Crédito Estruturado

Projeções para o crédito estruturado em 2024

Entenda quais são as perspectivas para a modalidade com a nova regulamentação

Perspectivas para o crédito estruturado em 2024: uma análise profunda das projeções e tendências para esse mercado em constante evolução - Unsplash
Perspectivas para o crédito estruturado em 2024: uma análise profunda das projeções e tendências para esse mercado em constante evolução - Unsplash

O panorama do mercado financeiro é intrinsecamente dinâmico, sujeito a oscilações e adaptações conforme as conjunturas  econômicas e regulatórias. 

No Brasil, o segmento de crédito estruturado emergiu como um dos pilares de investimento, já que ele oferece alternativas que conjugam retorno financeiro e gestão de risco. 

Diante das experiências do ano anterior e com os desafios estabelecidos, é pertinente analisar as projeções para o crédito estruturado em 2024.

Para Fábio Murad, sócio-diretor da Ipê Avaliações, "com a atual tendência de queda nas taxas de juros, esse mercado surge como uma arena promissora para empresas que buscam recursos mais acessíveis".. 

Na visão do executivo, o cenário oferece oportunidades estratégicas, e permite que as empresas aprimorem suas estratégias de financiamento e reduzam seus custos associados. 

“Ao mesmo tempo, os investidores encontram uma alternativa atrativa, mais que as tradicionais opções de investimento como Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) oferecidos por bancos e corretoras de valores convencionais”, opinou Murad.

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Resiliência em meio a crises: um olhar retroativo

O ano de 2023 foi marcado por turbulências no mercado financeiro, especialmente evidenciadas pela crise enfrentada por empresas de destaque como Americanas (AMER3) e Light (LIGT3). 

Essa conjuntura impactou significativamente as emissões de títulos mais líquidos, como debêntures e notas comerciais, por exemplo, que sofreram uma queda superior a 20%. 

Contudo, os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) revelaram que o crédito estruturado demonstrou maior resiliência, com uma redução menos acentuada, em torno de 13%.

A capacidade do crédito estruturado de enfrentar crises com maior solidez não passou despercebida pelos agentes do mercado. 

A plataforma EQI, por exemplo, estruturou  R$ 1,2 bilhão em 23 emissões de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) ao longo do ano anterior. 

Novos ventos regulatórios e suas implicações

As mudanças no panorama regulatório também moldam as expectativas para o crédito estruturado em 2024. O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou alterações significativas, especialmente no que diz respeito às Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e de Letras de Crédito ao Agronegócio (LCA). 

As novas regras ampliam os prazos de carência e impõem restrições às emissões, o que exige uma paciência de 9 a 12 meses dos investidores para obter liquidez diária nesses produtos. Tais medidas visam controlar o mercado de papéis com incentivos fiscais, que atingiu a marca de R$ 1 trilhão, e prevenir desvios de finalidade, além de fortalecer os setores do agronegócio e imobiliário.

Além disso, o CMN promoveu mudanças que afetam não apenas LCIs e LCAs, mas também CRAs e CRIs, que visam fomentar esses segmentos.

Restrições de lastro e o aumento do prazo mínimo de vencimento para LCIs e LCAs são algumas das medidas adotadas, que impactam na composição da reserva financeira dos investidores. 

Essas mudanças, embora representem um ajuste no mercado, podem direcioná-los para alternativas mais sofisticadas de renda fixa.

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Perspectivas e tendências para 2024

Com a queda da taxa básica de juros (Selic), os investidores estão cada vez mais ávidos por opções na renda fixa que ofereçam retornos atrativos. 

Nesse contexto, as LCIs e LCAs, apesar de terem sua liquidez comprometida pelas novas regulamentações, ainda se destacam como opções viáveis, especialmente para aqueles que buscam maior estabilidade e previsibilidade.

Entretanto, espera-se que as alterações regulatórias impulsionem uma busca por alternativas mais complexas, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). 

Embora esses instrumentos ofereçam isenção fiscal, é importante ressaltar que não contam com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o que demanda uma análise mais criteriosa por parte dos investidores.

Além disso, com a contínua inovação tecnológica, espera-se que o processo de obtenção de crédito estruturado se torne mais eficiente e amigável ao usuário até 2024. Isso se deve à adoção de tecnologias como blockchain, inteligência artificial (IA) e análise de big data.

À medida que adentramos o ano de 2024, o mercado de crédito estruturado se apresenta como um campo fértil de oportunidades e desafios. 

A resiliência demonstrada frente às crises anteriores, aliada às mudanças regulatórias promovidas pelo CMN, delineia um cenário no qual os investidores buscam alternativas que combinem rentabilidade e segurança.

Nesse contexto, as instituições financeiras e gestoras de investimentos têm o desafio de adaptar suas estratégias para atender às demandas de um mercado em constante evolução.

A diversificação dos emissores, a ampliação das operações e a busca por instrumentos mais sofisticados são tendências que moldarão o panorama do crédito estruturado no ano ao se consolidar sua posição como uma das principais modalidades de investimento no Brasil.

“A estrutura desses instrumentos de crédito permite uma eficaz diversificação das carteiras de investimento e atendem à busca por retornos mais substanciais. Esta dinâmica favorece um ambiente mais competitivo e inovador, que estimula a alocação inteligente de recursos pelos investidores e promove o crescimento econômico”, finaliza Murad.

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