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O BTG Pactual observou que o Nubank (ROXO34) ainda enfrenta um mercado competitivo e, embora a expansão de sua carteira de crédito não garantido seja um ponto positivo, o crescimento no curto prazo pode ser limitado.
Essa percepção do banco acontece após a companhia apresentar seus resultados financeiros referentes ao quarto trimestre de 2024, na última quinta-feira (20).
Apesar de identificar um panorama desafiador no curto prazo, o BTG Pactual continua otimista com a estratégia de longo prazo do Nubank, que inclui a expansão para novos mercados e a diversificação de seus produtos financeiros.
“Com uma estratégia focada em longo prazo, o banco aposta na construção de uma plataforma bancária digital ainda mais robusta e em sua expansão internacional como os principais motores de crescimento no futuro”, disse o banco.
Diante disso, o BTG manteve sua recomendação “neutra” para as ações ROXO34, que operam em queda nesta sexta-feira (21). Por volta das 11:10, os papéis caíam 4,34% a R$ 11,67.
O balanço financeiro da Nubank no 4° trimestre
O Nubank (ROXO34) divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2024 com um lucro líquido de US$ 553 milhões, o que representa um crescimento de 53% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A fintech, que tem sido uma das de maior destaque no mercado brasileiro, apresentou um ROE de 28,9%, em linha com as estimativas do mercado, mas 8% abaixo das previsões do BTG Pactual.
Em sua análise, o BTG Pactual ressalta que, embora o banco tenha mostrado recuperação na receita em comparação ao terceiro trimestre, a queda do NIM (margem líquida de juros) foi mais acentuada do que o esperado, impactada por uma série de fatores.
“A desvalorização do real, o aumento dos empréstimos garantidos e os custos mais altos de financiamento no México e na NU afetaram mais do que prevíamos”, afirmou a análise.
O crescimento dos depósitos foi um ponto positivo, com uma expansão de 16% no trimestre, alcançando US$ 28,9 bilhões.
Além disso, o banco registrou um aumento no número de clientes e no uso de seus produtos financeiros, com destaque para os cartões de crédito e o financiamento via PIX.
“O número de clientes ativos e a utilização do PIX continuam a crescer, com destaque para um aumento de 5,5% no número de usuários ativos de cartões de crédito e 8% no financiamento via PIX”, aponta o BTG.
Entretanto, o banco de investimentos chamou atenção para a desaceleração no crescimento do produto PIX e na carteira de crédito.
“Embora o banco tenha feito progressos significativos, o financiamento via PIX não deverá retomar seu ritmo de crescimento nos próximos 1 a 2 trimestres”, destaca a análise.
A desaceleração foi particularmente evidente no México e na NU, onde o retorno sobre os depósitos começou a desacelerar.
Em relação à carteira de empréstimos, o Nubank viu um crescimento robusto, com um aumento de 13% no trimestre, atingindo US$ 20,7 bilhões. “O crescimento foi impulsionado pela forte aceleração dos empréstimos pessoais e para PMEs, mas a desaceleração no cartão de crédito e no PIX começa a gerar algumas preocupações”, afirmou o BTG.
A qualidade dos ativos mostrou sinais positivos, com a inadimplência superior a 90 dias (NPL) no Brasil caindo 20 bps para 7%. No entanto, o BTG Pactual observa que o Nubank está atingindo um ponto de maturidade no Brasil, com menor espaço para expansão nos produtos tradicionais, como cartões de crédito e PIX.
“Embora o banco tenha mostrado força em termos de originação de novos empréstimos, especialmente no crédito pessoal não garantido, a competição e a saturação do mercado de crédito no Brasil podem limitar o crescimento no curto prazo“, conclui o BTG.