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Nos próximos dias, saem os dados da inflação no Brasil e nos Estados Unidos e grandes bancos norte-americanos divulgam seus resultados referentes ao quarto trimestre

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Por Noreen Burke e Leandro Manzoni, da Investing.com – Essa é a semana de inflação no Brasil e nos Estados Unidos. O chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, e a vice-presidente da instituição, Lael Brainard, vão ser sabatinados no Congresso dos EUA na terça e na quinta-feira.

A semana marca também o início do quarto trimestre de temporada de resultados nos EUA, com vários grandes bancos divulgando seus resultados na sexta-feira. A volatilidade deve continuar elevada nos mercados de ações depois de um início agitado em 2022, enquanto o Bitcoin continua sob pressão.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana:

1. Dados da inflação

A inflação foi um dos temas dominantes dos mercados financeiros nacional e global em 2021.

Essa semana saberemos os números finais de alta dos preços no Brasil e nos EUA ano passado.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) será divulgado na quarta-feira (12).

A expectativa do mercado é de uma desaceleração dos preços em dezembro, estimada em alta de 0,65% pelos economistas em relação ao mês anterior, que registrou elevação de 0,95%.

Já a projeção para 2021 está em 9,97%, o que também seria uma desaceleração em relação à alta do IPCA em 12 meses registrado em novembro (10,74%).

Será a maior taxa de inflação anual desde 2015, quando fechou em 10,67%. O IPCA de 2021 rompeu o limite superior de 1,5 ponto percentual da meta de inflação do ano passado (3,5%).

Também serão conhecidos, na semana, os números referentes a novembro do setor de serviços (quinta-feira) e vendas no varejo (sexta-feira).

Nos EUA, os dados da inflação dos preços ao consumidor, que serão divulgados na quarta-feira, devem indicar que o IPC superou 7% nos últimos 12 meses, se aproximando rapidamente do maior nível em quatro décadas – com o núcleo subindo bem acima dos 5% ao ano.

Os dados de inflação dos preços ao produtor no dia seguinte também deverão apresentar um aumento.

Os números da inflação provavelmente irão destacar o porquê do Federal Reserve (Fed) poder iniciar o seu ciclo de aumento dos juros já em março.

Reforçando o argumento a favor de um aperto mais rápido está o relatório de emprego de sexta-feira, que indicou que o mercado de trabalho está no pleno emprego, ou próximo a ele.

De acordo com o Monitor da Taxa de Juros do Federal Reserve, a possibilidade do primeiro aumento de 0,25 ponto percentual a ser realizado em março está em 69,5%, contra 24,1% com a possibilidade de manutenção. A próxima reunião do Fed ocorre em 26 de janeiro.

Enquanto o crescimento do emprego foi decepcionante em dezembro, a taxa de desemprego despencou para o menor nível em 22 meses, e os salários aumentaram de maneira sólida.

Os dados relativos à inflação serão acompanhados dos relatórios de dezembro para vendas do varejo e produção industrial de sexta-feira.

2. Testemunho de Powell

O Presidente do Fed, Jerome Powell, deverá testemunhar na terça-feira perante o Comitê Bancário do Senado, em uma audiência para confirmar a sua nomeação para um segundo mandato de quatro anos como chefe do banco central dos EUA, enquanto a Governadora da instituição, Lael Brainard, deverá comparecer perante o mesmo comitê dois dias depois, para uma audiência de confirmação da sua nomeação como vice-presidente.

Vários dirigentes do Fed também devem fazer aparições durante a semana, incluindo Esther George, James Bullard, Loretta Mester, Charles Evans, Thomas Barkin e John Williams.

Seus comentários serão acompanhados com atenção na sequência da ata do Fed da semana passada, que indicou que um mercado de trabalho "muito apertado" e uma inflação elevada poderão forçar os dirigentes a elevarem as taxas de juros mais cedo que o esperado.

3. Balanços

A temporada de balanços começa a todo vapor na próxima sexta-feira, com os investidores olhando para os resultados do quarto trimestre de diversos grandes bancos, incluindo JPMorgan Chase (NYSE:JPM) (SA:JPMC34), Citigroup (NYSE:C) (SA:CTGP34) e Wells Fargo (NYSE:WFC) (SA:WFCO34) antes da abertura do mercado na sexta-feira.

