Mercado financeiro

Destaques: pandemia acelera no Brasil e autoridades econômicas dos EUA falam ao Congresso

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Por Peter Nurse e Ana Carolina Siedschlag, da Investing.com – Representantes do Congresso brasileiro, da indústria e do varejo, além de outros segmentos, lutam para acelerar a vacinação e medidas de combate ao vírus no país, enquanto o MPF alerta para falta de oxigênio em vários estados.

O testemunho do presidente do Fed, Jerome Powell, e da secretária do Tesouro, Janet Yellen, ao Congresso deve ser o foco principal dos mercados internacionais na terça-feira.

Os casos crescentes de Covid-19 na Europa, resultando na extensão de restrições de mobilidade pela Alemanha, estão pressionando os preços do petróleo e as ações.

Os mercados turcos permanecem voláteis após o afastamento do governador do banco central pelo presidente Erdogan, enquanto as dúvidas sobre a vacina da AstraZeneca reaparecem.

Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros na terça-feira, 23 de março.

1. Brasil luta contra a pandemia

Os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) se reuniram ontem com representantes dos hospitais Albert Einstein, Sírio-Libanês e das redes Amil e Dasa (SA:DASA3), além de empresários como Abílio Diniz de Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco (SA:BBDC4), para tratar sobre medidas de combate à pandemia, relatou o jornal Folha de S. Paulo.

Segundo a matéria, eles devem apresentar hoje ao deputado Doutor Luizinho (PP-RJ), ainda aventado como possível novo ministro da Saúde, uma carta com propostas para direcionar o combate à pandemia.

Enquanto isso, o Ministério Público Federal, que havia enviado um ofício ao Ministério da Saúde na noite de sexta-feira (19) alertando que os municípios de Rondônia e do Acre poderão sofrer desabastecimento de oxigênio medicinal a partir de amanhã, mandou novo ofício sobre risco de insuficiência no Amapá, Paraíba e outros estados do Nordeste.

O alerta acontece após reunião com a White Martins, uma das principais produtoras de oxigênio medicinal do país.

2. Powell e Yellen enfrentam o Congresso

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, devem iniciar o testemunho de dois dias antes do Congresso na terça-feira, em frente ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara. Eles vão discutir a saúde da economia dos EUA e a importância dos estímulos fiscais e monetários na recuperação da pandemia.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA subiram para os níveis mais altos em mais de um ano, com os mercados financeiros apostarando em uma recuperação mais rápida do país. E a dupla provavelmente receberá muitas perguntas de um Congresso profundamente dividido politicamente sobre se esses rendimentos continuarão a subir em meio a temores de superaquecimento da economia.

No entanto, a julgar por trechos divulgados de seu depoimento pré-redigido, Powell vai reiterar o plano do banco central de apoiar a recuperação "pelo tempo que for preciso", já que a economia permanece abaixo dos níveis pré-pandêmicos. Em particular, o mercado de trabalho continua sendo uma preocupação para o Federal Reserve, com a taxa de desemprego e a taxa de participação no trabalho ainda lentos.

Yellen disse repetidamente nos últimos dois meses que os EUA podem se dar ao luxo de tomar mais empréstimos com taxas de juros historicamente baixas e que, embora o nível da dívida seja grande, o custo do serviço dessas obrigações é o mesmo de 2007.

3. Vacina da AstraZeneca enfrenta restrições

Os executivos da AstraZeneca (NASDAQ:AZN) (SA:A1ZN34) devem ter sentido que finalmente conseguiram uma pausa na segunda-feira, depois que dados de um grande teste nos EUA mostrarem que a vacina contra a Covid-19 se mostrou 79% eficaz em geral e 100% eficaz na prevenção de doenças graves e hospitalizações.

Após isso, no entanto, uma agência de saúde dos EUA questionou se a empresa teria fornecido uma visão completa dos dados de eficácia, lançando dúvidas sobre o plano para solicitar autorização de uso de emergência nos EUA para a vacina nas próximas semanas.

O Data Safety Monitoring Board "expressou preocupação de que a AstraZeneca possa ter incluído informações desatualizadas desse ensaio, o que pode ter fornecido uma visão incompleta dos dados de eficácia", disse o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA em comunicado.

A vacina da AstraZeneca tem sido perseguida por dúvidas sobre a eficácia, regime de dosagem e possíveis efeitos colaterais. Muitos países europeus, incluindo Alemanha e França, suspenderam o uso da vacina no início deste mês, depois de relatos relacionarem a dose a um raro distúrbio de coagulação do sangue.

4. Ações devem abrir mistas; Europa se precoupa com Covid

Os mercados de ações dos EUA devem abrir em queda nesta terça-feira, com investidores aguardando comentários de Powell e Yellen no Congresso.

Apenas os futuros do Dow Jones caíam, enquanto os futuros do S&P 500 e do Nasdaq 100 avançavam 0,13% e 0,8%, respectivamente. Já o EWZ, ETF que replica o Ibovespa em Wall Street, tinha queda de 0,98% na pré-abertura.

A terça-feira marca o aniversário de um ano do caos do mercado de 2020, quando a pandemia fez com que as ações despencassem. Desde aquela mínima intradiária, tanto o S&P 500 e o Dow Jones Industrial Average avançaram 80%, enquanto o Nasdaq Composite ganhou mais de 90%.

As perdas esperadas para hoje em Wall Street seguem a fraqueza na Europa, com as ações europeias recuando de um pico de um ano, uma vez que a nova onda de casos de coronavírus e uma extensão do lockdown na Alemanha aumentaram os temores de uma lenta recuperação econômica.

Além disso, as ações turcas continuaram caindo, com o índice principal perdendo 7% depois que o presidente Tayyip Erdogan demitiu abruptamente o governador do banco central hawkish no fim de semana e instalou um crítico da postura monetária restrita do país. A moeda, a lira, também está volátil, mas recuperou algumas das perdas acentuadas de segunda-feira.

5. Petróleo atingido pelas restrições contra o coronavírus na Europa

Os preços do petróleo caíam na terça-feira em meio a preocupações crescentes de que uma explosão de casos da Covid-19 na Europa desacelerará a recuperação da demanda, especialmente antes da temporada de turismo de verão.

Os futuros do WTI caíam 3,85%, a US$ 59,19 o barril, enquanto os futuros do Brent recuavam 3,98%, para US$ 62,05 o barril.

Em mais um golpe para a indústria do turismo, multas de 5.000 libras serão introduzidas para os ingleses que tentarem viajar para o exterior antes do final de junho, em um aperto nos controles de fronteira do país.

Do lado da oferta, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) se reunirá no dia 1º de abril para definir a política de produção para maio.

“A oscilação do mercado dará à OPEP+ algo em que pensar antes de sua reunião”, disseram analistas do ING, em relatório. “Claramente, antes da recente pressão de baixa, as expectativas eram de que a OPEP+ começaria a aliviar os cortes. No entanto, o grupo pode estar mais hesitante em fazê-lo agora, especialmente se o sentimento não mudar antes da reunião. “

Os dados de estoque de petróleo bruto dos EUA do órgão da indústria, o American Petroleum Institute, serão divulgados na terça-feira.

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