Por Ana Carolina Siedschlag, da Investing.com – A América Latina terá a recuperação mais lenta do mundo no pós-pandemia, com os efeitos desencadeados pelo vírus exacerbando fragilidades políticas e fiscais históricas da região, disseram nesta segunda-feira (14) representantes da BlackRock, S&P Global e do Fundo Monetário Internacional, o FMI, em evento promovido pela Eurasia em parceria com a B3 (SA:B3SA3).
“Mercados desenvolvidos estão mais otimistas com o imenso fluxo de dinheiro que foi injetado nas economias durante a pandemia e estão olhando de volta para emergentes. Mas quando os benefícios de curto prazo acabarem, os desafios estruturais irão reaparecer, com problemas fiscais gigantescos”, disse Amer Bisat, diretor para mercados emergentes e de dívida soberana da BlackRock.
Para ele, com a melhora econômica global de 2021, há chances de governos latinoamericanos adiarem reformas estruturais importantes para o médio prazo, pressionando as contas de 2022 ou 2023.
Lisa Schineller, diretora da S&P Global, apontou que “a América Latina definitivamente será a mais lenta em recuperação” por ser uma região já muito vulnerável antes da pandemia.
Ela exemplificou que as dinâmicas da pandemia colocaram mais pressão política no Chile e fiscal no Brasil, e que a agência de risco irá olhar para as respostas fiscais depois dos estímulos.
“A recuperação para os países vai depender de onde partiram antes de implementar os benefícios. Em um país como o Brasil, que já vinha de déficits fortes e aumento da dívida, será importante observar se as reformas estruturais irão sair e se serão suficientes”, disse.
Para Alejandro Werner, diretor para o Hemisfério Ocidental do FMI, o cenário de recuperação da pandemia na América Latina, com problemas sociais, crescimento lento, situações fiscais problemáticas e falta de consenso político para reformas pode fazer com que alguns países da região abordem o fundo nos próximos 24 meses em busca de ajuda financeira.
“Teremos um segundo trimestre com uma enorme recuperação econômica no mundo desenvolvido por conta das vacinas. O que vamos observar de novo é a habilidade dos países com maiores desafios estruturais de se manterem firmes em um contraciclo global, que vai acontecer mais para frente”, disse.
O GZERO Summit Latin America promovido pela Eurasia e pela B3, acontece até esta terça-feira (15).