Por Geoffrey Smith, da Investing.com – Os preços do petróleo caíam na sexta-feira (16), mas ficaram confortavelmente acima de US$ 60 o barril, com o mercado aparentemente se acomodando em uma nova faixa devido aos fortes números econômicos dos EUA e da China nesta semana.
O produto interno bruto da China cresceu um recorde de 18,3% com relação ao ano anterior no primeiro trimestre, um número que foi amplamente inflado pela paralisação abrangente da economia no ano passado na primeira onda da pandemia. Em termos trimestrais, os números foram menos impressionantes, com o PIB crescendo apenas 0,6% – menos do que o esperado. Mesmo assim, as vendas no varejo e os investimentos em ativos fixos tiveram forte desempenho em março.
Os números vieram um dia depois dos dados de vendas no varejo dos EUA para março, que mostraram uma falta de contenção por parte das famílias americanas, uma vez que a última rodada de cheques de estímulo chegou às contas em todo o país. Os dados de pedidos de seguro-desemprego e, no início da sexta-feira, de novas moradias e licenças de construção para março também sustentaram a confiança em uma perspectiva de melhoria para a demanda por petróleo.
"As medidas de estímulo, no valor de US$ 16 trilhões de acordo com o FMI, respondem por 15% do PIB global, apoiando a economia mundial e, portanto, a recuperação da demanda de petróleo", disseram analistas da Petrologica em um briefing semanal. "Continua a haver risco de queda na demanda por mutações do vírus, embora haja potencial de aumento se os analistas estiverem subestimando o nível de demanda reprimida."
Às 13h51 (horário de Brasília), os futuros do petróleo dos EUA caíam 0,36%, a US$ 63,23 o barril, enquanto os futuros do Brent, a referência global, caíam 0,09%, a US$ 66,88 o barril. As quedas representam a realização de lucros no final de uma semana em que ambos os contratos subiram quase 5%.
Os preços têm sido negociados consistentemente acima de US$ 60 desde que a Opep e a Agência Internacional de Energia revisaram suas previsões para a demanda mundial neste ano em seus respectivos relatórios mensais desta semana. O mercado ignorou – em grande parte – as evidências de que a pandemia continuará a pesar visivelmente sobre a demanda em grande parte do resto do mundo fora das duas maiores economias. Dados da Índia na sexta-feira mostraram que a demanda por gasolina, querosene de aviação e gás liquefeito de petróleo despencou na primeira quinzena de abril sob o peso da disseminação de bloqueios para conter as taxas de infecção. A demanda por gasolina caiu 5% e a demanda por diesel caiu 3% em relação a março, de acordo com a Argus Media.
A Índia, o segundo maior importador líquido de petróleo do mundo, relatou 217.000 novos casos de Covid-19 na quinta-feira, um novo recorde.