Política

Bolsonaro acuado exige atenção, diz Xavier, da SPX Capital

Em evento promovido pelo Daycoval nesta terça-feira (30), Xavier apontou que a reforma ministerial sinaliza que o governo precisou dar espaço aos partidos que controlam o Congresso para ganhar de volta algum poder de resposta

Presidente Jair Bolsonaro no Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão solene do Congresso Nacional - Pedro França/Agência Senado
Presidente Jair Bolsonaro no Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão solene do Congresso Nacional - Pedro França/Agência Senado

Por Ana Carolina Siedschlag, da Investing.com – Levando em conta o problema “gravíssimo” da dívida pública pelo qual o Brasil passa, a classe política não parece comprometida em dar recados aos credores de que o cenário pode mudar, ao mesmo tempo em que o presidente Jair Bolsonaro parece acuado e essa postura exige atenção do investidor, disse Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital.

Em evento promovido pelo Daycoval nesta terça-feira (30), Xavier apontou que a reforma ministerial do governo, anunciada nesta segunda-feira (29), sinaliza que o governo precisou dar espaço aos partidos que controlam o Congresso para ganhar de volta algum poder de resposta, assim como as interferências nas estatais sinalizaram desacordo com outros fronts de atuação do governo.

“Com um presidente acuado, temos que tomar um pouco de cuidado nas ações que ele possa tomar daqui para frente”, apontou.

Inflação em foco

Para Xavier, o Brasil pode estar perto da “tempestade perfeita inflacionária”, com os índices implícitos nos mercados desenvolvidos já muito elevados, que devem se refletir aqui em altas na casa dos 8% no meio do ano.

Xavier disse ainda que a SPX está comprada em dólar contra “todo mundo”, por acreditar que o crescimento dos EUA pode ser o dobro do Brasil, por exemplo. “Pode crescer 6% por lá, e nós 3% aqui, sendo que grande parte deve ser efeito da base fraca de comparação de 2020”.

Já para Luiz Fernando Figueiredo, sócio-fundador da Mauá e ex-diretor do Banco Central, a visão é um pouco mais otimista, considerando a abundância de liquidez global que ainda circula pelos mercados.

Para ele, o risco para o crescimento parece ser menor, “pelo menos até onde a vista alcança”, com ativos ligados à economia real com mais chance de seguirem em alta”.

Mário Torós, sócio-fundador da Ibiúna Investimentos, apontou, no entanto, acreditar que 2021 deve ser um ano de transição entre o auge da pandemia e a retomada econômica, sendo que algumas economias devem fazer essa mudança de forma mais rápida, enquanto outras terão um esse processo mais lento.

“Infelizmente, o Brasil está nesse segundo grupo. O principal determinante para os ativos brasileiros continua sendo externo, mas o interno tem colaborado muito”, disse, também citando a situação fiscal difícil do país.

Para ele, o viés de alta da inflação pode continuar ao longo do segundo trimestre.

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