Os aumentos maciços dos lucros das empresas dos EUA ajudaram a alimentar o ganho de 27% no S&P 500 em 2021, mas as companhias provavelmente terão dificuldades para registraram números parecidos no quarto trimestre.

Espera-se que os lucros das empresas do S&P 500 saltem 22,3%, segundo dados do Refinitiv citados pela Reuters – um aumento sólido, embora ainda a um ritmo mais lento do que foi observado no três primeiros trimestres de 2021.

Os investidores estarão ansiosos para ouvir a respeito da inflação, e se as empresas acreditam que a crise da cadeia de fornecimento que ajudou a impulsionar os preços no ano passado irá diminuir nos próximos meses, além das previsões para 2022.

No Brasil, quinta-feira será conhecido o resultado do terceiro trimestre fiscal da Camil (SA:CAML3).

O consenso é de um lucro por ação (LPA) de R$ 0,2324 e uma receita de R$ 1,7 bilhão no período, uma desaceleração do período anterior, quando o LPA foi de R$ 0,29 e o faturamento de R$ 2,22 bilhões.

As ações da produtora de alimentos fecharam em alta de 0,28% a R$ 10,92 na sexta-feira.

4. Volatilidade deve continuar

As indicações de que o Fed está pronto para elevar os juros mais rápido do que se previa para combater a escalada da inflação agitou os mercados na primeira semana de 2022, sendo que esta volatilidade parece ter tudo para continuar.

Na semana passada, o índice Dow Jones caiu 0,3%, o S&P 500 recuou 1,9% e o Nasdaq caiu 4,5%, enquanto o rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos dos EUA, título de referência, disparou para uma máxima em dois anos na sexta-feira com as perspectivas de um aumento das taxas de juros por parte do Fed.

"O sentimento ficou negativo", disse Jake Dollarhide, diretor executivo da Longbow Asset Management, de Tulsa, Oklahoma. "Neste momento, o mercado está nervoso e disposto a vender na primeira indicação de más notícias".

Os investidores vêm saindo das ações de crescimento, com forte participação de ativos do setor de tecnologia, e migrando para ações mais voltadas para valor, que acreditam poderem apresentar um melhor desempenho num ambiente com taxas de juros elevadas.

Os crescentes casos da variante ômicron do coronavírus também contribuíram para o humor de aversão ao risco nos mercados.

5. Bitcoin

O Bitcoin tem estado sob pressão desde o início do ano novo, caindo para o seu nível mais baixo desde o fim de setembro, em meio a uma liquidação difundida entre as criptomoedas motivado por preocupações em torno da perspectiva de um Fed mais hawkish.

A maior criptomoeda do mundo em termos de valor de mercado caiu mais de 40% desde que atingiu a máxima histórica de US$ 69.000 em novembro, motivado pelas expectativas de que o banco central dos EUA elevará as taxas de juros antes do esperado.

Uma ação de política monetária mais agressiva por parte do Fed enfraqueceria o apetite dos investidores por ativos mais arriscados.

"Estamos vendo uma aversão mais generalizada ao risco em todos os mercados atualmente, pois as preocupações com a inflação e o aumento dos juros parecem ser prioridade na mente dos especuladores", disse Matthew Dibb, COO da plataforma de criptoativos Stack Funds, de Singapura, à Reuters.

"A liquidez no BTC tem sido bastante reduzida em ambos os lados e há o risco de um recuo para a faixa intermediária dos 30 mil a curto prazo."

O Bitcoin também sofreu uma pressão descendente devido à queda abrupta do poder computacional global de sua rede na semana passada, após a suspensão da internet no Cazaquistão em meio a uma revolução, que atingiu a sua indústria de mineração de criptomoedas, em franca expansão.

Mas, o bitcoin se recuperou neste domingo, com alta de 4,19% a US$ 42.536 nas últimas 24 horas, após ficar abaixo de US$ 41 mil no sábado.

Com informações de Reuters.

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