Queda de ações

Tese de Investimento - Cielo: Mais quedas ou o pior já ficou para trás?

Desde o início do ano, as ações da empresa caíram quase 35%

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Por Ana Julia Mezzadri, da Investing.com – Os últimos tempos não têm sido nada fáceis para a Cielo (SA:CIEL3), e suas ações estão praticamente em queda livre. Os motivos variam: a concorrência aumentou, diversas inovações tecnológicas chegaram ao mercado, como o Pix e o WhatsApp Pay, e a companhia parece estar ficando para trás.

Nesta sexta-feira (22), a ação fechou o pregão em alta de 4,66%, a R$ 2,47, surfando na onda positiva do Ibovespa, que terminou o dia em alta de 2,28%, aos 108.714,55 pontos.

Desde o início do ano, as ações da Cielo caíram quase 35%. Desde 2015, a queda do papel foi de mais de 86%.

O que vem ocorrendo com a Cielo, então, não é nada novo.  “Houve o fim do monopólio. Antes existia a obrigatoriedade de exclusividade de uma bandeira com uma adquirente. Isso foi quebrado em 2015, e foi nesse momento que muitas empresas começaram a entrar no mercado, como a Stone (NASDAQ:STNE) (SA:STOC31) e a PagSeguro (NYSE:PAGS) (SA:PAGS34). Com isso o mercado começou a ficar bastante competitivo”, explica Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama Investimentos.

Com o aumento da concorrência, a Cielo vem apresentando dificuldades em termos de inovação. “Vemos algumas tentativas dela de buscar outros negócios para voltar a ser lucrativa e rentável como foi no passado, mas ela não consegue. O setor está supercompetitivo, hoje as maquininhas viraram praticamente uma commodity. Além disso, ela ainda tem dois controladores que acabam dificultando bastante as coisas”, completa Fabiano Vaz, analista da Nord Research.

Vaz se refere ao Bradesco (SA:BBDC4) e ao Banco do Brasil (SA:BBAS3), acionistas majoritários da companhia. Nesse cenário de mudanças rápidas, o fato de a empresa ser controlada por dois bandos tradicionais afeta sua velocidade de inovação.

“Nunca é só um fator que explica o desempenho de uma companhia. Falamos de competição, regulação, do planejamento interno e da execução desse plano. Um ponto que o mercado discute o tempo todo é a gestão compartilhada de Banco do Brasil e Bradesco, que prejudica a tomada de decisão, a velocidade e a agilidade”, complementa Hugo Queiroz, diretor do TC Matrix.

Em meio a toda essa turbulência, surgiram rumores recentemente sobre um possível fechamento de capital da empresa. A Cielo desmentiu os boatos, mas a notícia falsa conseguiu fazer peso sobre as ações. Ainda que o fechamento de capital possa ser uma possibilidade interessante, nenhum dos analistas consultados aposta que isso aconteça em um futuro próximo.

Bull case: a tese de alta

Ainda que o cenário pareça desastroso, há quem acredite que nem tudo está perdido para a Cielo e, talvez, o pior já tenha ficado para trás. 

Queiroz explica: “Quando olhamos para o papel, o fundamento e os últimos trimestres de entrega, dá para começar a discutir se o pior já passou. O risco x retorno começa a parecer mais convidativo do que era no passado recente. Para o curto prazo eu enxergo que um potencial de upside de cerca de 50% é factível, pelo que a companhia está começando a mostrar de reviravolta em sua performance.”

Bear case: a tese de baixa

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Mas nem todo mundo está otimista. Mesmo que a empresa ainda tenha uma grande fatia do mercado, ela tem uma lucratividade muito baixa em relação ao que tinha no passado. E mesmo que os resultados reportados nos últimos trimestres pela Cielo continuem sendo interessantes, as incertezas sobre o futuro da companhia devem ser consideradas na hora de tomar uma decisão de investimento.

“Tem a questão de futuro, de ver se eles vão conseguir manter até mesmo essa estrutura que têm atualmente, que já é bastante deteriorada em relação ao que era. Se eles conseguirem manter esse nível de lucratividade, já seria ótimo. Eu acho que o mercado duvida muito que isso aconteça, se não o preço da ação não estaria no patamar que está hoje”, explica Soares.

Fabiano Vaz também se encontra do lado mais pessimista da análise: “Não acho a perspectiva boa para a empresa, e as ações acabam sendo reflexo do que ela vem sofrendo desde 2016. Desde que ela perdeu o monopólio que tinha, não vimos ela se transformar e dar a volta por cima.”

Até Hugo Queiroz, mais otimista com o papel, faz um alerta: “Os meios de pagamento têm se transformado rapidamente, e isso é um risco adicional à Cielo. Se ela não se movimentar em termos de tecnologia e evolução, o downside pode aumentar. Se ela não seguir investindo e não seguir a tendência de trazer novas propostas, aumenta a chance de perder atratividade.”

E aí, o que você acha? A Cielo deve continuar em queda livre ou o pior já ficou para trás? Siga o Investing.com Brasil nas plataformas de streaming para acompanhar a nossa cobertura completa das empresas listadas nos nossos podcasts.

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