O fim de setembro já deu uma prévia: tanto temas internacionais quanto questões externas devem trazer bastante volatilidade para o Ibovespa, o principal índice acionário da bolsa brasileira, em outubro. Essa é a aposta de Bruno Komura, analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos.
“A bolsa deve continuar rondando esse patamar até o final do ano”, afirma. “Chegando perto dos 90 mil pontos nas quedas e batendo 105 mil pontos nas máximas”.
No exterior, os olhos se voltam para as eleições norte-americanas, disputadas em novembro entre o atual presidente Donald Trump e o democrata Joe Biden. Para o analista, o primeiro debate, no começo da semana, foi apenas o começo de uma campanha intensa, que deve mexer com os mercados.
“Na Europa, temos o Brexit, mas isso não deve influenciar tanto”, afirma Komura. “Agora há a preocupação com a segunda onda de covid-19, com muitas regiões voltando ao isolamento”. A alta nos casos do novo coronavírus pode afetar o ritmo da retomada econômica e trazer cautela aos investidores.
Em Brasília
Mas o que tem pressionado o Ibovespa para baixo nos últimos pregões é o cenário interno. A apresentação do novo programa social Renda Cidadã, a ser financiada pelo valor destinado a precatórios e parte do Fundeb, fundo para a educação básica, foi mal recebida pelo mercado.
“Isso agrava a questão fiscal”, conta Bruno Komura. “E isso não vai ser resolvido facilmente”. O gestor cita que a sinalização do governo, por enquanto, é de que o teto de gastos pode não ser respeitado — e isso deve continuar pesando para a bolsa no mês de outubro.
“Ainda há a reforma tributária, necessária e que ainda está longe do consenso”, lembra o especialista. A primeira parte foi entregue pelo governo federal, mas a apresentação do resto da proposta foi adiada para depois das eleições municipais.
O que fazer?
Com o cenário ainda bastante nebuloso, Bruno recomenda uma carteira defensiva para navegar no mercado brasileiro. “A diversificação é importante, pois, apesar da renda fixa estar pagando mal, é onde há segurança”.
Uma parte do portfólio na bolsa é importante para não ficar de fora de oportunidades, como os bons preços dos ativos com as quedas no pico da pandemia. “Uma carteira com boas empresas e com foco no futuro é a chave para que tenhamos recuperação após esse momento de incerteza”, diz o analista.