag along de 100% para os detentores de BRKM5 em caso de mudança de controle.
No entendimento do BTG, no entanto, uma compra pela estatal não implicaria em uma mudança de controle, portanto, não incluindo direitos de tag-along para acionistas minoritários de ações preferenciais.
Os detentores minoritários de ações com direito a voto ainda teriam direitos de tag along de 80%, mas os minoritários detêm apenas 2,9% das ações (altamente ilíquidas) com direito a voto.
A Petrobras, por sua vez, tem enfatizado a importância de reativar o crescimento, inclusive no setor petroquímico, portanto, a aquisição da companhia se encaixa nessa estratégia e na narrativa transmitida até agora.
Além disso, o banco destaca que a compra da participação da Novonor na BRKM por R$ 40/BRKM5 (preço mais alto do que propostas recentes pela petroquímica) implicaria um aumento de alavancagem de menos de 0,1x Dívida líquida/EBITDA para a Petrobras e poderia ser coberta sem muita dificuldade.
"O processo de venda da Braskem provavelmente se arrastará por mais alguns meses, e continuamos a pensar que o risco de os acionistas minoritários capturarem pouco ou nenhum benefício da venda da empresa é alto. Esperamos mais volatilidade à frente", completam os analistas.