Energia

Crise hídrica: Novas tarifas de energia pressionam IPCA; confira projeções

Nesta semana, a Aneel aprovou um aumento adicional no preço da energia, além de anunciar programas de incentivo à redução do consumo

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Por Ana Julia Mezzadri, da Investing.com – Nesta semana, a Aneel aprovou um aumento adicional no preço da energia, além de anunciar programas de incentivo à redução do consumo, na tentativa de conter os impactos da crise hídrica.

Ainda que um novo aumento no preço da energia fosse amplamente esperado pelo mercado, sua magnitude levou muitos analistas a aumentarem suas projeções para a inflação. O UBS elevou sua estimativa para o IPCA em 2021 para 7,6%, e pontuou que este impacto deve aparecer principalmente nos números de setembro, quando o índice pode alcançar 9,7% ano a ano, segundo o banco.

Para a taxa Selic, o banco projeta 8,25% em dezembro, considerando a inércia da inflação de curto prazo, o consenso para 2022 e o risco de o Banco Central revisar sua projeção para o PIB de 2021 em seu relatório de inflação do terceiro trimestre.

Já o Itaú BBA vê o IPCA em 7,7% em 2021, contra projeção anterior de 6,9%. Para 2022, a projeção do banco fica em 3,9%, considerando um cenário de certa normalização nas chuvas e bandeira tarifária vermelha 1 em dezembro de 2022. “O balanço de riscos aponta para uma composição de inflação pior, com mais pressão em preços livres e potencialmente menos em preços administrados”, ressalta o banco.

O aumento no preço da energia, que entrou em vigor na quarta-feira (1), foi de R$ 14,20 por cada 100 kw/h. Esta alta, na projeção da Aneel, deve durar até abril de 2022.  

Na visão do BTG Pactual, sem medidas de mitigação por parte da Aneel, o aumento das tarifas alcançaria 16,68% em 2022. A adoção de medidas como o uso de recursos da privatização da Eletrobras (SA:ELET3), o menor serviço de dívida da Itaipu, o fim do Proinfa e o adiamento de pagamentos da Itaipu e da Parcela B, porém, deve fazer com que a alta das tarifas em 2022 seja reduzida para 10,74%, segundo o banco.

Mesmo que parte do mercado e, principalmente o governo, apontem a falta de chuvas como causa do novo aumento, o UBS argumenta que os reservatórios têm operado em níveis baixos desde meados da década de 2010. Além disso, o banco aponta que o primeiro e o quarto trimestre do ano são os mais relevantes para reabastecer os reservatórios, sendo os mais chuvosos.

Assim, o banco cita como principais causas por trás do aumento de tarifas o uso intensivo de plantas de energia hidroelétrica, mais barata, em vez de fontes mais caras, como térmicas, desde os anos 2010; e o fato de a oferta não ter acompanhado a alta da demanda nos últimos anos. 

O BTG, por sua vez, menciona as limitações na capacidade de transferência de energia do Nordeste, onde a produção de energia renovável está concentrada, para o Sudeste, que mais tem sofrido com a crise, como uma das causas. O banco aponta que diversas iniciativas têm sido tomadas para lidar com esse problema, além de mencionar a importação de energia da Argentina e do Uruguai e o início de operação de novas plantas térmicas.

Os riscos de uma situação ainda mais grave, em que os reservatórios atinjam níveis abaixo de 10%, “não são insignificantes, mas também não são muito grandes”, segundo o UBS. Nesta análise, porém, o banco considera que as plantas termelétricas sigam operando em capacidade máxima até abril. Caso o governo opte por diminuir a operação, ressalta o UBS, as chances saltam para 33%.

O Itaú BBA, por sua vez, aponta que o cenário deve seguir desafiador, com chuvas ainda abaixo da média e reservatórios em níveis historicamente baixos. A estimativa do banco é que o nível agregado de reservatórios ao final de novembro esteja em 21%, contra 24% na projeção anterior.

Além disso, BBA enxerga que a probabilidade de racionamento aumentou, de 5% para 10%, sendo uma nova temporada de chuvas abaixo da média o maior risco. O banco alerta ainda para a possibilidade de de perda de potência ou apagões nos próximos meses.

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