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Camil (CAML3): BTG Pactual mantém recomendação de compra

Os resultados do terceiro trimestre de 2024 da Camil (CAML3) confirmaram expectativas conservadoras

Camil (CAML3): BTG Pactual mantém recomendação de compra

Os resultados do terceiro trimestre de 2024 da Camil (CAML3) confirmaram expectativas conservadoras, com números que ficaram ligeiramente abaixo das projeções, afirmaram analistas do BTG Pactual.

A receita líquida de Camil, no entanto, surpreendeu positivamente e atingiu R$ 3,10 bilhões, um crescimento de 3,0% em relação ao ano anterior e 9,0% acima das estimativas do banco de investimentos.

Esse aumento registrado pela empresa foi impulsionado por preços médios mais altos, embora tenha sido parcialmente compensado por uma significativa redução nos volumes.

Por outro lado, o EBITDA (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de Camil registrou R$180 milhões, uma queda de 19,0% na comparação anual e 7,0% abaixo do que aguardava o BTG Pactual.

As margens do EBITDA de Camil sofreram uma retração de 3,00 p.p. em relação ao trimestre anterior, e fechou em 5,8%, devido à combinação de volumes menores e ao aumento das exportações de açúcar.

O lucro líquido alcançou R$ 44,0 milhões, sustentado por um impacto positivo de R$ 57,0 milhões na linha de imposto de renda (IR).


Camil (CAML3) registrou queda nos volumes em todas as frentes

No Brasil, o segmento de alta rotatividade enfrentou uma acentuada queda nos volumes, com retrações de 5,0% em relação ao trimestre anterior e de 6,0% na comparação anual.

Essa redução, combinada com preços médios estáveis, resultou em uma receita de R$1,4 bilhão para a Camil, uma queda sequencial de 18,0%.

Embora parte dessa redução possa ser atribuída ao consumo antecipado de estoques pelos varejistas, parece improvável que um produto básico como o arroz registre uma queda tão abrupta.

Vale lembrar que os números desse segmento foram impulsionados pelas exportações de açúcar durante o trimestre.

Além disso, a crescente competitividade do mercado pode ter exercido uma pressão adicional sobre os volumes.

Já no segmento de alto valor, os volumes também diminuíram 5,0% em relação ao trimestre anterior, embora tenham crescido 11,0% na comparação anual.

As receitas nesse segmento somaram R$ 575,0 milhões, 5,0% abaixo das estimativas iniciais.

As operações de Camil no Brasil encerraram o trimestre com um EBITDA de R$ 90 milhões, uma redução de 37,0% em relação ao mesmo período do ano anterior e 16,0% abaixo das projeções, com uma margem de 4,10%.

No segmento internacional, os volumes de Camil apresentaram uma queda expressiva de 17,0% em relação ao trimestre anterior.

Apesar disso, preços médios mais elevados mantiveram as receitas estáveis, ao total de R$ 910,0 milhões.


BTG Pactual observa alavancagem em níveis críticos

A Camil (CAML3) registrou uma queima de caixa operacional, após despesas de capital (capex), de aproximadamente R$ 480 milhões no trimestre. Esse resultado foi impulsionado por um desempenho operacional mais fraco e pelo consumo de R$ 275,0 milhões em capital de giro.

Como consequência, a dívida líquida atingiu R$ 4,30 bilhões e elevou a razão entre dívida líquida e EBITDA ajustado para 4,50x.

Embora a Camil (CAML3) tenha enfrentado um alto consumo de caixa nos três primeiros trimestres de 2024, espera-se uma liberação significativa de capital de giro no último trimestre.

Essa movimentação deve reduzir a alavancagem para 3,5x ND/EBITDA, ou 3,2x excluído o leasing – a base para o cálculo do covenant.

Apesar de permanecer abaixo do limite atual de 3,50x, essa situação pode gerar preocupações entre investidores quanto ao risco de descumprimento.

A dívida sujeita ao covenant de 3,50x refere-se a um pagamento bullet agendado para abril de 2025.

Após esse pagamento, o covenant para as dívidas remanescentes vai ser ampliado para 4,0x.

O cálculo do covenant da Camil se baseia nos números de fevereiro, mas a empresa tem até maio para apresentar os resultados, já que este vai ser o último trimestre do ano fiscal.

Assim, mesmo que a alavancagem ultrapasse o limite de 3,50x, a empresa pode adiar a divulgação dos resultados, quitar sua dívida bullet e permanecer dentro do novo limite de 4,0x ND/EBITDA.


BTG Pactual mantém recomendação de compra para as ações de Camil (CAML3)

Apesar dos desafios recentes, o BTG Pactual reiterou sua recomendação de compra para as ações da Camil (CAML3), ao preço-alvo de R$ 10,00.

No entanto, o cenário atual exige maior cautela, considerando que a empresa está altamente alavancada, com uma parcela significativa de sua dívida atrelada à taxa CDI.

As taxas de juros em alta no Brasil continuam a pressionar os lucros e a geração de fluxo de caixa livre (FCF).

Ademais, os resultados recentes abaixo das expectativas têm mantido as ações sob pressão.

Para restaurar a confiança dos investidores, o BTG Pactual avalia ser crucial que a empresa apresente sinais concretos de retomada da trajetória de crescimento que caracterizou seu histórico.

Com uma estratégia bem delineada e ajustes operacionais adequados, a Camil pode superar os desafios atuais e voltar a gerar valor para seus acionistas.

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