O otimismo do mercado de criptomoedas durou pouco. Após ensaiar uma recuperação na manhã de terça-feira (4), impulsionado pela trégua na guerra comercial entre Estados Unidos, México e Canadá, o Bitcoin (BTC) voltou a recuar diante da intensificação das retaliações da China contra os EUA.
O aumento das tarifas imposto por Pequim acendeu um novo sinal de alerta entre investidores, e impactou não apenas os ativos tradicionais, mas também o setor de criptoativos.
Em resposta às medidas tarifárias adotadas pelo governo dos Estados Unidos na segunda administração do presidente Donald Trump, a China impôs tarifas de 15% sobre as importações de carvão e gás natural liquefeito. Além disso, estabeleceu uma taxa de 10% sobre petróleo e equipamentos agrícolas provenientes do mercado norte-americano.
As novas tarifas entraram em vigor imediatamente, o que aumenta a incerteza nos mercados financeiros globais e pressionao preço dos ativos de risco, como o Bitcoin (BTC).
Diante da escalada da guerra comercial, o Bitcoin (BTC) recua 1,10% nesta quarta-feira (5), negociado a US$ 97.554 pela manhã.
Esse movimento ocorre após a criptomoeda ter conseguido recuperar brevemente a marca simbólica de US$ 100 mil na tarde do dia anterior.
A volatilidade intensa demonstra a sensibilidade do mercado de criptoativos aos desdobramentos da política econômica global, especialmente em um cenário de tensões entre as duas maiores economias do mundo.
Ethereum (ETH) se destaca como a única grande criptomoeda em alta nesta quarta-feira (5).
O ativo avançou 1,30%, negociado a US$ 2.764. Por outro lado, outras moedas digitais do top 10 do mercado registram perdas, como XRP (XRP), que caiu 1,6%, e Solana (SOL), que recuou 1,50%.
Prioridades do governo Donald Trump para as criptomoedas
David Sacks, nomeado “czar das criptomoedas” pelo presidente Donald Trump, revelou o interesse do governo em integrar o Bitcoin (BTC) à estratégia financeira dos Estados Unidos (EUA).
Durante uma coletiva de imprensa em Washington, Sacks destacou que a administração avalia a possibilidade de incluir a criptomoeda em um fundo soberano. Essa medida representa um marco na adoção institucional de ativos digitais pelo governo dos EUA.
Ao ser questionado sobre a utilização do Bitcoin no novo fundo soberano, Sacks afirmou que a inclusão da criptomoeda estaria entre as principais pautas do grupo de trabalho da administração. No entanto, ele ressaltou que a avaliação apenas avançaria após a confirmação de secretários do gabinete.
” Embora o fundo soberano e a reserva de Bitcoin sejam conceitos distintos, exploramos ativamente como ativos digitais podem desempenhar um papel fundamental nas finanças públicas“, declarou Sacks.
Howard Lutnick, indicado para Secretário do Comércio, deve liderar a iniciativa do fundo soberano.
A iniciativa do fundo soberano ganhou força após Trump assinar uma ordem executiva para sua criação. O governo norte-americano quer ampliar a receita governamental por meio de investimentos estratégicos. Analistas apontam que o Bitcoin (BTC) pode ser um dos ativos considerados para compor esse portfólio.
Trump ainda manifestou interesse em utilizar o fundo para aquisição de participações estratégicas, como a possibilidade de uma oferta pela plataforma TikTok, atualmente em escrutínio regulatório devido à sua propriedade chinesa.
James Butterfill, chefe de pesquisa da CoinShares, elogiou a ideia de incluir Bitcoin (BTC) no fundo soberano e destacou o apoio de figuras pró-cripto na administração. Ele afirmou que a inclusão do ativo seria “uma decisão sensata do ponto de vista de um gestor de fundos“.
Butterfill comparou a estratégia americana ao modelo da Noruega, que utiliza receitas do petróleo para fortalecer sua economia. “Os EUA poderiam se beneficiar de maneira semelhante ao investir em Bitcoin“, disse.
Volatilidade do Bitcoin (BTC) abalou o mercado nesta semana
A recente queda abrupta do Bitcoin abaixo de US$ 92.000 em 3 de fevereiro desencadeou uma liquidação de US$ 2,10 bilhões e alarmou investidores. Inicialmente, a retração foi atribuída à nova guerra tarifária anunciada por Donald Trump. Entretanto, crescem as preocupações de que a criptomoeda possa ter se aproximado de uma tendência de baixa.
O Bitcoin Archive destacou que mercados de alta anteriores atingiram o pico cerca de 330 dias após romper a máxima histórica anterior. O dia 4 de fevereiro marcou o dia 328.
Apesar da queda, o Bitcoin (BTC) mostrou resiliência e se recuperou após Donald Trump anunciar uma pausa nas tarifas para México e Canadá. O discurso de David Sacks contribuiu para trazer confiança ao mercado global.
O índice de Medo e Ganância, que caiu para 44 durante a turbulência, rapidamente subiu para 72 – uma reversão no sentimento do investidor.
Análises on-chain indicam que o mercado de alta ainda pode estar longe do seu pico. Dados da Glassnode mostram que as retrações do Bitcoin (BTC) têm sido absorvidas por forte demanda e sugerem uma possível “segunda fase eufórica“.
Historicamente, os ciclos do Bitcoin (BTC) mostram que os detentores de longo prazo realizam lucros antes do pico. Contudo, o atual ciclo ainda não atingiu esse estágio, o que pode indicar espaço para valorização adicional.
Projeções de analistas apontam para um preço entre US$ 160.000 e US$ 210.000 em 2025. Matthew Sigel, da VanEck, estima um pico de US$ 180.000, enquanto Tom Lee, da Fundstrat, sugere que o Bitcoin pode atingir US$ 250.000.
Ethereum (ETH) enfrenta desempenho inferior ao Bitcoin (BTC)
Enquanto o Bitcoin (BTC) atrai forte demanda institucional, o Ethereum (ETH) tem demonstrado desempenho inferior. A relação entre o valor do ETH e o BTC caiu para 0,028, seu menor nível em quatro anos.
A CryptoQuant aponta que o crescimento da oferta de Ethereum, atualmente a uma taxa de 5,4% ao ano, tem contribuído para essa desvalorização. “Embora possa parecer um aumento pequeno, foi significativo, pois o Ethereum deveria ser deflacionário após a atualização do Merge“, disseram os analistas da empresa.
Dados do Token Terminal indicam que o Ethereum caiu para a sexta posição em receita de taxas, atrás do USDC e Solana. Enquanto os ETFs de Bitcoin atraíram US$ 35,0 bilhões em entradas, os produtos baseados em Ethereum registraram apenas US$ 2,6 bilhões.
Pratik Kala, da Apollo Crypto, afirmou que o Ethereum “não possui catalisadores fortes para sustentar seu preço em relação ao Bitcoin“.
Internamente, o ecossistema Ethereum enfrenta desafios. A Ethereum Foundation tem sido alvo de críticas, enquanto atrasos na atualização Pectra preocupam investidores. Vitalik Buterin afirmou que a implementação dessas mudanças pode reverter a tendência de queda.
A longo prazo, o Ethereum precisa se reinventar para competir com o Bitcoin e outras redes emergentes. Enquanto isso, a liderança do Bitcoin como principal criptoativo segue incontestável.