Segundo a XP

Petrobras: Temores de preços de combustíveis e greve podem ser exagerados

- Arquivo/Agência Brasil
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Por Ana Julia Mezzadri, da Investing.com – O noticiário não tem sido positivo para a Petrobras: riscos envolvendo a política de preços de combustíveis e uma possível greve de caminhoneiros ameaçam a estatal, que fechou o pregão da quarta-feira (13) em forte queda de 4,83%. Para a XP, no entanto, os temores podem ser exagerados.

A corretora tem recomendação de compra para as ações da Petrobras, com preço-alvo de R$ 35 tanto para a ação PN (SA:PETR4) quanto para a ON (SA:PETR3). Por volta das 12h30, PETR4 era negociada em alta de 0,96%, a R$ 29,43, e PETR3 tinha baixa de 0,61%, a R$ 29,92. O Ibovespa, por sua vez, operava em alta de 0,96%, a 123.108 pontos.

Recentemente, a Associação Brasileira dos Importadores Independentes de Combustíveis (ABICOM) registrou uma reclamação no Cade alegando que a Petrobras está praticando preços predatórios nas refinarias, abaixo dos níveis de paridade de importação.

No entanto, a XP nota que, ainda que os preços de combustíveis da Petrobras estejam abaixo das referências internacionais, isso só aconteceu a partir de 7 de janeiro, “o que não acreditamos ser um período significativo para formar conclusões sobre a política de preços da Petrobras”, diz a corretora. Além disso, nesse mesmo período foram observadas uma elevada volatilidade no câmbio e uma rápida alta nos preços do petróleo.

Há ainda o temor de uma potencial greve de caminhoneiros em 1 de fevereiro. O presidente da Associação Nacional do Transporte Autônomo do Brasil (ANBT) tem manifestado insatisfação a respeito dos preços do diesel, do preço mínimo do frete e outras questões.

A última greve de caminhoneiros, em maio de 2018, foi um dos períodos mais desafiadores da história da companhia. Alguns resultados do movimento foram a renúncia do então CEO, Pedro Parente, e a implementação de uma política de subsídios para os preços do diesel. As ações caíram 32% uma semana após o início da greve.

Sobre isso, a XP diz que órgãos do governo como o Ministério da Infraestrutura, que mantém contato com a categoria profissional, assim como a Confederação Nacional dos Transportes, não identificaram grandes riscos de greve. A corretora diz ainda ter ouvido fontes que questionam a capacidade da ANTB de convocar uma paralisação.

A equipe de análise política da XP destaca que as reclamações mais relevantes dos representantes dos caminhoneiros são relacionadas ao Projeto de Lei BR do Mar, ao fim das isenções fiscais para determinados projetos agrícolas e a pedágios e cobranças de taxas.

Riscos: pior cenário

Por fim, a corretora lista quais seriam, na sua visão, os principais riscos para a estatal. Nesse sentido, o “cenário de estresse” desenhado pela XP envolveria: preços de gasolina e diesel nos níveis atuais nos próximos dois anos, seguidos de retorno da política de paridade de preços em relação às referências internacionais; a empresa como única a suprir a demanda de combustíveis no Brasil e única importadora do mercado; taxas de utilização em 97% em 2021-22; redução dos múltiplos EV/Ebitda para 4,5x; e diferentes níveis de câmbio e preços de petróleo.

Nesse cenário, a XP avalia possibilidade de queda de 21% sobre os atuais níveis de câmbio e preço de petróleo e que as ações da Petrobras não deveriam ter comportamento cíclico a preços de petróleo, pois maiores resultados na divisão de exploração e produção seriam compensados por piores resultados em refino.

O cenário, no entanto, tem pouca chance de ocorrer, segundo a XP, visto que uma eventual interferência do governo na política de preços da Petrobras abalaria a agenda econômica e representaria riscos ao processo de desinvestimento das refinarias da companhia, importante para garantir a segurança energética do Brasil na próxima década.

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